01/04/97 |

Semi-Árido tem tecnologia para produzir manga o ano todo

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Técnicas de indução à produção de manga no semi-árido nordestino estão se tornando fundamentais para a estratégia comercial dos produtores de regularizar a oferta da fruta durante todo o ano e, assim, estabilizar seus preços no mercado. Desenvolvidas pela Embrapa Semi-Árido, as técnicas induzem a floração da mangueira para qualquer época do ano. Daniel Reis de Souza, coordenador da Câmara da Manga, da Associação dos Produtores do Vale do São Francisco (Valexport), explica que o emprego delas por vasta parcela de produtores está permitindo a superação de uma grave distorção de comercialização na região: pouca oferta e preço elevado, no primeiro semestre, e muita oferta e preço reduzido, no segundo semestre.

Segundo Daniel, a estratégia dos produtores é estabilizar a oferta durante todo o ano. Em 1997, para uma produção estimada em 48 mil toneladas, 35% deverão ser colhidos fora de época (fevereiro/setembro). Em 95 e 96, apenas 15% da colheita de 35 mil toneladas e 42 mil toneladas, respectivamente, aconteceram na entressafra. É uma mudança significativa na estrutura do comércio de manga no país, que no ano passado faturou 45 milhões de dólares. Fernando Almeida, Superintendente da Valexport, estima que nos próximos cinco anos, "dependendo das ações de marketing", a exportação de manga pode render, para os produtores, 100 milhões de dólares.

Ganho de mercado

As técnicas de indução já são utilizadas por categorias diversas de produtores no Vale do São Francisco. De pequenos a grandes. A Embrapa Semi-Árido possui um dos poucos grupos de especialistas do país que pesquisa o uso de reguladores de crescimento na cultura. O ciclo produtivo da mangueira, em condições normais, completa-se entre os meses de novembro e janeiro. O clima semi-árido do Nordeste brasileiro, contudo, permite a produção de manga em qualquer época do ano, sob quaisquer condições de umidade do solo.

O pesquisador João Albuquerque, da Embrapa Semi-Árido, explica que a pequena variação de temperatura média ao longo do ano e a ausência de invernos rigorosos possibilitam o uso das tecnologias de indução floral. Esta é uma vantagem que a região tem em relação às outras áreas produtoras do país, e exportadoras, como Israel e Tailândia. No Brasil, São Paulo é o Estado com maior área cultivada: 18 mil hectares - o Vale do São Francisco tem 8 mil implantados, sendo 5 mil em produção. No entanto, o uso da indução floral é feito de maneira bastante limitada, tanto que a quase totalidade da sua produção restringe-se aos períodos de outubro a janeiro.

Segundo João Albuquerque, as técnicas de indução floral são basicamente duas. Uma, é o método do estresse hídrico. É utilizado em época de não ocorrência de chuva. Ele consiste em reduzir o fornecimento de água para a planta para que se paralise o seu crescimento vegetativo e acelere a maturação dos ramos. O tempo de procedimento varia de 30 a 70 dias, dependendo do estado da planta. Em seguida, usa-se soluções de nitrato de potássio ou cálcio, por meio de pulverização de plantas para provocar a brotação de flores nos ramos.

Outro método, explica o pesquisador da Embrapa Semi-Árido, é o uso dos reguladores de crescimento. De custo elevado e manejo que exige maior conhecimento técnico, sua utilização, em grande parte, está restrita às áreas de cultivo dos médios e grandes produtores. O uso de reguladores para indução é apropriado para épocas de maior ocorrência de chuva, no qual o estresse hídrico fica inviável. Esse método consiste em aplicar, na planta - via solo ou via foliar -, substâncias químicas que irão provocar a paralisação do crescimento, independente das condições climáticas. Para Fernando Almeida, Superintendente da Valexport, a indução é "uma ferramenta a mais nas mãos do produtor, que passa a controlar a época de produção, prever seus custos em insumos e mão-de-obra, permitindo o aumento da produção em toneladas e um ganho real de mercado".

Espaçamento Ultradenso

A produtividade da manga no semi-árido nordestino é a mais elevada do país. Enquanto em São Paulo é colhida, em média, 9 a 10 t/ha, no Nordeste ela é de 20 t/ha- algumas áreas mais tecnificadas chegam a 40 t/ha para a cultivar Tommy Atkins. A tecnologia faz a diferença. Daniel, do Comitê da Manga da Valexport, explica que, como a região é a única do país a exportar manga, a fruta precisa ter boa qualidade, até para resistir ao tratamento hidrotérmico para combate à mosca-da-fruta, como exigem os importadores americanos.

Ultimamente, João Albuquerque, da Embrapa Semi-Árido, está entusiasmado com os resultados obtidos num pomar de manga com espaçamento ultradenso (7 X 3,5 m) e aliando o uso da indução com podas sucessivas (5) para orientar a formação dos ramos. O primeiro resultado surpreendente: o número de plantas por hectare saltou de 100 (10 X 10 m) ou de 250 (5 x 8 m) para 408. O segundo: a primeira colheita já acontece no segundo ano. Terceiro: na primeira safra já se produz acima de 10 t/ha (o normal, num espaçamento de 5x8, é de 5 a 7 t/ha). E, o quarto resultado indica que a planta estabiliza a produtividade com duas ou três safras. No espaçamento 10 X 10 m, dos pomares mais antigos da região, a estabilização só acontece com sete a oito safras. Nos plantios mais recentes, com espaçamento 8 X 10 m, a estabilização ocorre em cinco safras.

João Albuquerque explica que a tecnologia da indução, aliada a este manejo, é o que há de mais moderno no país. Abre boas perspectivas para a cultura na região, pois até o custo diminui para o produtor, já que as podas mantêm as plantas num tamanho pequeno e permite a colheita manual, sem o recurso de escadas ou de equipamentos elevatórios mais sofisticados.

Para Daniel, o equilíbrio da produção de manga ao longo do ano, levará o mercado a comportar-se sem sobressalto nos preços. A oferta uniforme, por todo o período, evitará que os preços variem de forma substancial, tornando o mercado imprevisível. A tendência é de que o produtor consiga preços compatíveis com seus custos. Além disso, a exposição constante da manga em pontos de venda, como supermercados, levará os consumidores a criarem um hábito de consumo.

Mais informações: Embrapa Semi-Árido João Antônio Albuquerque - Fone/Fax: (081) 862-1711 Marcelino Ribeiro Área de Comunicação Social Embrapa Semi-Árido Fone/Fax: (081) 862 1711 Semi-Árido tem tecnologia para produzir manga o ano todo 1997

Técnicas de indução à produção de manga no semi-árido nordestino estão se tornando fundamentais para a estratégia comercial dos produtores de regularizar a oferta da fruta durante todo o ano e, assim, estabilizar seus preços no mercado. Desenvolvidas pela Embrapa Semi-Árido, as técnicas induzem a floração da mangueira para qualquer época do ano. Daniel Reis de Souza, coordenador da Câmara da Manga, da Associação dos Produtores do Vale do São Francisco (Valexport), explica que o emprego delas por vasta parcela de produtores está permitindo a superação de uma grave distorção de comercialização na região: pouca oferta e preço elevado, no primeiro semestre, e muita oferta e preço reduzido, no segundo semestre.

Segundo Daniel, a estratégia dos produtores é estabilizar a oferta durante todo o ano. Em 1997, para uma produção estimada em 48 mil toneladas, 35% deverão ser colhidos fora de época (fevereiro/setembro). Em 95 e 96, apenas 15% da colheita de 35 mil toneladas e 42 mil toneladas, respectivamente, aconteceram na entressafra. É uma mudança significativa na estrutura do comércio de manga no país, que no ano passado faturou 45 milhões de dólares. Fernando Almeida, Superintendente da Valexport, estima que nos próximos cinco anos, "dependendo das ações de marketing", a exportação de manga pode render, para os produtores, 100 milhões de dólares.

Ganho de mercado

As técnicas de indução já são utilizadas por categorias diversas de produtores no Vale do São Francisco. De pequenos a grandes. A Embrapa Semi-Árido possui um dos poucos grupos de especialistas do país que pesquisa o uso de reguladores de crescimento na cultura. O ciclo produtivo da mangueira, em condições normais, completa-se entre os meses de novembro e janeiro. O clima semi-árido do Nordeste brasileiro, contudo, permite a produção de manga em qualquer época do ano, sob quaisquer condições de umidade do solo.

O pesquisador João Albuquerque, da Embrapa Semi-Árido, explica que a pequena variação de temperatura média ao longo do ano e a ausência de invernos rigorosos possibilitam o uso das tecnologias de indução floral. Esta é uma vantagem que a região tem em relação às outras áreas produtoras do país, e exportadoras, como Israel e Tailândia. No Brasil, São Paulo é o Estado com maior área cultivada: 18 mil hectares - o Vale do São Francisco tem 8 mil implantados, sendo 5 mil em produção. No entanto, o uso da indução floral é feito de maneira bastante limitada, tanto que a quase totalidade da sua produção restringe-se aos períodos de outubro a janeiro.

Segundo João Albuquerque, as técnicas de indução floral são basicamente duas. Uma, é o método do estresse hídrico. É utilizado em época de não ocorrência de chuva. Ele consiste em reduzir o fornecimento de água para a planta para que se paralise o seu crescimento vegetativo e acelere a maturação dos ramos. O tempo de procedimento varia de 30 a 70 dias, dependendo do estado da planta. Em seguida, usa-se soluções de nitrato de potássio ou cálcio, por meio de pulverização de plantas para provocar a brotação de flores nos ramos.

Outro método, explica o pesquisador da Embrapa Semi-Árido, é o uso dos reguladores de crescimento. De custo elevado e manejo que exige maior conhecimento técnico, sua utilização, em grande parte, está restrita às áreas de cultivo dos médios e grandes produtores. O uso de reguladores para indução é apropriado para épocas de maior ocorrência de chuva, no qual o estresse hídrico fica inviável. Esse método consiste em aplicar, na planta - via solo ou via foliar -, substâncias químicas que irão provocar a paralisação do crescimento, independente das condições climáticas. Para Fernando Almeida, Superintendente da Valexport, a indução é "uma ferramenta a mais nas mãos do produtor, que passa a controlar a época de produção, prever seus custos em insumos e mão-de-obra, permitindo o aumento da produção em toneladas e um ganho real de mercado".

Espaçamento Ultradenso

A produtividade da manga no semi-árido nordestino é a mais elevada do país. Enquanto em São Paulo é colhida, em média, 9 a 10 t/ha, no Nordeste ela é de 20 t/ha- algumas áreas mais tecnificadas chegam a 40 t/ha para a cultivar Tommy Atkins. A tecnologia faz a diferença. Daniel, do Comitê da Manga da Valexport, explica que, como a região é a única do país a exportar manga, a fruta precisa ter boa qualidade, até para resistir ao tratamento hidrotérmico para combate à mosca-da-fruta, como exigem os importadores americanos.

Ultimamente, João Albuquerque, da Embrapa Semi-Árido, está entusiasmado com os resultados obtidos num pomar de manga com espaçamento ultradenso (7 X 3,5 m) e aliando o uso da indução com podas sucessivas (5) para orientar a formação dos ramos. O primeiro resultado surpreendente: o número de plantas por hectare saltou de 100 (10 X 10 m) ou de 250 (5 x 8 m) para 408. O segundo: a primeira colheita já acontece no segundo ano. Terceiro: na primeira safra já se produz acima de 10 t/ha (o normal, num espaçamento de 5x8, é de 5 a 7 t/ha). E, o quarto resultado indica que a planta estabiliza a produtividade com duas ou três safras. No espaçamento 10 X 10 m, dos pomares mais antigos da região, a estabilização só acontece com sete a oito safras. Nos plantios mais recentes, com espaçamento 8 X 10 m, a estabilização ocorre em cinco safras.

João Albuquerque explica que a tecnologia da indução, aliada a este manejo, é o que há de mais moderno no país. Abre boas perspectivas para a cultura na região, pois até o custo diminui para o produtor, já que as podas mantêm as plantas num tamanho pequeno e permite a colheita manual, sem o recurso de escadas ou de equipamentos elevatórios mais sofisticados.

Para Daniel, o equilíbrio da produção de manga ao longo do ano, levará o mercado a comportar-se sem sobressalto nos preços. A oferta uniforme, por todo o período, evitará que os preços variem de forma substancial, tornando o mercado imprevisível. A tendência é de que o produtor consiga preços compatíveis com seus custos. Além disso, a exposição constante da manga em pontos de venda, como supermercados, levará os consumidores a criarem um hábito de consumo.

Mais informações: Embrapa Semi-Árido João Antônio Albuquerque - Fone/Fax: (081) 862-1711 Marcelino Ribeiro Área de Comunicação Social Embrapa Semi-Árido Fone/Fax: (081) 862 1711  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

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