01/09/99 |

Ministério vai subsidiar pesquisas sobre reservas extrativistas

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O Ministério do Meio Ambiente, com recursos do Amazônia Solidária, vai investir R$ 1,3 milhão num programa coordenado pela Embrapa Acre, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, para buscar alternativas econômicas para as comunidades extrativistas. As pesquisas vão apontar saídas para a composição de sistemas produtivos modernos e compatíveis com as potencialidades da floresta amazônica.

A perspectiva é que, a partir destes estudos, seja possível elevar a renda das famílias extrativistas com a diversificação de produtos da floresta e, ao mesmo tempo, viabilizar a manutenção das reservas.

As pesquisas já começaram e o programa deve consumir mais três anos de trabalho, envolvendo 11 pesquisadores da Embrapa Acre em parceria com técnicos da Secretaria Estadual de Produção, Ibama, Conselho Nacional dos Seringueiros, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes de Brasiléia (Amoreb).

A Embrapa Amapá também participa do programa repetindo o processo naquele Estado, onde a política de desenvolvimento sustentável e a presença de florestas e reservas extrativistas são similares ao Acre.

O programa está dividido em três grandes áreas. A primeira visa melhorar o desempenho da produção através de planejamento florestal e zoneamento de espécies por área.

Desta forma, o extrativista terá condições de identificar em sua área quais os produtos em maior concentração (ervas medicinais, óleos, frutos, produtos alternativos para construção civil como a paxiuba, castanha ou borracha) e suas perspectivas de mercado regional, nacional e internacional.

"Conhecendo quais são os recursos naturais de uma região é possível planejar a comercialização em escala, gerando riqueza para a comunidade e conservação do ecossistema", disse o pesquisador Evandro Orfanó.

Outra parte do projeto vai identificar e solucionar os problemas na cadeia produtiva da castanha-do-Brasil. Hoje, a principal fonte de renda das reservas corre risco de comercialização. A causa é a presença da aflatoxina, uma substância cancerígena, provocada pelo fungo Aspergillus flavus, detectado apenas em análise laboratorial.

O Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura vão equipar um laboratório na Embrapa Acre para detectar em que etapas ocorre a contaminação, propondo modelos de coleta e armazenamento para que a castanha possa ser vendida com qualidade e também na entressafra, quando se obtém o melhor preço, cerca de R$ 5 o quilo.

A terceira e última parte prevê a elaboração de sistemas agroflorestais diversificados, envolvendo as culturas da seringueira, castanha e pimenta longa. Este "modelo" permitirá que a família tenha receita rápida com a pimenta longa (dentro de um ano) enquanto a seringueira e a castanha se desenvolvem. Em produção plena, os ganhos diferenciados serão distribuídos durante todo o ano.

Dez famílias da Reserva Extrativista Chico Mendes estarão envolvidas diretamente com as pesquisas no primeiro ano de atividade. Os resultados obtidos até 2002 poderão ser estendidos para toda a Amazônia, respeitando as peculiaridades de cada região.

"Queremos apontar caminhos para o desenvolvimento que beneficiem toda a comunidade extrativista", afirmou Orfanó. Há vários anos a biodiversidade e a conservação dos recursos naturais estão na ordem do dia, mas até o momento poucas iniciativas concretas viabilizaram a sustentação econômica e social das famílias que vivem na floresta. Um sonho que por muitas vezes foi mal interpretado, produzindo mártires como Ivair Higino, Wilson Pinheiro e Chico Mendes.

Objetivos do programa

diagnosticar e definir zonas de produção para produtos não-madeireiros definir produtos não madeireiros prioritários, considerando aspectos de sustentabilidade ecológica e econômica estabelecer sistema de manejo florestal para exploração de produtos não-madeireiros desenvolver/adaptar tecnologias e procedimentos de colheita, pós-colheita, armazenamento e processamento de produtos florestais não-madeireiros para garantir a qualidade determinar as combinações mais adequadas para sistemas agro-silviculturais de seringueira, castanheira e pimenta longa capacitar extensionistas e comunidades extrativistas tradicionais em procedimentos necessários para adoção de novas alternavas produtivas avaliar os impactos ambientais das alternativas estudadas manter a cobertura da floresta tropical através do estímulo a atividades que privilegiem sua utilização sustentada. subsidiar a definição de políticas para o desenvolvimento sustentável das comunidades extrativistas

Resultados esperados

aumento do número de produtores de borracha e castanha melhoria da qualidade do produto extraído conhecimento da capacidade produtiva de espécies potenciais estudadas definição de tratos silviculturais e sistemas de exploração instalação de sistemas agro-silviculturais com pimenta longa, castanheira e seringueira aumento da renda familiar redução do êxodo rural conservação da biodiversidade

Números

3,2% do território Amazônico está localizado no Acre

78% do território acreano é constituído por reservas extrativistas, florestas e parques nacionais, estações ecológicas, reserva legal das propriedades particulares, áreas indígenas, parques municipais e projetos de assentamento extrativistas.

20 mil famílias vivem do extrativismo no Estado

10 mil toneladas/ano é o volume atual de produção de castanha no Estado. A produção é exportada para o Pará, Bolívia e Peru.

4 mil toneladas/ano é o volume atual de borracha produzida no Acre

Fonte: Embrapa Acre/Secretaria Executiva de Extrativismo e Floresta

Mais informações: Embrapa Acre Jornalista Soraya Pereira - Fone: 0xx 68 224 3931 Pesquisador Evandro Orfanó Fone: 0xx 68 2243932  

Tema: Atividades Temáticas\Meio Ambiente 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/