01/06/99 |

Pesquisa traça perfil do «isqueiro» no Pantanal

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O pesquisador da Embrapa Pantanal André Steffens Moraes e o biólogo autônomo Luizio Wilson Espinoza realizaram pesquisa de campo sobre a captura e a comercialização de iscas vivas, em Corumbá e arredores, época de alta temporada da pesca esportiva. O objetivo foi descrever e analisar a atividade de captura e comercialização de iscas vivas na região, oferecendo informações que possam auxiliar a administração desse recurso. Até aquele momento pouco se conhecia sobre este trabalho, sua importância social e econômica, bem como os problemas ambientais e as características do isqueiro. Um dos motivos do desconhecimento é que a profissão é recente e tem como causa o crescimento do turismo e da pesca esportiva no Pantanal, iniciados a partir de meados da década de 80.

Os resultados de pesquisa indicam que a captura de iscas vivas é uma importante fonte de renda para os isqueiros e suas famílias. A maioria dos isqueiros (73%) obtém toda sua renda desta atividade. Embora a renda proveniente de outros trabalhos seja importante no orçamento individual, nenhum isqueiro recebeu mais exercendo essas atividades do que pescando iscas.

A renda proveniente da captura de iscas nunca foi inferior a um salário mínimo, o que ocorreu quando a fonte de renda é outra, e também no caso da renda de outros membros das famílias. Trinta e dois por cento das famílias dependem da renda proveniente do trabalho do isqueiro com a captura de iscas. A renda média obtida pelas famílias que tem outras fontes de renda (57%) é quase 23% menor do que a renda que o isqueiro obtém com as iscas. Enquanto 55% dos isqueiros obtém renda superior a quatro salários mínimos, entre as famílias este percentual é de 35%. Finalmente, a renda média proveniente da captura de iscas representa 70% da renda média familiar total. Baseados nestes dados, não é de estranhar que mais de 90% dos isqueiros pretendam continuar exercendo o serviço.

Em 1996, a extração de iscas vivas foi estimada em 15,71 milhões, gerando uma receita bruta de quase R$ 2,85 milhões ao ano. Mais de 90% dos isqueiros pretendem continuar neste trabalho. Destes, 70% por razões predominantemente econômicas, pela falta de alternativas de empregos (26%) e por não terem outra profissão, vivem apenas da pesca (4%). A fiscalização deste serviço pela Polícia Florestal é efetiva segundo 96% dos isqueiros, dos quais apenas 60% tem carteira de pescador profissional para capturar iscas legalmente.

O período da piracema representa um impacto econômico na pesca regional, pois a comercialização de pescado fica proibida, exceto aquele capturado anteriormente, registrado e congelado. Nesse período os isqueiros e suas famílias perdem sua principal fonte de renda, e a maioria (92%), exerce outras profissões, trabalhando como empregado em fazendas (54%) ou prestando serviços gerais (38%). Os 8% restantes são pescadores de subsistência e não podem comercializar a captura; mas obtém renda no período através do seguro-desemprego: são todos, além de isqueiros, também pescadores profissionais durante o restante do ano.

A captura e o comércio de iscas são atividades legais em Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso está proibida desde 1995. A legislação, entretanto, não considerou os estudos biológicos existentes sobre as épocas de reprodução das iscas. A pesquisa foi realizada durante o período de agosto a outubro de 1996, mas os dados são considerados válidos até hoje, devido a não ter acontecido nenhum fato que indique sua alteração.

Mais informações: Embrapa Pantanal Jorn. Hélio Magalhães Tel.: (067) 231 1430 Fax: (067) 231 1011  

Tema: A Embrapa\Transferência de Tecnologia 

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