A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o Departamento Nacional do Café do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, as Secretarias da Agricultura do Paraná, São Paulo e Espírito Santo e a Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura estão concluindo os trabalhos para a estimativa final da safra de l998 e para a previsão da safra cafeeira 1999. Os trabalhos de campo serão desenvolvidos no mês de novembro e os resultados estarão disponíveis na segunda quinzena de dezembro.

Acompanhamentos preliminares de campo realizado até o momento mostram ser possível prever uma queda substancial na produção cafeeira. Em relação à safra brasileira de 1998, anteriormente prevista em 33.950.000 de sacas, prevê-se que só no cerrado mineiro haverá uma redução em torno de 850.000 sacas. A Bahia também deve ter quebra de 150.000 sacas. Os trabalhos que serão agora realizados deverão confirmar essa expectativa e detectar outras variações que podem ter ocorrido nas demais regiões produtoras.

Quanto à safra de 1999, segundo o Coordenador do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, Antônio de Pádua Nacif, o acompanhamento de campo mostra que as lavouras estão muito esgotadas devido à grande produção anterior e que o efeito da bianualidade será muito intenso. Além disso, a incidência elevada de "bicho mineiro" e de doenças como a "ferrugem", bem como de temperaturas elevadas e deficiências hídricas, indicam que as lavouras velhas terão uma produção 40% inferior à safra atual. A entrada de novas lavouras no processo produtivo deverá compensar um pouco esta quebra. Segundo Antônio Nacif, a previsão que se fará em novembro definirá melhor esse quadro.

No que se refere a disponibilidade do produto, a safra 98/99 não deverá ser reforçada por estoques anteriores, a nível de propriedade. Em geral, o produtor armazena cerca de 20% da safra de um ano para outro. No final de 1997 os estoques dos produtores somavam cerca de 5.800.000 sacas do produto, tendo sido comercializados até junho de 98, quando praticamente se esgotaram, tendo contribuído para o abastecimento do primeiro semestre de 1998.

A previsão de menor produção na safra a ser colhida em 1999, certamente elevará os preços do café, podendo fazer que o produtor opte por aumentar o percentual de retenção tradicional de 20% para 30%, reduzindo a oferta da safra atual em cerca de 10 milhões de sacas, para melhor venda futura. Com isso poderá haver maior equilíbrio de oferta neste e no próximo ano safra.

Com relação às exportações brasileiras de café, a quantidade exportada no período de julho a setembro de l997, foi de 3,5 milhões de sacas de 60 kg, enquanto que em igual período da atual safra, o volume exportado atingiu 5,6 milhões de sacas do produto, o que significa uma quantidade 60,4% superior. Com relação ao preço médio para idênticos períodos, houve uma redução de U$ 200,63/sc para U$ 122,88/sc, ou 63,2 em termos percentuais.

Segundo Silvino Malafaia, consultor da Embrapa, até a presente data, o volume total exportado do café da safra corrente, consideradas as exportações acumuladas a partir de julho próximo passado, supera a casa dos 7 milhões de sacas. "Isto equivale dizer que já foram exportados de julho até hoje, quantidade superior ao volume total exportado durante todo o 2º semestre de 1997", explica.

Os estoques mundiais de café hoje são baixos, não havendo sinais de grandes oscilações na oferta pelos demais países produtores. Como o Brasil é o maior produtor mundial, mas também o 2º maior consumidor mundial, para Malafaia, "mesmo que a safra brasileira futura não venha mais a ser afetada até julho do próximo ano, quando se inicia a colheita do nosso café, o balanço estimado da oferta e demanda do produto para a safra de 1999 vem demonstrar claramente forte redução em nossos estoques. Neste quadro, é de se esperar que as cotações do produto venham a se recuperar, em breve", explica.

Mais informações: Secretaria Executiva do Programa Café Antonio Nacif: 061 272 3856 031 891 3484 Silvino Malafaia: 061 348 4267