01/11/98 |

Brasil já tem defesa contra sigatoka negra

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Ao contrário dos prejuízos que ocorreram com os produtores de banana em países vizinhos como Colômbia, Peru, Suriname, Guianas e Venezuela, o Brasil já possui mecanismos de defesa contra a Sigatoka Negra - um dos piores problemas da cultura: a Embrapa Mandioca e Fruticultura começou a distribuir com agricultores do Amazonas, nas regiões de Tabatinga e Benjamin Constant, mudas das cultivares "Caipira" e "PV03-44", resistentes aos dois tipos conhecidos de Sigatoka, negra e amarela.

A doença foi detectada no início do ano em alguns bananais da região. Pesquisadores da empresa estatal do Ministério da Agricultura, entretanto, trabalham na busca de variedades resistentes desde 1982, utilizando técnicas de melhoramento genético no cruzamento de matrizes resistentes ao problema. "A Sigatoka Negra é causada por um fungo e sua presença no bananal pode ocasionar perdas de até 100 por cento da produção", diz Sebastião de Oliveira e Silva, um dos responsáveis pelo projeto de pesquisa que desenvolveu as variedades resistentes à Sigatoka.

A Embrapa está fazendo a multiplicação acelerada das variedades resistentes nos laboratórios de sua "biofábrica", em Cruz das Almas (BA). A idéia dos técnicos é introduzir as novas cultivares nos locais onde os focos já foram identificados, para diminuir a taxa de progresso da Sigatoka. Simultaneamente, as variedades serão distribuídas em Estados como Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, circundando a Região Norte e, desta forma, estabelecendo uma barreira fitossanitária com plantas resistentes, para refrear o avanço da doença no sentido Norte-Nordeste.

A entrada da Sigatoka Negra no Brasil, segundo os técnicos, teria como efeito imediato um aumento significativo nos custos de produção da banana, uma vez que o controle convencional da doença exige um maior número de aplicações anuais de fungicida na lavoura. Para se ter uma idéia, nos países produtores da América Central, onde a doença se manifesta há vários anos, as aplicações de fungicidas chegam a ser feita até 40 vezes ao ano, "quatro vezes mais do que o necessário para o combate da Sigatoka Amarela", comenta Sebastião.

Bananas do tipo 'Maçã' e os chamados 'Plátanos', como as variedades Nanicão, Grande Naine, Nanica, Prata Anã, Prata, Pacovan, Maçã, Terra, Terrinha e D'Angola, cultivadas no Brasil principalmente por pequenos produtores nas regiões Norte e Nordeste, são as mais suscetíveis a esse tipo de Sigatoka.

Além das duas variedades anunciadas pela Embrapa, a empresa vai multiplicar de forma acelerada outros genótipos resistentes aos dois tipos de Sigatoka e ao "Mal do Panamá", a exemplo dos híbridos FHIA-01, FHIA-03, FHIA-20, FHIA-21 e SH36-40, que foram desenvolvidos pela Fundação Hondurenha de Investigações Agrícolas.

As pesquisas da Embrapa para desenvolver os híbridos resistentes levaram em conta também a questão da produtividade das novas variedades. A PV03-44, por exemplo, é uma banana do subgrupo 'Prata', de porte alto, com um ciclo vegetativo de 457 dias. Tem um peso de cacho em torno dos 16 quilos, obtendo cerca de 85 frutos por cacho e chegando a produzir até oito pencas por ciclo. A Caipira tem um ciclo vegetativo de apenas 383 dias e chega a produzir até 118 frutos por cacho.

No Amazonas, o trabalho vem sendo feito em parceria com pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental e técnicos das Delegacias Federais do Ministério da Agricultura da Região.

Mais informações: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tel.: (075) 721 2120 Fax: (075) 721 1118  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Temperadas 

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