01/06/98 |

Embrapa e IRRI melhoram o arroz de terras altas

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Uma recente inovação no melhoramento de arroz, o lançamento pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, das cultivares de arroz Maravilha e Primavera, para terras altas (sequeiro) altamente produtivas e com qualidade de grão tão bom quanto à do arroz irrigado, está sendo difundida pelo Instituto de Pesquisa Internacional de Arroz (IRRI), situado nas Filipinas, por todo o mundo, auxiliando pesquisadores e produtores rurais.

O arroz de terras altas, mais conhecido como arroz de sequeiro, é cultivado em cerca de 13% dos campos de arroz do mundo, que somam 19,3 milhões de hectares, mas responde por apenas 4 a 5% da produção total de arroz mundial. Cerca de 20% do arroz de sequeiro do mundo são cultivados na América Latina.

Os sistemas de produção arroz de sequeiro latino-americanos são bastante diferentes dos sistemas da Ásia que são pobres em recursos. Eles são totalmente mecanizados, utilizam tecnologia de ponta e estão, freqüentemente, integrados à produção de gado. O arroz de sequeiro é cultivado como uma colheita pioneira, antes do plantio de pastagens, ou para reabilitação de pastos degradados, pois tolera terras ácidas, não requer muito fertilizante (em comparação com o milho) e tem um razoável valor de mercado.

Por causa das cultivares de arroz de sequeiro da Embrapa, resultado de um esforço que envolveu várias instituições de pesquisa no Brasil e em todo o mundo, o arroz de sequeiro ganhou potencial para ser introduzido na rotação com outras colheitas anuais. As novas variedades lançadas pela Embrapa podem ser plantadas em rotação com o feijão, milho, algodão e a soja. O arroz "Maravilha" foi avaliado em todo o território brasileiro, em diferentes condições de clima e sistema de cultivo tendo se destacado pela alta produtividade, qualidade de grãos e resistência às principais doenças que afetam o arroz no campo. Atualmente é recomendada para cultivo nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e toda a região Norte do país. A cultivar Primavera está sendo recomendada para os Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí e Rondônia. Tem alta produtividade e excelente qualidade do grão, tanto na aparência como na panela. Após cozimento, seus grãos se apresentam enxutos, soltos e macios, com ótima aparência.

A ênfase principal dos programas de melhoramento de arroz de sequeiro na América Latina é aumentar o potencial de rendimento, a qualidade do grão e a resistência à pragas e doenças. Ao contrário da Ásia e África, há muito pouco interesse em resistência à seca pois o arroz de sequeiro é cultivado em áreas mais favoráveis, algumas até dispondo de irrigação.

A ênfase na qualidade de grão é uma preocupação relativamente recente dos produtores de arroz de sequeiro brasileiros e está ligada à mudança da preferência do consumidor para grãos longos e finos diferentes do arroz de sequeiro tradicional.

As metas do IRRI são reabilitar e sustentar os sistemas de produção de arroz de sequeiro da Ásia e também da América Latina e da África, e garantir a produção de arroz das pequenas comunidades rurais.

Avanços em pesquisas estratégicas

Pesquisas estratégicas em arroz de sequeiro realizadas no IRRI estão contribuindo para aumentar o conhecimento sobre processos que contribuirão para aumentar a produtividade de forma sustentável e desenvolver sistemas de produção de arroz de sequeiro mais diversos e lucrativos:

Novos tipos de arroz de sequeiro. Os melhoristas estão combinando diversos tipos genéticos para desenvolver um novo tipo de planta de arroz.

Cultivares autosuficientes em fósforo. A deficiência de fósforo é um dos principais problemas para a produção de arroz em muitas terras de sequeiro. Pesquisas estão permitindo descobrir cultivares que são mais eficientes na absorção do fósforo do solo.

Brusone. Técnicas genéticas moleculares estão sendo usadas para desenvolver cultivares resistentes à brusone.

Arroz de sequeiro perene. Os pesquisadores também estão trabalhando em uma planta de arroz perene que estará no campo dentro de três a cinco anos e terá um potencial de rendimento de três a quatro toneladas por hectare.

Administrar ervas daninhas. Os cientistas do IRRI estão desenvolvendo melhores sistemas de administração de ervas daninhas visando reduzir a tarefa da capina que recai freqüentemente sobre as mulheres da família.

Usar o conhecimento ancestral dos produtores. Os pesquisadores desenvolveram métodos e conduziram diagnósticos e pesquisas participativas junto aos produtores, procurando facilitar a transferência de tecnologia de produtor para produtor.

Consórcio de pesquisa de arroz de sequeiro

Uma única instituição não pode criar e desenvolver toda a pesquisa necessária a um grande ecossistema. Para o IRRI são importantes as parcerias com instituições que desempenham papéis principais na pesquisa de arroz de sequeiro, com programas definidos e projetos em execução. Por isso, um forte relacionamento com sistemas nacionais de pesquisa agropecuária como o do Brasil, que é liderado pela Embrapa, é importante para a obtenção de mais e melhores resultados de pesquisa.

O Consórcio de Pesquisa de Arroz de Sequeiro é uma dessas iniciativas de cooperação. Ele teve início em 1991 e reúne o IRRI e os sistemas nacionais de pesquisa do Brasil, Índia, Indonésia, Laos, Filipinas, Tailândia, e Vietnã. Os membros contribuem com consultorias, pesquisas, laboratórios, e locais para pesquisa de campo. Fazem pesquisas e treinamentos conjuntos e atividades de transferência de tecnologia. O IRRI contribui com consultorias científicas e administrativas. Através desse consórcio, os resultados sobre a bem sucedida pesquisa brasileira com as novas cultivares de arroz de sequeiro estão sendo difundidos através do mundo, auxiliando pesquisadores e produtores rurais.

Pesquisadores do IRRI estarão nesta semana no Hotel Naoum Plaza, em Brasília para a Reunião de Meio Termo do CGIAR.

Mais informações: Jornalista Roberto Penteado (MTb 220/DF) Fone: 061 348 4113 – 348 4379 Email: "rpent@sede.embrapa.br"  

Tema: A Embrapa\Cooperação Internacional 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/