O cultivo de mamão em regiões mais secas e com alta luminosidade é o fator preponderante para ocorrência de uma anomalia que tem provocado grandes perdas na produção desta fruta: a mancha fisiológica do mamoeiro. Caracterizada por uma queima da superfície dos frutos, devido a exposição direta aos raios solares, a mancha, de coloração acinzentada, deprecia comercialmente os frutos de mamão. "Estas queimaduras afetam 20% a 40% da superfície exposta dos frutos à radiação solar sem, contudo, prejudicar a qualidade físico-química dos mesmos. As perdas, em situações de maior gravidade, podem chegar a 40% da produção total do pomar", explica João Roberto Pereira Oliveira, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA) Os frutos mais afetados são aqueles próximos à fase de colheita (entremaduros ou "de vez"), principalmente os localizados na parte inferior do tronco onde a incidência de raios solares é mais acentuada.

Durante o período chuvoso o mamoeiro encontra condições adequadas de desenvolvimento vegetativo, tanto pela inexistência de déficits hídricos como pela associação de temperaturas amenas, em torno de 25o C, com uma baixa incidência de raios solares, devido à presença de nuvens, comuns nesse período. Após a época das chuvas, as reservas de água do solo começam a se reduzir, implicando num estresse hídrico crescente. Paralelamente, o mamoeiro passa a ser submetido a períodos de maior incidência de raios solares, sendo estas alterações climáticas muitas vezes bruscas, estressando a planta que responde com uma desfolhação expressiva.

A desfolhação no mamoeiro, implica numa maior exposição dos frutos aos raios solares, trazendo como conseqüência o aparecimento da mancha fisiológica. "O processo de desfolhação também pode se acentuar nas plantas de mamão submetidas a temperaturas mais elevadas (acima de 30o C) ou relativamente baixas (inferiores a 10o C), bem como a ventos de grande intensidade, associados à falta d'água, agravando o problema da mancha", detalha o especialista.

Nas áreas de sequeiro, a prática da irrigação nos períodos de déficit hídrico evita a formação da mancha fisiológica. No caso de o produtor não dispor de um sistema de irrigação, o problema pode ser amenizado com a proteção dos frutos à exposição direta aos raios solares. "Este tipo de proteção pode ser feito com o emprego de telas sintéticas ou de algodão, sacos ou folhas de papel, entre outros anteparos disponíveis, desde que não prejudiciais ao fruto, tomando-se o cuidado de evitar danos mecânicos", alerta João Roberto.

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