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Cevada irrigada conquista o Cerrado

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Agosto traz novidades para o Cerrado brasileiro: no final do mês, os produtores estarão colhendo a segunda safra de cevada irrigada da região, com uma estimativa de 9,2 mil toneladas, quase 1000% acima das mil toneladas colhidas em 1999. Com a qualidade exigida pela indústria cervejeira, essa produção contribuirá para reduzir o volume de 775 mil toneladas de malte que o país importa por ano para atender o consumo interno de 1 milhão de toneladas.

Cultura típica de clima frio, a cevada ganhou espaço no Cerrado a partir de resultados de pesquisas elaboradas pela Embrapa Cerrados, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Após vários anos de estudo nas áreas de melhoramento de plantas e manejo de cultura, este Centro de Pesquisa conseguiu adaptar a cultura às condições edafoclimáticas da região, o que resultou na obtenção da cultivar BRS 180, primeira e única variedade de cevada cervejeira de seis fileiras de grãos recomendada no Brasil, desenvolvida em parceria com a Maltearia do Vale.

Vantagens

Existem, hoje, cerca de 1.800 hectares plantados com a cultivar BRS180 na região do Cerrado. Esta linhagem apresenta um potencial de produção de grãos superior a 6 toneladas/ha e teor de proteína inferior a 12%, atendendo as demandas dos agricultores e os padrões exigidos pela indústria de malte. Para se obter essa qualidade, entre outras coisas, é necessário que a cevada seja cultivada durante o período das secas, com o uso de irrigação, e o plantio realizado no mês de maio, para que a colheita possa ser feita antes do início das chuvas.

Do ponto de vista agrícola, a cevada se constitui em uma importante alternativa para a rotação de culturas com o feijão, principal cultivar das áreas irrigadas da região. A cevada não é hospedeira de doenças dessa leguminosa como o mofo branco, a fusariose e rhizoctoniose, além de ser uma cultura adaptada às condições climáticas de inverno. A rotação de culturas com a cevada cervejeira é a alternativa que apresenta o maior número de vantagens, tanto do ponto de vista técnico-econômico, quanto do ecológico, justificando a enorme demanda dos agricultores às novas espécies, como a cevada.

Já do ponto de vista industrial, a cevada produzida no Cerrado apresenta sementes limpas, sem a presença de fungos ou resíduos de pesticidas e não possui período de dormência, podendo ser malteada logo após a colheita, dispensando longos períodos de armazenagem para completar a maturação dos grãos. Atualmente, a maior parte da cevada e do malte consumidos no País é importada, mas com a instalação da Maltearia do Vale, no estado de São Paulo, ampliaram-se as perspectivas para o cultivo de cevada cervejeira no Cerrado.

Do total de 1 milhão de toneladas de malte consumidas no Brasil por ano para fazer cerveja, apenas 225 mil são produzidas aqui. Com o funcionamento dessa nova indústria no País, a produção nacional de malte será elevada para 300 mil toneladas por ano. Isso significa uma redução da importação de 775 mil para 700 mil toneladas por ano, demonstrando que o mercado brasileiro tem espaço para aquisição desse produto. Dessa maneira, torna-se possível suprir parte da demanda do mercado cervejeiro do País com o malte produzido a partir da cevada BRS 180.

Mais informações, com o pesquisador Renato Amábile, da Embrapa Cerrados, fone (61) 388 9867.

Jornalista Graça França Monteiro (MS 1477 DF) Embrapa Cerrados Fone (61) 388 9953 Email: sac@cpac.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos 

Mais informações sobre o tema
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