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Número de queimadas em 2000 continua menor que no ano passado

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Dados da Embrapa mostram, porém, que o índice está crescendo no mês de agosto em todo o país
O Brasil está queimando menos áreas em 2000 do que no ano passado. É o que aponta o balanço de queimadas registradas pela passagem noturna do satélite NOAA-12, durante o período de 1º de junho a 14 de agosto deste ano.

Em 1999, nos três primeiros meses de seca (junho a agosto), foram detectados 64.757 pontos de fogo no país. Em 2000 o número registrado (ainda sem os dados das duas últimas semanas de agosto) foi bem menor: 15.089. Os dados são enviados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e processados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

A comparação, no entanto, merece ser analisada com certo cuidado. Isso porque os dados do ano passado foram detectados por um outro satélite, o NOAA-14, de passagem diurna sobre o país. Segundo técnicos da Embrapa Monitoramento por Satélite (Campinas-SP), o número de queimadas registradas por este tipo de satélite é três a cinco vezes maior, em média, do que o noturno, uma vez que a maioria das queimas agrícolas é feita durante o dia e normalmente já estão extintas durante à noite.

Agosto

Os mapas da Embrapa, no entanto, mostram que o número de focos de incêndio começaram a aumentar no mês de agosto deste ano, quando a frente fria desapareceu em grande parte do país. Na primeira semana deste mês ocorreram 1.760 pontos de fogo no Brasil, pulando para 2.203 no período de 8 a 14 . Este fato preocupa os técnicos da Empresa, uma vez que as chuvas, segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), só chegarão no final de setembro na área de Cerrados, responsável por grande parte das queimadas.

Por essa razão, a Embrapa já começou a reforçar a campanha Alternativas para a Prática das Queimadas na Agricultura. Segundo Alberto Duque Portugal, diretor-presidente da Embrapa, a pesquisa brasileira tem uma série de tecnologias que podem substituir as queimadas na agricultura e mudar o atual quadro preocupante. "Já treinamos mais de 400 multiplicadores nos quatro estados mais críticos do país, que são Mato Grosso, Tocantins, Pará e Maranhão. São técnicos, líderes rurais, agentes da extensão rural, representantes de cooperativas, de associações, de sindicatos e de ONGs que agora estão repassando os conhecimentos a mais de 150 mil produtores, em mais de 80 mil propriedades", explica ele.

Os dados do monitoramento de queimadas por satélite podem ser acompanhados pelo site http://www.cnpm.embrapa.br/projetos/queimada , que tem uma média diária de 15 mil acessos.

Jornalista: Robinson Cipriano (MTb 2057/88) Assessoria de Comunicação Social Fone: (061) 448-4247 / 448-4113 Email: sac@embrapa.br

Embrapa ensina como substituir as queimadas nas pastagens

Na pecuária brasileira, é comum utilizar queimadas, principalmente na região dos Cerrados e da Amazônia Legal, para renovar ou recuperar as áreas de pastoreio, eliminar pragas e plantas daninhas e ainda para agregar nutrientes ao solo, oriundos do material vegetal queimado. À primeira vista, a pastagem rebrotada surge com mais força e melhor aparência do que a anterior. Mas, ao longo dos anos, essa prática provoca a degradação físico-química do solo e traz enormes prejuízos ao meio ambiente. Em pastagens cultivadas, a queima pode, inclusive, eliminar as forrageiras leguminosas.

O fogo pode ser substituído, com vantagens, pelo uso de tecnologias alternativas propostas pela Embrapa. Com a tecnologia certa, o produtor melhora o consumo da matéria seca disponível nas pastagens, estendendo sua utilização até os períodos mais críticos, evitando, assim, o risco de queimas.

Misturar uréia pecuária ao sal mineral é uma boa solução

Para que essa tecnologia dê resultado, é fundamental dispor de pastagens com muita forragem, ou seja, bastante pasto seco. Ela é simples e de baixo custo. A mistura da uréia pecuária ao sal mineral fornece a proteína de que o animal precisa e não encontra na pastagem seca (cujo teor protéico é baixo) e ainda estimula o animal a aumentar o consumo de forragem.

Com esse manejo, os animais podem ter ganho de peso. Além disso, se eles consomem maior quantidade de forragem na estação seca, menos ficará de sobra, e o pasto não mais precisará ser queimado para eliminar o excesso de material morto.

O produtor deve começar a misturar uréia ao sal mineral quando o pasto floresce e começa a secar e antes que os animais comecem a perder peso. A proporção correta é a seguinte:

· Primeira semana: misture 9kg de sal mineral com 1 kg de uréia pecuária; · Segunda semana: misture 8 kg de sal mineral e 2 kg de uréia pecuária; · Terceira semana: 7 kg de sal mineral e 3 kg de uréia pecuária; · Quarta semana: 6 kg de sal mineral e 4 kg de uréia pecuária.

É importante atentar que, se consumida em excesso, a uréia pecuária torna-se tóxica para os animais. Outros detalhes: a mistura deve ser fornecida sem interrupção aos animais até o início das chuvas e a uréia não deve ficar molhada no cocho, senão pode intoxicar o gado.

Informações: Embrapa Cerrados (Telefone: 61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-7682000), Embrapa Pantanal (67-231-1430) e Embrapa Meio-Norte (86-225-1141).

A mistura múltipla

A mistura múltipla é um suplemento alimentar para gado bovino, composto pela mistura de sal mineral com ingredientes que servem como fonte de energia (milho), fonte de proteína natural (farelo de soja) e fonte de nitrogênio não protéico (uréia). Para usar essa tecnologia também é necessário dispor de bastante pasto seco. Ela é mais completa do que a tecnologia da uréia, pois busca atender mais plenamente às exigências nutricionais dos animais. O ganho de peso obtido, com base na experiência de produtores do Cerrado, dá um retorno de até R$24,00 por hectare, em 120 dias.
Como preparar 100 kg de mistura múltipla
Ingredientes Quantidade Farelo de algodão ou farelo de soja 15 kg Milho triturado (ou sorgo, milheto ou farelo de arroz) 27 kg Uréia pecuária 10 kg Fosfato biocálcico (ou superfosfato triplo ou farinha de osso) 16 kg Sal comum 30 kg Flor de enxofre 1,3 kg Sulfato de zinco 600 gr Sulfato de cobre 80 gr Sulfato de cobalto 20 gr

Informações: Embrapa Cerrados (Telefone: 61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-7682000), Embrapa Pantanal (67-231-1430) e Embrapa Meio-Norte (86-2251141).

Utilizando melhor o feno

É uma tecnologia inteligente para ser usada quando as forrageiras começam a crescer muito e o produtor guarda o excesso produzido nas chuvas para ser usado na seca. Assim não será preciso usar o fogo depois nas pastagens. O feno pode ser preparado a partir de gramíneas ou de leguminosas, com trabalho braçal ou com máquinas. De qualquer forma, deve-se tomar cuidado para evitar a fermentação do material.

Informações: Embrapa Cerrados (61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Meio-Norte (86-225-1141), Embrapa Pecuária Sudeste (16-261-5611), Embrapa Gado de Leite (32-249-4700) e Embrapa Semi-Árido (81-862-1711).

A silagem
É a conservação das plantas forrageiras por meio da fermentação sem oxigênio, feita em depósitos adequados chamados silos. A silagem é um excelente método para conservar a forragem e pode ser feita com vários tipos de plantas, como o milho, o sorgo, o capim-Napier e as forrageiras. Quando existe sobra excessiva de pasto, a silagem impede o acúmulo de matéria seca, que pode facilmente pegar fogo.

Informações: Embrapa Cerrados (61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Meio-Norte (86-225-1141), Embrapa Pecuária Sudeste (16-261-5611) e Embrapa Gado de Leite (32-249-4700) .

O feno em pé

Uma forma simples e de baixo custo de criar uma reserva alimentar para o período seco é subutilizar o pasto, no período de crescimento intenso, de modo que um excedente fique reservado para uso estratégico, em pé, na própria área – é o chamado feno em pé. É uma forma de deixar deliberadamente massa acumulada no campo, para ser usada durante a seca. O uso de aceiros e a localização das áreas para feno em pé longe das divisas da propriedade são imprescindíveis. O uso do feno em pé deve ser associado ao uso de uréia pecuária e sal mineral ou ao uso de mistura múltipla.

Informações: Embrapa Cerrados (61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Meio-Norte (86-225-1141), Embrapa Pecuária Sudeste (16-261-5611), Embrapa Gado de Leite (32-249-4700), Embrapa Tabuleiros Costeiros (79-217-1300), Embrapa Semi-Árido (81-862-1711) e Embrapa Amazônia Oriental (91-276-0323).

O banco de proteína mais a pastagem nativa

O Banco de Proteína é um sistema integrado, onde um pedaço da área da pastagem nativa ou cultivada é reservado para leguminosas forrageiras de alto valor nutritivo. O acesso dos animais aos bancos de proteína pode ser livre ou limitado ao longo do ano ou em determinadas épocas. Ele corrige a deficiência de proteína e fornece forragem de melhor qualidade aos animais.

Com o emprego do banco de proteínas, a área de pastagem pode ser reduzida, sem haver prejuízos acentuados no peso final dos animais. Mas as duas maiores vantagens são: as pastagens nativas não precisam ser queimadas (com a carga animal adequada não ocorre acúmulo de macega ou forragem) e o aumento da produção (as fêmeas podem ser cobertas aos dois anos de idade e os machos têm maior ganho de peso). As leguminosas mais utilizadas são a leucena, o estilosantes, o guandu e a puerária.

Informações: Embrapa Cerrados (Telefone: 61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Pantanal (67-231-1430) e Embrapa Meio-Norte (86-225-1141).

Adubação de manutenção associada ao manejo de pastagens

Pode ser aplicada para pastagens cultivadas de Brachiaria e de Panicum. Consiste na aplicação anual (ou a cada dois anos) de fertilizantes solúveis de fósforo e potássio, em cobertura, no início da estação chuvosa. As quantidades de fertilizantes a serem aplicadas devem ser calculadas com base na análise do solo e recomendadas por um técnico da região, que conheça as características do solo e das condições de manejo animal da propriedade.

Informações: Embrapa Cerrados (Telefone: 61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Amazônia Oriental (91-276-8170), Embrapa Rondônia (69-222-3080), Embrapa Pecuária Sudeste (16-261-5611), Embrapa Arroz e Feijão (62-833-2110), Embrapa Pantanal (67-231-1430), Embrapa Gado de Leite (32-249-4700) e Embrapa Meio-Norte (86-225-1141).

Pastejo rotacionado intensivo com adubação
A intensificação da pecuária via adubação possibilita o aproveitamento do excesso de forragem que, em outras situações, seria queimado. Permite, ainda, que a forrageira domine as ervas daninhas da pastagem, outra justificativa para as queimas. Informações: Embrapa Cerrados (Telefone: 61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Amazônia Oriental (91-276-8170) e Embrapa Pecuária Sudeste (16-261-5611).

Diversificando espécies forrageiras

Outra tecnologia simples e interessante é a diversificação de espécies forrageiras na propriedade. Ela permite ofertar maior quantidade de forragem, durante as chuvas, e ainda preserva aquelas que mantêm sua qualidade ao longo da estação do ano, para uso no período seco. Proporciona maior racionalização no processo de produção da forragem e são também reduzidos os riscos de pragas e doenças que podem assolar os cultivos de uma espécie.

É uma prática que precisa ser amplamente difundida entre os produtores de todo o país. A forragem constitui-se em fonte alimentar indispensável para os rebanhos e pode ser convertida em produtos como carne, leite e lã, prevenindo e reduzindo a prática das queimadas. Informações: Embrapa Agropecuária Oeste (Telefone: 67-422-5122), Embrapa Cerrados (61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Meio-Norte (86-225-1141), Embrapa Pecuária Sudeste (16-261-5611) e Embrapa Amazônia Oriental (91-276-0323).

Pastejo misto

O pastejo misto consiste no pastejo por mais de uma espécie de ruminante na mesma área de pastagem, permitindo a exploração de grande diversidade de espécies forrageiras presentes na pastagem nativa. Utilizando melhor as forragens, o produtor evita o acúmulo de biomassa seca.

Informações: Embrapa Caprinos (Telefone: 88-612-1077), Embrapa Cerrados (61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Meio-Norte (86-225-1141), Embrapa Tabuleiros Costeiros (79-217-1300) e Embrapa Semi-Árido (81-862-1711).

Consórcio grão-pasto

O plantio do pasto consorciado com grãos, conhecido como Sistema Barreirão, tem-se mostrado técnica e economicamente eficiente como método de reforma de pastagens. Oferece capacidade de suporte animal muito superior e, simultaneamente, produz grãos com produtividade e qualidade. As culturas mais utilizadas nesse sistema são o milho, arroz, sorgo e milheto. As forrageiras são as Brachiarias, Andropogon e Panicum.

Informações: Embrapa Cerrados (Telefone: 61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Agropecuária Oeste (67-422-5122), Embrapa Arroz e Feijão (62-833-2110) e Embrapa Meio-Norte (86-225-1141).

Manejo da Palhada

A integração do sistema lavoura/pecuária cresceu muito nos últimos anos, especialmente em regiões onde ocorre um período seco prolongado durante o ano. As vantagens acontecem nos dois sentidos: tanto para a lavoura quanto para a pecuária. A exploração tecnificada da agricultura produz uma quantidade maior de resíduos, que muitas vezes são eliminados com o fogo. A utilização da pecuária vem resolver este problema. O gado consome o resto de várias culturas, especialmente o milho, o arroz, a soja e o sorgo.

Informações: Embrapa Cerrados (Telefone: 61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Agropecuária Oeste (67-422-5122), Embrapa Arroz e Feijão (62-833-2110), Embrapa Meio-Norte (86-225-1141) e Embrapa Amazônia Oriental (91-276-0323).

Controle das cigarrinhas-de-pastagens

A diversificação de pastagens com a utilização de gramíneas forrageiras resistentes às cigarrinhas é hoje a melhor alternativa de controle dessa praga e um dos fatores que contribui para reduzir a prática das queimadas. É uma proposição de baixo custo e de fácil adoção para o produtor. É bom lembrar que grande parte do problema causado pelas cigarrinhas no país é fruto de extensas monoculturas estabelecidas com gramíneas forrageiras de baixa resistência.

Informações: Embrapa Cerrados (61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Gado de Leite (32-249-4700), Embrapa Pecuária Sudeste (16-261-5611) e Embrapa Amazônia Oriental (91-276-0323).

Controle de Carrapatos

A queima de pastagens para controlar carrapatos foi utilizada por muitos anos. Atualmente existem outras alternativas de controle dessa praga, como a rotação de pastagem, utilização de pastagem com poder de repelência e morte de larvas do carrapato, raças bovinas resistentes, descarte de animais mais infestados e utilização de agentes biológicos como fungos, bactérias e aves. Porém, o controle mais efetivo se faz por meio da utilização de produtos químicos (carrapaticidas). Recentemente foi lançada no mercado uma vacina contra o carrapato, que apresenta eficácia de 60%, mas ainda é considerada de alto custo.

Informações: Embrapa Pantanal (Telefone: 67-231-1430), Embrapa Cerrados (61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Gado de Leite (32-249-4700) e Embrapa Pecuária Sudeste (16-261-5611).

Controle de plantas invasoras

As plantas invasoras, se não combatidas, competirão com as forrageiras por água, luz e nutrientes, contribuindo para a redução da produção de forragem e para a diminuição da capacidade de suporte da mesma. O produtor rural, na tentativa de controlar essas plantas, acaba usando a queima periódica das áreas, o que pode iniciar o processo de degradação das pastagens.

Uma das alternativas é o método de controle manual, com o uso do enxadão na limpeza das pastagens. Ela não destrói o capim como a queimada, evita a poluição ambiental e contribui para o aumento do emprego no meio rural. Outra alternativa é o uso de herbicidas – uma alternativa um pouco mais complexa e que requer o acompanhamento de um técnico para orientar nas dosagens. Também não destrói o capim e possibilita o seu melhor desenvolvimento.

Informações: Embrapa Cerrados (61-388-9898), Embrapa Gado de Corte (67-768-2000), Embrapa Meio-Norte (86-225-1141), Embrapa Pecuária Sudeste (16-261-5611), Embrapa Gado de Leite (32-249-4700 e Embrapa Amazônia Oriental (91-276-0323).

Plantio Direto

É a tecnologia que mais está crescendo no país e consiste em plantar as lavouras sem fazer o revolvimento ou preparo do solo, como tradicionalmente se faz, e com a presença de cobertura morta ou palha. A essência é ter palha ou cobertura no momento do plantio. As vantagens são inúmeras: a palha contribui para diminuir a erosão do solo, aumenta a infiltração de água no solo e controla as plantas invasoras. Ela leva o produtor a proteger sua área para que não ocorra a queimada.

Informações: Embrapa Cerrados (Telefone: 61-388-9898), Embrapa Agropecuária Oeste (67-422-5122), Embrapa Arroz e Feijão (62-833-2110) e Embrapa Meio-Norte (86-225-1141).  

Tema: Atividades Temáticas\Meio Ambiente 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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