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Banana Prata Zulu: nova opção contra a Sigatoka negra

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Uma nova variedade de banana resistente ao mal da Sigatoka Negra, doença que dizima até 100% os bananais, está sendo lançada esta semana pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Trata-se da cultivar Prata Zulu, que se caracteriza pelo sabor agridoce, semelhante ao da cultivar Prata comum, alto nível de resistência à doença, boa produtividade e presença de pedúnculos rígidos, o que lhe confere resistência ao despencamento. Com todas essas vantagens, a Prata Zulu está sendo recomendada pela Embrapa aos produtores, tendo em vista a comercialização imediata.

A resistência ao despencamento permite à nova variedade o transporte a longas distâncias, tornando o produto acessível à exportação. Atualmente, todas as bananeiras cultivadas com objetivo de comercialização são suscetíveis à Sigatoka Negra, explica o fitopatologista José Clério, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus - AM) e responsável pelas pesquisas. Por se tratar de doença de cultura perene, a rotação de cultivares e uso de controle químico oneram muito o custo de produção. Por isso, a utilização de cultivares resistentes constitui-se na estratégia mais técnica e economicamente viável para o controle da doença.

A Embrapa iniciou os estudos em 1998, após coletar uma cultivar de bananeira no município de Rio Preto da Eva (distante 80 quilômetros de Manaus), denominada de Prata Zulu, e que apresentava características desejáveis no que se refere às doenças Sigatoka negra e Sigatoca amarela. Estabeleceu-se então uma população da cultivar no campo experimental da Embrapa Amazônia Ocidental. As plantas são cultivadas no espaçamento 3 m x 3m, tendo plantas de pacovã em volta infectadas com o fungo Micosphaerella figiensis, o transmissor da Sigatoca.

Foram avaliadas as variáveis relativas à resistência e componentes de produção. As variáveis relativas à resistência foram: período de incubação, período de latentes, número de folhas viáveis no florescimento, folha mais jovem com sintomas e severidade baseada na proporção de área folias lesionada na folha número 10. Com relação aos componentes de produção avaliaram-se o peso do cacho, peso da palma, número de pencas, peso do fruto, comprimento do fruto, diâmetro do fruto, quantidade de frutos e altura da planta no florescimento. Os resultados obtidos indicam que a cultivar Prata Zulu com um período de incubação de 33,8 dias, período latente de 60,1 dias, número de folhas viáveis no florescimento, apresenta reação de resistência e comporta-se como altamente resistente à Sigatoka negra na bananeira.

Principais características da cultivar Prata Zulu.

Componentes de resistência Componentes de produção Período de incubação - 33,8 dias Período latente - 60,1 dias Folhas jovens com sintoma - 7,4 N.º de folhas viáveis no Florescimento - 13,4 % área foliar lesionada (F10) - 8% Peso do cacho (kg) 19,7 Peso da penca (kg) 1,81 Peso do fruto (g) 21,1 Comprimento do fruto (cm) 12,25 Diâmetro do fruto (cm) 3,98 N.º de pencas 9,75 N.º de frutos 161 Altura da planta (m) 3,18 Pedúnculo Rígido Sabor Agridoce Perfilhamento Bom

Disseminação da doença preocupa

A Sigatoka negra foi detectada, em 1998, em alguns bananais do Amazonas, nas regiões de Tabatinga e Benjamim Constant. Há notícias de que a Sigatoca negra possa também estar presente em bananais de Rondônia e do Mato Grosso. Por isso, o Ministério da Agricultura, por meio da Embrapa, vem promovendo uma série de treinamentos a extensionistas e produtores da região, para que saibam identificar rapidamente o problema. Os treinamentos dados pela Embrapa foram solicitados pelas autoridades de defesa sanitária vegetal, ligadas ao ministério da Agricultura, devido a velocidade com que a Sigatoka negra se espalhou, desde que chegou ao país, no ano passado.

O Brasil tem 560 mil hectares plantados de banana e uma produção anual de seis milhões de toneladas. Menos de 1% desse total vai para exportação, sendo a banana uma cultura produzida quase que somente para consumo interno. A transmissão da Sigatoka negra é aérea. O vento transporta o fungo que depois de infestar as folhas, impede o desenvolvimento dos frutos. Para uma cultura de importância econômica e social como a banana, o resultado pode ser desastroso. O tamanho da fruta e seu vigor determinam a aceitação nos mercados. E são justamente essas duas qualidades as mais afetadas pela praga.

Jornalista Maria José Tupinambá MTb n.º 114/AM Tel: (02192) 622-2012 - ramal 261 Fax: (02192) 62202012 - ramal 261  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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