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Novas bananas resistem à Sigatoka Negra

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A Embrapa está lançando, na semana do seu 27º aniversário, as cultivares de bananeira "Caipira" e "Thap Maeo", resistentes à Sigatoka negra, cujas mudas começaram a ser produzidas em larga escala para combater a doença na Amazônia.

A sigatoka negra foi detectada há pouco mais de um ano em alguns bananais do Amazonas, nas regiões de Tabatinga e Benjamim Constant, no Amazonas. "Ela é causada por um fungo e sua presença no bananal pode ocasionar perdas de até 100 por cento da produção", diz Zilton José Maciel Cordeiro, da equipe de pesquisadores responsáveis pelo projeto de pesquisa que desenvolveu as variedades resistentes à Sigatoka.

Cerca de 300 mil mudas de "Caipira", cultivadas pela biofábrica da Embrapa Mandioca e Fruticultura, na Bahia, foram vendidas este ano para o Amazonas e Acre, primeiros estados a registrarem a ocorrência da doença. "A estimativa para o ano que vem é de comercializarmos cerca de 1 milhão e 500 mil mudas de bananeiras resistentes", diz Hermínio Maia Filho, gerente da biofábrica.

Há notícias de que a Sigatoka negra possa também estar presente em bananais de Rondônia e do Mato Grosso. Por isso, o Ministério da Agricultura, através da Embrapa, vem promovendo uma série de treinamentos a extensionistas e produtores daquela Região, para que saibam identificar rapidamente o problema. Produtores de todo o País, preocupados com esta nova situação, vem solicitando informações sobre o problema aos técnicos da Embrapa porque temem que a doença chegue a suas regiões .

Os treinamentos dados pela Embrapa Mandioca e Fruticultura foram solicitados pelas autoridades de defesa sanitária vegetal, também ligadas ao ministério da Agricultura, por causa velocidade com que a Sigatoka negra se espalha, desde que chegou ao país, no ano passado.

O Brasil tem 560 mil hectares plantados de banana e uma produção anual de seis milhões de toneladas. Menos de 1% desse total vai para exportação, conclui-se que a banana é uma cultura produzida quase que somente para consumo interno.

A transmissão da Sigatoka negra é aérea. "O vento naturalmente transporta o fungo", diz. Ele se refere ao fungo Mycosphaerella fijiensis, que causa a doença. Depois de infestar as folhas, impede o desenvolvimento dos frutos. Para uma cultura de importância econômica e social como a banana, o resultado pode ser desastroso. O tamanho da fruta e seu vigor determinam a aceitação nos mercados. E são justamente essas duas qualidades as mais afetadas pela praga.

Características

A banana 'Caipira', internacionalmente conhecida como 'Yangambi km 5', é uma variedade de banana de mesa, destacando-se pelo seu vigor vegetativo, resistência à sigatoka-negra, sigatoka-amarela e ao mal-do-Panamá, além de resistência à broca-do-rizoma, evidenciada pelos baixos índices registrados de infestação pela praga.

Foi avaliada em diversos ecossistemas brasileiros, mostrando boa adaptabilidade, e produtividade em torno de 25t/ha/ano sob boas condições de cultivo, mesmo na ausência de irrigação. Os frutos são em aparência e tamanho semelhantes aos de banana 'Maçã', com casca fina, média resistência ao despencamento, a polpa é de coloração bege, consistência macia e baixíssima acidez. A 'Caipira' pode ser plantada em solos de fertilidade média/alta, profundos, em espaçamentos variando de 3,0m x 2,0m a 3,0m x 3,0m, mantendo rigoroso controle da população, devido ao perfilhamento abundante, característico dessa variedade.

Já a variedade 'Thap Maeo', é uma bananeira introduzida da Tailândia. Além de apresentar resistência à sigatoka-negra é também resistente à sigatoka-amarela e ao mal-do-Panamá, as três principais doenças que afetam a bananicultura mundial.

A variedade tem mostrado boa adaptação à maioria dos ecossistemas brasileiros onde se cultiva banana, com produção de até 35 t/ha/ano, quando cultivada em solos de boa fertilidade, sob condições de sequeiro. Os frutos são de tamanho semelhante aos de banana 'Maçã', casca bem amarela quando madura, não despenca, a polpa é de coloração creme, sabor ligeiramente ácido, devendo ser consumidos bem maduros.

Um aspecto importante é a rusticidade demonstrada em solos de baixa fertilidade, onde se pode obter produtividade em torno de 25 t/ha/ano. "Esta variedade será, sem dúvida, uma importante alternativa para a Amazônia, devido ao baixo nível de tecnologia utilizado pelos produtores e à alta suscetibilidade à sigatoka-negra, evidenciada pelas demais variedades cultivadas na região", diz Sebastião de Oliveira e Silva, pesquisador da Embrapa, responsável pelo processo de melhoramento genético da cultivar no Brasil.

Apesar de sua rusticidade, recomenda-se que o seu cultivo seja feito em solos profundos, bem drenados e corrigidos quimicamente com base em análise do solo, utilizando espaçamentos de 3,0m x 2,0m a 3,0m x 3,0m.

Mais informações: Embrapa Mandioca e Fruticultura Jornalista Dalmo Oliveira - MTb N.º 598/BA Tel.: (075) 721.2120 Fax: (075) 721.1118 Email: sac@cnpmf.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

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