Crioula e Mestiça. Estes são os nomes das duas novas variedades de mandioca que a Embrapa, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, lança na terça-feira, 26 de outubro.

Mais produtivas e com elevado teor de matéria seca, as novas variedades foram obtidas através de técnicas de melhoramento genético de plantas, num trabalho iniciado em 1986 pela pesquisadora Wania Maria Gonçalves Fukuda, e estão sendo recomendadas especialmente para as condições do agroecossistema dos Tabuleiros Costeiros da Bahia.

Para chegar às novas cultivares, os pesquisadores implantaram e colheram, nos últimos três anos, 22 provas participativas com agricultores em 11 municípios representativos dos Tabuleiros Costeiros e Recôncavo Baiano. Os chamados testes de validação foram feitos com produtores dos municípios de São Felipe, Maragogipe, Sapeaçu, Catu, Conceição de Almeida, Governador Mangabeira, Alagoinhas, Camamu, Cruz das Almas, Cachoeira e Amargosa.

"Avaliado durante cinco anos sob as condições dos campos experimentais da Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas, a Crioula apresentou um rendimento médio de raízes de 18,2t/ha, teor de matéria seca de 38,5% e de farinha de 34%, aos 12 meses de idade, superando a variedade 'Cigana Preta', que era tradicionalmente plantada pelos produtores. Nas provas com agricultores, utilizando o seu sistema tradicional de cultivo, ela apresentou rendimento médio de raízes de 22,5t/ha, contra 16t/ha da testemunha local e uma probabilidade de aceitação por parte dos agricultores acima de 70%", conta o pesquisador Mauto de Souza Diniz, responsável pelo processo de seleção das novas variedades.

A variedade Mestiça apresentou rendimentos médios de raízes de 26,5t/ha, teor de matéria seca nas raízes de 36,2%, e de farinha de 26,3%, aos 12 meses de idade. "A queda em teor de farinha deste clone em relação à Crioula foi compensado pela produtividade de raízes fresca", acrescenta Mauto. Com a utilização das variedades da Embrapa, os agricultores vão poder incorporar um aumento no rendimento médio entre 41% e 64%, adotando a Crioula ou a Mestiça, respectivamente.

Recomendações Técnicas

Apenas nos Tabuleiros Costeiros da Bahia a área colhida de mandioca é de aproximadamente 62.690 hectares, o que representa 25,63% da área total colhida no Estado, que chega a 244.594 hectares.

"Estes clones são indicados para plantio sob condições de Tabuleiros Costeiros, com precipitação igual ou superior a 1200mm anuais, distribuídas em um período de cinco a seis meses durante o ano. As colheitas devem ser realizadas entre os doze e dezoito meses de idade", recomendam os pesquisadores da estatal, vinculada ao Ministério da Agricultura.

"Para que os clones exibam todo o seu potencial máximo de produtividade, recomenda-se que o plantio seja realizado na época adequada com o manejo mínimo recomendado pela pesquisa para a cultura da mandioca, ou seja, manter o campo limpo pelos menos nos quatro primeiros meses após o plantio e adubar de acordo com a análise dos solos", acrescenta Mauto Diniz.

O lançamento das novas variedades será realizado no Sítio Maria Preta, localizado no município de Santo Antônio de Jesus, a partir das 9:30 horas. A Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e a Prefeitura Municipal de Santo Antônio de Jesus são parceiras da Embrapa no evento.

Mais informações: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tel.: (75) 721.2120 Visite a home page da Embrapa Mandioca e Fruticultura: http://www.cnpmf.embrapa.br