01/04/97 |

Cana-de-açúcar brasileira pode economizar US$ 150 milhões em adubo

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, tem tecnologia para tornar ainda mais competitivos os produtores brasileiros de açúcar e de álcool, que já estão entre os melhores do mundo. Segundo a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia Johanna Dobereiner seria possível economizar 150 milhões de dólares por ano nos canaviais do País, com a não utilização de 240 mil toneladas de nitrogênio (N) hoje utilizadas como adubo. Essa economia pode ser feita de modo simples; basta os produtores utilizarem a fixação biológica de nitrogênio, como foi feito há anos com a cultura da soja.

Johanna Dobereiner liderou a equipe de pesquisadores brasileiros da Embrapa que desenvolveu estirpes de bactérias adaptadas a solos brasileiros para inoculação em sementes de soja e que permitiu eliminar a adubação nitrogenada e deixar de gastar US$ 1,5 bilhão por ano, além de também preservar o meio ambiente.

A fixação biológica de nitrogênio na cana-de-açúcar faz parte de um elenco de tecnologias desenvolvidas pela Embrapa. A equipe da Embrapa Agrobiologia identificou que duas variedades de cana, a CB 15-3 e a SP 7011-43, são apropriadas para inoculação pelas bactérias que fixam o nitrogênio do ar na planta. A aplicação dessas tecnologias em 8 mil ha, na região de Campos-RJ e no Estado de Pernambuco, já está evitando despesas de US$ 400 mil por ano, sem perda de produtividade.

Os primeiros estudos feitos pela pesquisadora se concentraram na busca de bactérias fixadoras de nitrogênio(diazotróficas), associadas à rizosfera e à superfície das raízes. Essas bactérias foram encontradas no interior das raízes, colmos(caule) e folhas da cana. Ao serem inoculadas nas mudas de cana, as bactérias espalham-se por dentro da planta, colonizando caules e folhas. Isso permite que a cana absorva mais nitrogênio do ar, dispensando substâncias químicas.

Brasil é o primeiro

Com 4 milhões de hectares e uma produção total de 270 milhões de toneladas de colmos frescos e produtividade média de 65 toneladas por hectare, o Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. No entanto, o País utiliza relativamente pouco adubo nitrogenado na cana - uma média de 60 kg N/ha ano, enquanto outros países usam entre 200 a 400 N kg N/ha ano. Isso pode ser atribuído à pesquisa de variedades adaptadas às condições de solos de baixa fertilidade. Também por isso, os custos de produção do açúcar e do álcool brasileiros estão entre os mais baixos do mundo.

A implantação do Proálcool, considerado o maior programa de combustível biológico do mundo, deu a essa cultura um papel relevante no aspecto social, econômico e ambiental. Só em empregos o Proálcool gerou 700 mil empregos diretos e 300 mil indiretos nas áreas rurais. O álcool combustível representa uma economia de US$ 700 milhões por ano, na importação de 200 mil barris por dia de petróleo equivalente.

Com a retomada do Proálcool, Johanna Dobereiner acredita que a produção nacional pode ser aumentada em 30%, sem nenhum gasto adicional, apenas com a aplicação das tecnologias disponíveis. Atualmente são produzidos em torno de 12 bilhões de litros de álcool por ano movimentando cerca de quatro milhões de carros. "Se elevarmos a produtividade da cana-de-açúcar, poderemos tornar o álcool competitivo em relação ao petróleo," enfatiza a pesquisadora.

Mais informações: Embrapa Agrobiologia Fone: (016) 682 1500 Fax: (016) 682 1230 Contato: José Antonio Ramos Pereira Email: agrob@cnps.embrapa.br  

Tema: Atividades Temáticas\Meio Ambiente 

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