A visita de 40 agricultores de Jutaí, e 35 de São Mateus, distritos do município de Lagoa Grande (PE), à Embrapa Semi-Árido, marcou o início da nova estratégia de difusão de tecnologia da unidade de pesquisa em parceria com o Sebrae (PE). Em articulação com as prefeituras da região, as duas instituições vão organizar, a cada semana, caravanas de produtores da área de sequeiro aos campos experimentais da Embrapa para tomarem conhecimento de informações e tecnologias baratas e acessíveis capazes de melhorar o desempenho de suas atividades agropecuárias.

Luzivan de Amorim Marques, vice-prefeito e Secretário de Agricultura e Desenvolvimento do Interior da Prefeitura de Lagoa Grande, afirma que os agricultores há muito tempo estão isolados em suas propriedades, cada vez mais desprovidos de meios que lhes permitam um rendimento satisfatório. A visita, diz, mostra ao agricultor tecnologias inovadoras e que estão ao seu alcance. Pedro Rodrigues de Santana, 75 anos, o mais velho do grupo de visitantes, lembrou que perdeu safras agrícolas e a criação para a seca desde pequeno. Em sua propriedade, o único equipamento que tem é um arado com três enxadas, adquirido há tanto tempo que ele nem lembra quando.

Articulação com prefeituras

Manoel Abilio de Queiróz, Chefe Geral da Embrapa Semi-Árido, explicou que o objetivo imediato da estratégia estabelecida com o Sebrae é fazer com os agricultores disponham de informações que lhes possam ser úteis. A unidade de pesquisa, após 22 anos de existência já tem um acervo considerável de conhecimento e tecnologias de baixo custo que podem melhorar e viabilizar economicamente, sem danos ao meio ambiente, as atividades agropecuárias dos pequenos produtores das áreas secas do Nordeste. O sistema de produção animal desenvolvido pela Embrapa, explicado aos agricultores durante a visita, chega a produzir de 100 a 120 kg/ha/ano, enquanto que, no sistema tradicional, esse peso não ultrapassa a 8 kg/ha/ano.

Para o técnico do Sebrae, Rosalvo de Menezes Filho, o conhecimento técnico dos produtores é fundamental para adotarem com eficiência uma visão mais moderna da gestão de suas propriedades. Ele explica que, ano passado, o Sebrae junto com o Senar - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural , realizaram cerca de 186 cursos sobre aproveiramento agroindustrial da produção agrícola e pecuária da região, envolvendo centenas de produtores. Faltava, no entanto, complementá-los com informações sobre as tecnologias, que serão dadas por meio das visitas semanais aos campos experimentais da Embrapa Semi-Árido. Rosalvo enfatiza que as visitas serão realizadas em duas etapas. A primeira, agora na época chuvosa. A outra, no período seco. Isto para que os agricultores possam comprovar que as tecnologias são realmente eficientes.

O grande passo a ser dado, porém, com a estratégia, é estabelecer uma ampla articulação com as prefeituras da região. No Nordeste, elas são 1.000, aproximadamente. E, cada vez mais, estão envolvidas com questões relacionadas ao desenvolvimento rural, em vista das dificuldades operacionais das empresas de extensão rural dos estados. Em Lagoa Grande, segundo Luzivan, o escritório local da Emater vai ser fechado e é preciso agir para que os "com terra" não se transformem em "sem terra" amargando fome e miséria nas periferias das grandes cidades.

Mais informações: Marcelino Ribeiro Área de Comunicação Social Embrapa Semi-Árido Fone/Fax 862 1711