01/11/99 |

Duas novas espécies de percevejos da soja preocupam pesquisa

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O aumento no número de duas espécies de percevejos, que nunca foram problemas para a soja, o trigo e o milho, está preocupando os pesquisadores da Embrapa Soja, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento. O problema é causado pelo Neomegalotomus parvus, chamado também de formigão, que está atacando principalmente a soja e pela espécie Dichelops melacanthus, percevejo conhecido por barriga verde, que está se tornando comum nas lavouras de soja, trigo e milho. "Esses insetos sempre foram considerados pragas secundárias, mas o crescimento no número desses percevejos e a conseqüente mudança no seu comportamento já é uma preocupação", explica o pesquisador Antonio Ricardo Panizzi, da Embrapa Soja. Segundo ele, historicamente, os percevejos costumam sugar os grãos das sementes de soja em seu período reprodutivo, mas agora os insetos estão atacando também as plantas com até 5 cm. O formigão se alimenta preferencialmente da soja e o barriga verde vêm atacando as plantas novas de milho e trigo. "Eles estão estragando as plântulas, o que pode interferir no desenvolvimento futuro da planta". Além disso, o formigão e o barriga verde vêm se aproveitando da palhada do plantio direto, que guarda sementes da última safra, para se alimentar. Panizzi acredita que está havendo uma mudança no complexo de pragas no Brasil e que isso pode estar relacionado a maior utilização do plantio direto nos últimos 10 anos. A adoção da safrinha de milho, que vem ampliada há cerca cinco anos, também pode ser considerada uma causa do problema. "Com a derrubada das matas e a introdução do plantio convencional, novas pragas e inimigos naturais se sobressaíram, mas com o suporte da pesquisa o produtor se adaptou a essa situação", explica. "Provavelmente com as mudanças nos sistemas de produção teremos que passar por novas adaptações, inclusive, no que diz respeito ao surgimento de pragas". A mudança de comportamento do barriga verde, por exemplo, que era considerado praga secundária nas lavouras brasileiras, pôde ser melhor observada na última safra de trigo nos campos experimentais da Embrapa Soja. Os ensaios apresentaram até 3 percevejos a cada metro quadrado, o que é um número elevado. "Verificamos queda de 30 % no rendimento na área cultivada com o plantio direto". Panizzi diz que as plantas que receberam controle químico apresentaram rendimento de 3.7 toneladas por hectare contra 2.6 toneladas por hectare em área onde não se fez o controle. No plantio convencional, por outro lado, o rendimento foi de 4 toneladas por hectare e não houve necessidade de aplicação de inseticida. "É claro que estamos preocupados, mas os produtores não devem aplicar inseticidas, sem antes consultar os especialistas", alerta. Para debater o assunto a Embrapa Soja realiza uma palestra sobre "O ataque de percevejos às plântulas de trigo, milho e soja". O evento vai ser realizado no dia 19 de novembro, no auditório da Embrapa Soja.

Mais informações: Embrapa Soja Tel.: (43) 371- 6061 Visite a home page da Embrapa Soja: http://www.cnpso.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Soja 

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