01/04/97 |

Brasil pode ajudar a vencer a fome na África

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O prêmio Nobel da Paz de 1970, Norman Borlaug, disse que o Brasil e a tecnologia agropecuária desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, podem dar uma grande contribuição para evitar que todo o continente africano se torne, num futuro próximo, um grande Ruanda e Burundi.

Borlaug explicou que, nos últimos anos, enquanto a população africana tem crescido a uma taxa de 3% ao ano, a produção agrícola aumenta em 2% ao ano. Cada vez há menos comida, para mais pessoas.

Esse quadro de deficiência em alimentos só poderá ser mudado, afirma o prêmio Nobel da Paz, se houver ajuda internacional pois "não há pesquisa agropecuária e não há gente preparada para ensinar à população as novas tecnologias."

Enquanto as agências internacionais de financiamento, como o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento, e órgãos como a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação - não se engajam para criar um grande programa multinacional, Borlaug, que preside uma pequena organização não-governamental, a Sasakawa Africa Association, quer desenvolver programas piloto de cooperação com a Embrapa em Moçambique, para a transferência da tecnologia e treinamento de técnicos agrícolas moçambicanos no Brasil.

O presidente da Embrapa, Alberto Duque Portugal, disse que pesquisadores da Empresa já estiveram naquele país africano e identificaram boas possibilidades para programas em milho, arroz e mandioca. Extensionistas de Moçambique estão sendo treinados na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, MG.

Borlaug está interessado em milho de alta qualidade proteica, que supre parte das proteínas que são absorvidas da carne e do leite pelo homem e outros animais monogástricos, como suínos, aves, peixes e eqüinos. A Embrapa Milho e Sorgo desenvolveu cultivares adaptadas aos trópicos, o BR-451 - branco, o BR 473, e agora está lançando um milho híbrido comercial de alta produtividade, o BR 2121, com essas características.

Esses milhos têm grãos com teores médios de lisina e triptofano, dois aminoácidos essenciais à alimentação, 50% superiores aos do milho comum. Além de enriquecer a dieta humana, pesquisas conduzidas pela Universidade Federal de Lavras, MG, revelaram que suínos alimentados com ração contendo o milho BR 2121 apresentavam desempenho similar ao de animais alimentados com a ração padrão, mas com uma economia de 32% no consumo de farelo de soja - o ingrediente mais caro das rações para pequenos animais. Testes preliminares, que estão sendo realizados na Granja Resende, em Uberlândia, MG, apresentaram resultados semelhantes em frangos.

Borlaug conheceu o projeto piloto da Embrapa Milho e Sorgo para utilização do milho de alta qualidade proteica na merenda escolar. Programas de difusão dessa tecnologia também já foram iniciados junto às comunidades indígenas e aos assentamentos de reforma agrária. Ele disse que esses programas deveriam ser expandidos e que este também será um modelo de intervenção social que poderia dar certo na África.  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Milho 

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