01/06/99 |

Tecnologias viabilizam cultivo de seringueiras na Amazônia

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A Embrapa desenvolveu tecnologias que possibilitam o cultivo de seringueiras com copas enxertadas mais resistentes ao fungo Microcyclus ulei que provoca o mal-das-folhas, doença capaz de dizimar a plantação e que inviabilizou a heivicultura em escala comercial na região amazônica desde as tentativas de Henry Ford na década de 30.

O sucesso se deu com clones da copa da Hevea pauciflora que hoje são capazes de fazer a seringueira produzir o equivalente a 1.500 kg de látex por hectare a partir do terceiro ano de sangria, quando a espécie tem seis anos de idade. Segundo Moraes, esta produtividade se compara a alcançada na Índia e Malásia, uns dos maiores centros produtores.

O clima quente e úmido da amazônia cria condição propícia para a proliferação do fungo, fato que não ocorre no Sudeste e Centro-Oeste do país onde os produtores têm parques em torno de 200 mil hectares cultivados em São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo e Bahia.

Com a seleção de clones de copas têm-se conseguido plantas mais resistentes ao fungo e produtivas para os Estados do Norte. De acordo com o pesquisador Vicente Moraes, da Embrapa Amazônia Ocidental, a etapa mais difícil foi conseguir técnicas adequadas para a enxertia. Nos últimos cinco anos conseguimos superar este problema", explicou.

O Brasil produz em média 45 mil toneladas de borracha anuais sendo que apenas 3 mil toneladas são de origem nativa. Até o final da década de 70, esta proporção era inversa, cerca de 80% da borracha vinha de seringais nativos. O consumo médio mundial de borracha está em 6,7 milhões de toneladas/ano. A demanda tem crescido 2,5% ao ano e a produção estabilizado em 1,5% ao ano. Mantida esta tendência, haverá déficit no mercado já em 2002 e consequente aumento preços.

O fim de políticas de subsídios e de apoio técnico, como a Sudhevie, associada a métodos obsoletos de extração do látex determinaram praticamente o fim da economia da borracha nos Estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia. Até hoje não existe na Amazônia uma área de cultivo de seringueira, um paradoxo para uma região que ficou conhecida, entre outras coisas, pelo ouro negro que respondia por 40% do PIB nacional.

Apenas no Acre, a retomada da economia da borracha em virtude de políticas para o setor e novas tecnologias para cultivo de seringais modernos e competitivos pode se tornar uma realidade concreta para cerca de 20 mil famílias que vivem do extrativismo.

Subsídios federais agregados a nova Lei Chico Mendes geram receita de R$ 1,30 por quilo de borracha. Acrescido o preço da venda, o seringueiro pode chegar a ganhar até R$ 1,70/kg. Situação bem diferente de alguns anos atrás, quando chegou-se a pagar menos R$ 0,50/kg, detonando uma onda de falência de usinas, abandono dos seringais e êxodo rural que inchou a periferia de Rio Branco e empobreceu a economia dos povos da floresta.

Os pesquisadores Vicente Moraes e Elias Melo Miranda repassaram informações técnicas, econômicas e sociais para outros pesquisadores, extensionistas, membros de organizações não governamentais, produtores, seringueiros e secretários estaduais do Acre.

Até a semana, será encaminhada ao governador Jorge Viana uma proposta conjunta para implementação de política de incentivo e apoio técnico para cultivo de seringueiras em sistemas agroflorestais e consorciada com outras culturas como pimenta longa. A iniciativa vai beneficiar de forma prioritária pequenos produtores ainda este ano.

Mais informações: Embrapa Acre Jornalista Soraya Pereira (068) 224 3932 Vicente Moraes. Telefone: (092) 622 2012 Elias Melo de Miranda. Telefone: (068) 224 3931  

Tema: Produtos Agropecuários\Matérias Primas\Borracha 

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