01/04/99 |

Investimentos garantem produtividade e qualidade da agricultura nacional

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Nas duas últimas décadas, o aumento da produtividade e da qualidade foi fator fundamental para a agricultura no Brasil: a produção cresceu a taxas três vezes maiores que a população e passou de 35 milhões de toneladas de grãos para mais de 80 milhões de toneladas, sem que crescesse a área plantada.

Esse período coincide com a existência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento. A Empresa completou 26 anos em 1999.

A Embrapa foi instalada em 1973 com a tarefa da reformular o sistema nacional de pesquisa agropecuária. Substituiu o antigo Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária – DNPEA, do Ministério da Agricultura. De lá para cá, contribuiu, de forma decisiva, para os bons resultados dos setores agrícola, florestal e agroindustrial brasileiros e continua investindo no melhor conhecimento do potencial produtivo dos diversos ecossistemas, aperfeiçoando técnicas de produção sustentável e desenvolvendo tecnologias que atendam às necessidades de todo o agronegócio, segmento que emprega 27 milhões de pessoas e representa 40% do Produto Interno Brasileiro.

Tecnologias geradas pela Embrapa, muitas em parceria com empresas estaduais de pesquisa, universidades, empresas privadas e fundações, mudaram, nesse período, a agricultura brasileira. Alguns destaques:

· a oferta de carnes foi multiplicada em 4,5 vezes. A produção de leite aumentou de 7,9 milhões para 20,3 milhões de litros.

· o conjunto de tecnologias para incorporação dos cerrados no sistema produtivo fez da região responsável por 40% da produção brasileira de grãos. O que antes era considerado "terras improdutivas" transformou-se em uma das maiores fronteiras agrícolas do mundo.

· técnicas de controle biológico permitiram o controle biológico de dezenas de pragas. O pulgão do trigo, por exemplo, acabou. Só no caso do trigo, o uso de vespas reduziu em 95% o uso de inseticidas e diminuiu significativamente os custos de produção. Já o controle da lagarta-da-soja permite economia anual da ordem de 1,2 milhão de litros de inseticidas químicos e é o maior programa de controle ambiental do mundo com um único agente de controle biológico.

· tecnologias permitiram a introdução de frutas no semi-árido e viabilizaram produtos nacionais como a maçã. Passamos de uma produção de frutas de 11,5 milhões de toneladas em 1973 para mais de 35 milhões hoje.

· a soja foi adaptada às condições brasileiras. Hoje o País é o segundo produtor mundial.

Só no ano passado, a Embrapa lançou cerca de 150 cultivares. Entre eles, novos híbridos de milho, cultivares de soja resistentes às mais importantes pragas que atacam a cultura e cultivares de trigo de excelentes índices de produtividade e qualidade para panificação. Lançou, ainda, em conjunto com a Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA, o cultivar de tomate Viradoro, destinado ao processamento industrial e resistente a doenças como vira-cabeça do tomateiro (tospovírus), mancha-de-estenfílio, murcha-de fusário e nematóide das galhas.

A variedade de milho BRS 4157 Nitroflint "Sol da Manhã" foi lançada com o objetivo de atender aos agricultores que atuam em solos com problemas de estresse relacionados ao nitrogênio. É também uma opção para a agricultura familiar por atender à política global de desenvolvimento sustentável. Amostras da variedade foram distribuídas a mais de 13 mil agricultores em todo o País.

Outros produtos, processos e serviços recentemente lançados ou em fase de lançamento:

· processo de produção de batata semente por meio de brotações e mini tubérculos. O processo apresenta as vantagens do custo menor em relação ao método de produção por cultura de tecido e da garantia da sanidade do material básico.

· zoneamento agroecológico do Estado do Tocantins (ZAE-TO), com conclusão da primeira versão dos mapas na escala 1:500.000, síntese dos 11 planos de informações anteriormente gerados em forma digital e analógica, na escala 1:250.000.

· mapeamento das queimadas no Brasil, em parceria com a Agência Estado, a organização não-governamental Ecoforça – Pesquisa e Desenvolvimento e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. Um total de 2.380 mapas foram produzidos em diferentes escalas e armazenados em base de dados acessível via Internet.

· obtenção, visando ao reflorestamento, de população melhorada de Taxi-branco (Sclerolobium paniculatum Vogel) com rendimento superior em 59% para a produtividade de biomassa, em comparação à população original.

· mapeamento de recursos naturais, socioeconômicos e potenciais, em áreas do Pantanal, com geração de 12 mapas na escala: 1:100.000.

· descoberta e caracterização de duas novas doenças do feijoeiro encontradas em áreas sob plantio direto contínuo. Uma denominada Carvão do Feijoeiro, causada pelo fungo Ustilago phaseoli sp. nv. ( ou Microbotryum phaseoli sp. nv.) e a outra, Sarna do Feijoeiro, provocada por uma nova espécie de Colletotrichum.

· tecnologia de produção de salsicha de "Tofu" , isenta de colesterol e de conteúdo protéico 28% superior à salsicha comum.

· desenvolvimento de diferentes tipos de massa fresca elaboradas à base de resíduos de soja.

· desenvolvimento de macarrão com farinha industrial de soja, destinado aos consumidores com problemas de saúde (diabetes e hipercolesterelemia). Sua finalidade é substituir parcialmente a farinha de trigo pela farinha industrial de soja. O macarrão apresenta, ainda, maior valor nutritivo em comparação ao tradicional.

· desenvolvimento de técnicas para aproveitamento do resíduo de soja na produção de pães tipo "pão de leite", em pequenas panificadoras implantadas junto às usinas de produção de leite de soja.

· tecnologia para produção e processamento de minimilho.

· conclusão do trabalho de aprimoramento do Processo Agroindustrial de Leite de Cabra e Derivados e repasse a produtores, por meio de treinamentos, de técnicas de produção de queijo tipo minas frescal, boursin, beladon, coalho natural, coalho condimentado e ricota, além de doces, iogurtes e leite em pó.

· viabilização socioeconômica de assentamentos de reforma agrária com obtenção de alimentos na propriedade, por meio de apoio e implantação de unidades-piloto em culturas de fruteiras tropicais e/ou alimentares de ciclo curto. O trabalho beneficia o cultivo associado de 12 produtos e vem proporcionando uma receita semanal da ordem de R$ 180,00 a 200,00 por hectare plantado. O trabalho foi agraciado com o prêmio Agricultura Real e concorre ao prêmio Cidadania Herbert de Souza.

· desenvolvimento de sistema para gerenciamento de fazendas que permite a análise do desempenho econômico da atividade agrícola e melhoria nos processos de planejamento e controle da produção.

· desenvolvimento da primeira versão do sistema para diagnóstico de doenças do milho. O sistema permite também que produtores e extensionistas tenham acesso mais rápido, por meio de consultas virtuais, aos pesquisadores da Embrapa.

· construção de espectômetro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) para detecção remota, destinado à análise do teor de óleo e de umidade em sementes, sem destruí-las. A novidade é o equipamento no qual a geração de campo magnético se dá fora do imã, o que permite sua utilização no caso de qualquer tipo de amostra. A colocação da semente no interior do imã, exigida em instrumentos anteriores, limitava a análise em função do tamanho da semente e impossibilitava a aplicação da técnica em amostras volumosas, como árvores, por exemplo. O equipamento é leve e pode ser facilmente transportado para uso em campo.

· desenvolvimento do software Sistema de avaliação da distribuição de gotas de chuva – SADGNA para auxiliar o dimensionamento de aspersores e ajustes da pressão de sistemas de irrigação, com maior confiabilidade a partir do uso de técnica de processamento de imagens digitais.

· desenvolvimento do Simcana, modelo que simula a dinâmica de nutrientes no trato digestivo de ruminantes. Este modelo pode se transformar em ferramenta poderosa para pesquisadores e extensionistas na formulação e balanceamento de dietas de vacas leiteiras.

· desenvolvimento de metodologia de análise e quantificação de proteínas totais por espectroscopia de infra-vermelho (FTIR). As proteínas são responsáveis pela maioria das funções biológicas, tanto em animais quanto em vegetais. Os métodos convencionais utilizados na determinação de proteínas – cristalografia de raios X e Ressonância Magnética Nuclear – não se aplicam a todas elas. O novo método já está sendo usado com sucesso em trigo e milho.

· criação de linhagens de soja transgênica resistentes a herbicidas.

· monitoramento da mosca-das-frutas em nível de pomares nas regiões de Livramento, Brumado e Juazeiro, Bahia, e de Petrolina, Pernambuco. A tecnologia está em uso nas áreas produtoras de manga e de outras frutas.

A Embrapa trata como prioridade os diversos meios para transferência dos resultados de seu trabalho, pois acredita que a tecnologia não tem valor se não chegar ao seu potencial usuário e por ele não for utilizada. Alguns números indicam essa preocupação:

· de 1993 a 1998, a Embrapa distribuiu 61 mil toneladas de sementes básicas

· nos últimos cinco anos, lançou 3.360 novos produtos, processos e tecnologias, testados por clientes e usuários

· seus pesquisadores, nos últimos cinco anos, publicaram 8.940 artigos técnico-científicos

· no mesmo período, a Empresa editou 8.300 títulos de material técnico e informativo

· a Embrapa treinou, em média, 41 mil técnicos e produtores por ano, entre 1994 e 1998

· nos últimos cinco anos, recebeu 515 mil visitas e consultas técnicas, ministrou 36 mil horas-curso, fez um milhão e cem mil análises laboratoriais destinadas ao setor produtivo, promoveu 2.852 dias de campo e 19 mil palestras, criou 8.796 unidades demonstrativas e editou 833 vídeos.

A Embrapa tem 39 unidades distribuídas nas cinco Regiões brasileiras. São 8.660 empregados, sendo 2.063 pesquisadores.

A Embrapa gerou, em 1998, um lucro social de R$ 5 bilhões, equivalente a 9,64 vezes a sua receita operacional líquida e a 18,65 vezes a sua folha de pagamento bruta. Suas tecnologias têm permitido a substituição de fertilizantes químicos por processos biológicos e a substituição de agrotóxicos por métodos de controle natural. Apenas uma tecnologia, a fixação biológica do nitrogênio atmosférico por bactérias diazotróficas na soja, traz uma economia de R$ 1,339 bilhão em um ano. Suas cultivares e de suas parceiras estão presentes em 44% da área cultivada, gerando um ganho líquido para o País de R$ 1,770 bilhão.

O presidente da Embrapa, Alberto Duque Portugal explica que "a Embrapa não trabalha sozinha. Ela atua fortemente com parcerias". Cita como exemplos atividades conjuntas com empresas privadas, órgãos públicos, cooperativas, sindicatos, extensão rural, associações e instituições de pesquisa do Brasil e exterior. Essas parcerias envolvem repasse de tecnologias, consultorias, financiamento de projetos, intercâmbio de informações e também desenvolvimento de pesquisas conjuntas e atuação coletiva em áreas estratégicas. Elas ainda ajudam a evolução da Embrapa "ao permitir o aumento do poder de influência da sociedade em seu destino e garantir novas fontes de financiamento da pesquisa".

Alberto Duque Portugal diz que as atividades desenvolvidas pela pesquisa "trazem resultados que fazem parte do dia-a-dia de cada brasileiro, muitas vezes de maneira imperceptível. Elas ajudam a aumentar a produção no campo, a reduzir custos, dão mais qualidade aos produtos, melhoram a qualidade de vida, modernizam os sistemas de produção e criam alternativas para pequenos agricultores".

Mais informações: Assessoria de Comunicação Social Telefone: (61) 348 4379 Fax: (61) 347 4860  

Tema: A Embrapa\Aniversário 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/