01/11/98 |

Treinamento vai beneficiar 9.400 famílias

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Vinte e oito técnicos contratados pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), da Seplantec (Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia) iniciaram, no dia 11 de novembro, treinamento intensivo sobre a cultura da mandioca na Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas. Engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e assistentes sociais receberam informações técnicas que devem ser repassadas até o final do mês aos agricultores beneficiados pelo Pró-Gavião, no sudoeste da Bahia.

Com o treinamento dado pelos pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura os técnicos da CAR começarão a implantar na região do Rio Gavião 20 Campos de Aprendizagem Tecnológica (CAT), com a finalidade de reciclar diretamente cerca de 1.200 produtores. O Pró-Gavião tem como meta beneficiar nos próximos seis anos cerca de 9.400 famílias das zonas rurais dos municípios de Anagé, Belo Campo, Caraíbas, Condeúbas, Cordeiros, Guagerú, Jacaraci, Presidente Jânio Quadros, Licínio de Almeida, Maetinga, Mortugaba, Piripá e Tremedal.

A Embrapa também está ajudando na realização do diagnóstico dos principais problemas agropecuários dos agricultores da região, assim como no levantamento de suas potencialidades. "O que nos chamou mais atenção no trabalho da Embrapa é o modelo participativo de fazer pesquisa, envolvendo os agricultores em todas as etapas do trabalho. Isso além de garantir que eles adotem as novas técnicas, estimula a organização social do grupo", explica Graça Leite, coordenadora do Pró-Gavião e da diretoria da CAR, que esteve pessoalmente em Cruz das Almas acompanhando o treinamento.

Graça explica porque o Governo da Bahia escolheu a região do Rio Gavião para implantar o projeto, que é subsidiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), com recursos na ordem de US$ 40,3 milhões: "A região possui oito dos 100 municípios mais pobres do país, sendo que Guagerú é o segundo mais pobre do Brasil". Seguindo uma concepção integrada, o projeto está dividido em três ações principais: desenvolvimento comunitário, combinando obras de infra-estrutura e serviços sociais, com atividades dirigidas à promoção de organização de produtores e desenvolvimento de atividades produtivas rurais não agropecuárias.

Um outro dado social complicado da região é o avançado processo de minifundialização da terra. Os minifúndios do Rio Gavião formam a maioria das propriedades rurais da região, dada a tradição histórica de divisão de terras entres os próprios agricultores familiares. O projeto só atingirá famílias com até 100 hectares, e com uma renda anual de até US$ 2.500. O quadro de desorganização social da região fez com que a aposentadoria se tornasse a principal fonte de renda da maioria das famílias rurais dos 13 municípios.

Infra-estrutura

No âmbito da infra-estrutura, o projeto já iniciou a construção de 95 barragens produtivas, que serão utilizadas para piscicultura, irrigação, descedentação de animais e para o consumo doméstico das comunidades circunvizinhas. As barragens Terão uma capacidade de armazenamento variando de 50 a 200 mil metros cúbicos. O projeto prevê também a construção de 26 pontes, buscando o melhoramento do escoamento da produção e até mesmo a interligação entre os municípios. Eletrificação rural e o fortalecimento da rede de ensino técnico na região são outros itens para o fomento do desenvolvimento regional do Rio Gavião

O desenvolvimento agropecuário é o segundo componente e o eixo do projeto, onde se deverá estruturar as bases do desenvolvimento agropecuário sustentável da Região com ações de validação de tecnologias; assistência técnica e extensão rural; capacitação de técnicos e produtores; promoção e reforço às pequenas empresas rurais. É aqui onde entra a ação da Embrapa. "Já possuímos uma experiência bastante positiva a partir do nosso trabalho com o Pró-Sertão, em Sergipe, que tem na cultura da mandioca a estrutura mais apropriada para as ações de transferência de tecnologia e de experiência de pesquisa participativa", comenta o agrônomo Jayme Cerqueira Gomes, da equipe de pesquisadores Embrapa Mandioca e Fruticultura. Lá, o trabalho envolve 15 municípios em pesquisas sobre a podridão radicular, utilizando um enfoque multidisciplinar com especialistas de várias áreas.

Cerqueira acredita que esse tipo de parceria também se configura numa oportunidade alternativa e promissora para o financiamento da pesquisa agropecuária atendendo demandas prospectadas diretamente de clientelas bem definidas. "É a possibilidade de exercitarmos aquilo que sempre foi nossa meta: realizar uma pesquisa de pé no chão, sabendo exatamente o que querem de nós, quais as prioridades e em que condições está se dando o trabalho", argumenta o pesquisador.

Carlos Henrique de Sousa, coordenador de monitoria, avaliação e validação tecnológica da CAR, diz que a região tem uma vocação bem definida para a pecuária (bovinos, caprinos e ovinos), para a cana-de-açúcar (na produção de aguardente e rapadura) e para mandioca. Com essa última, os coordenadores do Pró-Gavião estão consensuando com a equipe técnica da Embrapa ações visando a melhoria da qualidade da farinha, a produção de amido e de raspa de raízes e feno para alimentação na animal.

Mais informações: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tel.: (075) 721 2120 Fax: (075) 721 1118  

Tema: Produtos Agropecuários\Hortaliças\Mandioca 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/