01/03/98 |

Pesquisa sobre touros no Pantanal pode economizar US$ 10 milhões

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Uma pesquisa desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS é capaz de gerar uma economia de 10 milhões de dólares para a pecuária do Pantanal, ao sugerir a utilização adequada de reprodutores Nelore na região. A sugestão refere-se a redução da relação touro-vaca, atualmente na faixa de um touro para cada dez matrizes (1:10), para a relação de 1:25 e, posteriormente, 1:40, considerando uma taxa anual de renovação de touros em 20%. Esse resultado foi obtido através de estudos sobre o comportamento sexual dos touros na época de reprodução (estação de monta), testes de libido e análise de fertilidade (análise andrológica) dos animais. Anualmente os fazendeiros do Pantanal gastam cerca de 13 milhões de dólares na aquisição de aproximadamente 25 mil touros para manter a relação de 1:10. Com o manejo preconizado pela Embrapa, esses valores podem baixar, na relação 1:25, para cerca de 10 mil touros a um custo anual de US$ 5 milhões. Já na proporção de 1:40 seriam precisos cerca de 6 mil touros e US$ 3 milhões, gerando uma economia de 10 milhões de dólares, apenas com a menor aquisição de reprodutores.

Para chegar a esses números, a Embrapa levou em consideração que a população de bovinos no Pantanal encontra-se em torno de 3 milhões de cabeças, das quais 42% é constituído de fêmeas em idade de reprodução (1,2 milhões). Utilizando-se a relação touro-vaca de 1:10, a necessidade de touros estaria na ordem de 127 mil animais. Considerando uma reposição média de touros a cada 5 anos, é possível estimar sua demanda anual (127¸5) em aproximadamente 25 mil touros. De acordo com informações fornecidas pelos leiloeiros da região, os preços praticados para a aquisição de touros para o Pantanal encontra-se na faixa de US$ 520.

A diminuição na aquisição dos animais, entretanto, não é necessariamente sinônimo de alta produtividade do rebanho. Segundo o veterinário da Embrapa Pantanal, José Robson Bezerra Sereno, o bom desempenho do reprodutor também está relacionado com sua capacidade reprodutiva, que poderá ser comprovada através de exame andrológico. "O exame andrológico é uma ferramenta básica e auxiliar no processo de seleção dos touros, que deverá ser realizado preferencialmente no ato da compra e, posteriormente, no início da estação de monta a fim de se determinar a capacidade reprodutiva dos animais. Dessa forma, o pecuarista estará garantindo a produção anual desses animais, utilizando-os de forma racional". Robson afirma ainda que a economia proporcionada pela redução da relação touro-vaca poderá ser canalizada para a aquisição de touros geneticamente superiores, reduzindo a utilização de touros "ponta-de-boiada" (machos do rebanho geral que apresentam alguma superioridade em relação a seus companheiros).

Este trabalho, entretanto, não está sendo feito somente no Pantanal, mas também nas partes mais altas que envolvem a região, neste caso sob a responsabilidade da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Como os resultados da UFMS também apontam para a redução da utilização de touros no planalto, consequentemente haverá maior oferta de reprodutores geneticamente superiores para o Pantanal.

Diversos fatores vêm contribuindo historicamente para a prevalência da relação touro-vaca em 1:10 no Pantanal, como à falta de assistência técnica veterinária e baixa utilização de exames andrológicos na seleção de reprodutores. Outro fator importante a considerar é a grande extensão das fazendas pantaneiras aliado a seu manejo extensivo tradicional. Entretanto, a globalização da economia está exigindo dos fazendeiros a redução de custos para disponibilizar no mercado um produto mais barato e competitivo. Os resultados desse trabalho da Embrapa vêm justamente ao encontro da necessidade do pecuarista pantaneiro para melhor enfrentar essa realidade, na medida em que a utilização racional de touros levará a uma economia de 25% nos custos de produção por bezerro nascido na relação touro-vaca de 1:25, podendo vir a ser de 31% caso seja utilizada a relação de 1:40.

Diante desse quadro, o chefe da Embrapa Pantanal, Mario Dantas, ressalta que, além dos benefícios proporcionados à pecuária pantaneira, a economia gerada apenas com os resultados dessa pesquisa (10 milhões de dólares) são suficientes para proporcionar a manutenção das pesquisas da Embrapa na região por 10 anos. "A Embrapa demonstra mais uma vez que o investimento em ciência e tecnologia é altamente rentável por gerar, a custos relativamente baixos, excelentes alternativas de produção a curto prazo", conclui Dantas.

Mais informações: Pesquisador José Robson Bezerra Sereno Telefone: (067) 231-1430, ramal 262 Email: sereno@cpap.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Pecuária e Pastagens\Gado de Corte 

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