01/10/00 |

Citros terão produção qualificada

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Em dois anos o mercado externo só vai aceitar frutas produzidas sob um regime de produção com certificação de qualidade que garanta padrões mínimos exigidos mundialmente. Uva e manga já vive essa realidade. Agora chegou a vez da laranja: a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está finalizando o Projeto Estratégico de Produção Integrada de Citros do Brasil (PIFCitros), elaborado com o objetivo principal de apoiar e revitalizar o agronegócio brasileiro de citros para exportação, que gira anualmente em torno de US$ 1,5 bilhão. Sua implantação vai beneficiar diretamente, numa primeira fase, três mil citricultores dos Estados de São Paulo, Bahia e Sergipe.

Segundo o presidente da estatal do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Alberto Duque Portugal, o objetivo inicial do projeto é "promover ações estratégicas avançadas de pesquisa e desenvolvimento para a obtenção de certificação de qualidade no campo voltados à produção de sucos concentrados de laranja para exportação e para a venda in natura, nos principais estados produtores de laranja do Brasil".

O projeto PIFCitros prevê a abrangência de uma área equivalente a 10 mil hectares, sendo 4,6 mil no Estado de São Paulo, 2,6 mil em Sergipe e 2,8 mil na Bahia, uma área hoje responsável, pela geração anual de aproximadamente um milhão de empregos, nestes principais estados produtores de laranja do país.

O Brasil tem perdido significativa parcela de exportação de sucos cítricos para o mercado internacional em função do descuido, principalmente com a fitossanidade. A Embrapa avalia que num futuro próximo, a atividade apresenta risco iminente de perda de mercado, em função da crescente exigência do consumidor internacional por certificados que atestem a garantia de qualidade ambiental e de produtos na origem.

Desde 1998, a constatação de doenças como o cancro cítrico e o "amarelinho" vêm causando preocupação aos produtores, exigindo cuidados para evitar a expansão desses problemas nos pólos produtores. Os especialistas dizem que esta realidade dificulta a produção voltada para a exportação, uma vez que os principais países importadores, como os Estados Unidos e União Européia, a proíbem ou impõe forte restrição às importações.

"A implantação de processos e de sistemas de certificação de qualidade ambiental e do produto no campo, centrados nas necessidades iminentes para a revitalização da citricultura brasileira, são imprescindíveis a curto prazo", diz o chefe geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Mario Augusto Pinto da Cunha.

Para ele a produção integrada de citros contempla tais atividades, "apoiando-as num modelo metodológico pioneiro de re-enquadramento dos sistemas de produção em uso, com base na avaliação da qualidade ambiental e no macro-sequênciamento de seus itinerários técnicos, viabilizando a melhoria de competitividade do setor no mercado mundial".

O papel da Embrapa será, numa primeira instância, fomentar junto aos citricultores dos três Estados a adoção de técnicas reconhecidas pelo mercado internacional, como a "Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle" (APPCC) e a produção integrada. A proposta é apoiada por representantes de peso do setor privado, como Coopercitrus e Fundecitrus, e terá o suporte técnico das Embrapa Meio Ambiente (São Paulo), Mandioca e Fruticultura (Bahia) e Tabuleiros Costeiros (Sergipe) e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário do Estado de Sergipe (Emdagro).

A implantação do PIFCitros tem um cronograma de atividades para os próximos quatro anos, e prevê uma aplicação de recursos de R$ 6,7 milhões, sendo R$ 2,0 milhões de contrapartida da iniciativa privada e R$ 4,7 milhões oriundos do Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

Segundo a Embrapa, o manejo de produção integrada significa a "garantia da produção de alimentos seguros à saúde do consumidor associado à elevação da competitividade das empresas, mediante aperfeiçoamento dos processos produtivos, redução dos custos de produção e melhoria significativa da qualidade e segurança dos produtos cítricos e do meio ambiente". Os estados de São Paulo, Bahia e Sergipe, foram selecionados como áreas-piloto por apresentar cerca de 30 mil produtores e por serem responsáveis por um volume de 70% da citricultura do país. Os técnicos da estatal vão promover ainda estudos comparativos entre os dois tipos de exploração agrícola (tradicional x produção integrada) com base no sequenciamento dos itinerários técnicos. Está prevista também a criação de um serviço de informação aos citricultores, via Internet, disponibilizando os seguintes dados: Alerta de pragas e doenças; Emissão de balanço hídrico diário; Banco de dados com informações técnicas de prevenção e controle do uso de agroquímicos; Instruções de uso das cadernetas de campo e de coletores eletrônicos e cursos sobre técnicas de manejo da produção integrada (MPI).

Jornalista: Dalmo Oliveira - MTb N.º 0598/BA Tel.: (075) 721.2120 Fax (075) 721.1118 E-mail: dalmo@cnpmf.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/