01/07/99 |

Manejo gera renda e garante a floresta na Amazônia

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A implementação do sistema de manejo florestal proposto pela Embrapa em áreas de assentamento pode garantir a conservação de 700 mil hectares de florestas, com produção anual de cerca de 390 mil m³ de madeira e movimentação de mais de R$ 45 milhões apenas no Estado do Acre. Estas são algumas das conclusões das pesquisas que tomam por base a experiência de quase quatro anos no Projeto Pedro Peixoto no município de Acrelândia.

Desde 95, a Embrapa Acre busca uma forma de uso racional dos recursos florestais para ser difundido em todas as áreas de assentamento. No Pedro Peixoto, onde vivem cerca de 4 mil famílias em 375 mil hectares, 12 pequenos produtores participam do projeto. Boa parte das famílias deste assentamento já desmatou mais de 40% da propriedade e alguns até avançaram sobre os limites da reserva legal. Se nada for feito, a tendência é que dentro de 25 anos, a floresta desapareça, gerando danos ambientais, econômicos e sociais.

Sem a mata, aliada a deficiência do uso de tecnologias para trato do solo, a terra perderá a capacidade produtiva, os recursos da biodiversidade serão extintos e os produtores ficarão sem meios para gerar riquezas e manter-se no meio rural. O plano de manejo prevê a divisão da reserva legal em 10 partes iguais de 3,6 hectares, que são denominadas compartimentos a serem explorados de forma sucessiva anualmente. Um inventário florestal define o grau de aptidão de cada espaço e o nível de intervenção de poderá ser empregado.

As técnicas de abate são cuidadosamente estudadas, bem como a forma de arraste e riscos de acidentes. A cada ano, apenas um terço do volume de madeira comercial é explorado, uma média de 18m³ de madeira beneficiada por propriedade, resultando receita líquida de R$ 860 para cada produtor.

De acordo com o pesquisador José Henrique Borges de Araujo, numa exploração tradicional a clareia aberta fica em torno de 50% da área total. Com a tecnologia da Embrapa este índice chega a apenas 3 % ou 4%, permitindo que a floresta se regenere naturalmente, o que torna os recursos naturais inesgotáveis e uma importante fonte de renda para o produtor que antes via a floresta como um entrave ao desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida.

As pesquisas da Embrapa Acre também têm mostrado que há várias espécies de madeira que podem entrar no circuito comercial, reduzindo a pressão sobre as tradicionais. Uma forma de despertar o interesse do mercado começa a se desenhar. A cada ano, o governo do Estado consome 150 mil m³ de madeira e há disposição para que seja dada preferência para o produto manejado e novas espécies. Desta forma, quase metade do consumo anual do Acre seria atendido pelos produtores envolvidos com manejo.

O Acre tem quase 20 mil famílias em assentamentos, perfazendo uma área total de mais de 1,5 milhões de hectares. Deste total, 78.128 ha de reserva legal estariam explorando anualmente 390 mil m³ de madeira serrada. Descontando os custos de preparo da área, mão-de-obra e transporte, a receita líquida gerada seria superior a R$ 18 milhões por ano. Outra perspectiva é o mercado externo, principalmente o europeu, que consome 14% da madeira extraída da Amazônia e se dispõe inclusive a pagar um preço maior pelo produto manejado.

Aspectos positivos do manejo

1. Redução da taxa de desmatamento 2. Abertura de novos mercados 3. Diversificação da renda dos produtores rurais 4. Oferta de serviços e geração de empregos 5. Manutenção da área de floresta sob manejo 6. Legalização de uma atividade que normalmente infringe 7. Redução dos desperdícios de recursos naturais

Maiores compradores de madeira tropical Brasil 23% Japão 19% União Européia 8% China 5% Taiwan 4%

Destino da madeira extraída da Amazônia São Paulo 20% Minas Gerais 9% Rio Grande do Sul 9% Rio de Janeiro 6% Paraná 5% Santa Catarina 4% Países estrangeiros 14%

fonte: Imazon e ITTO

Nove em cada 10 toras retiradas da Amazônia são ilegais 89% ilegais 10% legais, mas predatórios (não cumprem plano de manejo) 1% legal e não predatório

Dois terços da madeira são desperdiçados 35% vendidos 22% viram carvão 43% viram lixo fonte: Imazon

Mais informações: Embrapa Acre Jornalista Soraya Pereira Telefone: (068) 224 3933  

Tema: Sistemas de Produção\Agrofloresta 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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