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Inseto importado da Austrália vai controlar vespa que mata árvores

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A partir de quarta-feira, 29 de outubro, pela manhã, um novo inseto vai estar habitando as florestas brasileiras. É a Megarhyssa, uma vespa com cerca de 5 cm de comprimento que vem da Austrália, trazida pela Embrapa, e que concluiu sua Quarentena no Brasil. A Megarhyssa é inimigo natural de uma outra vespa, esta mais conhecida, a vespa da madeira, que causa prejuízos estimados em dois milhões de dólares por ano na região Sul do Brasil.

O nome científico da novo imigrante é Megarhyssa nortoni. Foram 70 «casais» trazidos pela Embrapa Florestas (Colombo-PR) com apoio do Serviço Florestal Americano e Instituto Internacional de Controle Biológico da Inglaterra. Os 140 insetos já morreram mas deixam descendentes que estão nascendo agora, depois de terminado o período de Quarentena. Eles vão cumprir a missão de impedir a proliferação da vespa da madeira.

A vespa da madeira chegou ao Brasil em 1988 trazida por acidente. Pesquisadores da Embrapa acreditam que ela tenha entrado no país em caixas de embalagem ou madeira serrada. Originária da Europa, Norte da África e Ásia, pouco depois causava no Brasil prejuízos estimados em cinco milhões de dólares. Com o controle desenvolvido pela Embrapa as perdas caíram para dois milhões de dólares.

Para fazer a postura, a vespa da madeira coloca ovos nas árvores. Estes ovos se desenvolvem como larvas, que constróem galerias nas árvores. A vespa também inocula uma substância tóxica e um fungo, que age nas defesas da planta. Os canais da seiva são fechados e em 30 dias já é possível perceber os sintomas do ataque. Em seis meses a árvore está morta. Há casos de perda de 65% de árvores de um plantio. Hoje a vespa concentra ataques no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O pesquisador Edson Tadeu Iede, da Embrapa Florestas, é o coordenador do programa de controle. Ele explica que a vespa Megarhyssa é parte de uma estratégia ampla de combate à vespa da madeira. Em 1990 a Embrapa Florestas, em parceria com empresas florestais, trouxe um microorganismo (nematóide) que ataca as larvas da vespa dentro do tronco. As larvas atacadas se tornam vespas, mas estéreis e fazem a postura de ovos que terão no seu interior novos inimigos da vespa.

A pesquisadora Suzete Penteado explica que «a vespa Megarhyssa irá ajudar a reforçar o sistema de controle». Os pesquisadores da Embrapa explicam que a introdução das vespas não causa efeitos adicionais no meio ambiente. Elas ajudam, entretanto, a estabilizar o ecossistema, aumentando a diversidade. Para 1998 está prevista a introdução de uma outra vespa para ajudar no controle.

Graças ao esforço foi possível não apenas conter o ataque mas reduzi-lo em 70%. A Embrapa Florestas é hoje o centro de referência para controle e pesquisa da vespa da madeira na América do Sul.

Apenas um evento de treinamento promovido no ano passado pela Embrapa trouxe cientistas da Argentina, Chile, Uruguai, África do Sul, Inglaterra e Austrália.

Além do treinamento, o evento serviu para fomentar a cooperação internacional para a formação de uma rede de informação sobre pragas florestais nos países da América Latina.

Mais informações: Embrapa Florestas Pesquisadores Edson Tadeu Iede e Suzete Penteado Fone: (041) 766 1313 iedeet@cnpf.embrapa.br  

Tema: Atividades Temáticas\Meio Ambiente 

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