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Projeto busca revitalizar a citricultura brasileira

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O município de Bebedouro, localizado ao norte do Estado de São Paulo, foi selecionado como piloto para a introdução no Brasil do sistema de Manejo da Produção Integrada (MPI), internacionalmente conhecido como "Integrated Crop Management". As ações estratégicas da Embrapa serão conduzidas de 2001 a 2004, dentro do projeto "Produção Integrada de Citros no Brasil" - PIFCitros - dentro do Programa de Desenvolvimento da Fruticultura, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, ao qual a Empresa é vinculada.

O projeto da Embrapa Meio Ambiente visa, principalmente, revitalizar o agronegócio cítrico no Brasil e apoiar a implantação de processos de certificação de qualidade do campo voltados à produção de sucos concentrados de laranja para exportação e para a venda "in natura", nos principais estados produtores de laranja do Brasil – São Paulo, Bahia e Sergipe.

De acordo com Aderaldo de Souza Silva, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e líder do projeto pela Embrapa, o MPI de Citros vai apoiar os produtores desta cultura na obtenção de padrões de produção ambientalmente corretos, segundo procedimentos estabelecidos pelas normas das séries ISO14000 (Gestão Ambiental) e as de certificação de qualidade dos produtos, ISO9002. Ele diz que estes processos estarão fundamentados em padrões internacionalmente reconhecidos, como a APPCC (Análises dos Perigos e Pontos Críticos de Controle) e o PIF (Produção Integrada de Frutas), a fim de assegurar conformidade com as exigências mundiais de qualidade. "O MPI é garantia da produção de alimentos seguros à saúde do consumidor associado à elevação da competitividade das empresas, mediante o aperfeiçoamento dos processos produtivos, redução dos custos de produção e melhoria da qualidade e segurança desses produtos", salienta.

A proposta foi apresentada pelo diretor-presidente da Embrapa, Alberto Duque Portugal, no último dia 13 de setembro ao Ministro da Agricultura, Pratini de Morais, sendo aprovados os R$ 4,7 milhões – contrapartida do MAA – para condução das pesquisas nos quatro anos. O projeto tem a participação do setor privado, representado pela Coopercitrus, Fundecitrus e Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, em parceria com o setor público, representado pela Embrapa, com as Unidades Meio Ambiente, Mandioca e Fruticultura e Tabuleiros Costeiros e pela Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe). "O projeto em sua totalidade está orçado em R$ 6,7 milhões, sendo 2 milhões do setor privado. Ainda neste ano devem ser aplicados cerca de R$ 2.360 mil, dos quais R$ 647 mil virão do setor privado", completa Aderaldo.

Citro brasileiro perde mercado

Mesmo com uma área plantada de mais de um milhão de hectares, produção superior a 16 milhões de toneladas e empregando mais de um milhão de trabalhadores diretos e indiretos, o Brasil tem perdido significativa parcela de exportação de sucos cítricos para o mercado internacional em função do descuido, principalmente fitossanitário.

Desde 1987, a constatação de doenças, como o cancro cítrico e o amarelinho vem causando preocupação aos produtores. "Esta realidade dificulta significativamente a produção voltada para a exportação, pois os principais países exportadores a proíbem, como os Estados Unidos, ou então impõem fortes restrições às importações, como a União Européia", diz Aderaldo. Além disso, a citricultura enfrenta também os baixos preços pagos pela caixa (40, 8 kg), sendo que os custos de colheita e de frete também são arcados pelo produtor. Isso, de acordo com ele, reforça que a sobrevivência do setor só será possível por meio da utilização de técnicas que contribuam com a possibilidade de ampliar as exportações do produto. "A implantação do Sistema de Produção Integrada inclui o uso otimizado de insumos e fertilizantes, adoção de medidas preventivas ao aparecimento de pragas e doenças, antes que atinjam danos econômicos irreversíveis, reduzindo assim os custos de produção", complementa Aderaldo.

Projeto usa recursos da Internet

O projeto proposto é multidisciplinar e interinstitucional e portanto, depende do conhecimento técnico de várias áreas. Assim, fazem parte da equipe pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, os quais serão responsáveis pelas informações relacionadas à qualidade ambiental da área de estudo. De acordo com Aderaldo, ficará a cargo desta equipe o diagnóstico ambiental das unidades de produção e monitoramento das fontes potenciais e não potenciais de poluição. Ele diz também que professores da Unesp - Universidade Estadual Paulista e empresas privadas estarão responsáveis pelas informações aplicadas diretamente aos cultivos agrícolas, como por exemplo a implementação de cadernetas eletrônicas de campo, que subsidiarão as atividades do projeto. "Na cooperação técnica salientamos a participação da CNI/Sebrae (Confederação Nacional da Indústria/Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas)", lembra o pesquisador. O Senai e o Senar também estarão sendo convidados a participar do projeto. Além disso, Aderaldo salienta que será criado o SIAC (Serviço de Informação de Alerta aos Citricultores), que funcionará por meio da Internet, permitindo o suporte de acesso a informações privilegiadas em diferentes níveis.

Toda a equipe estará sob a coordenação geral do professor Luiz Carlos Donadio, diretor científico da Estação Experimental de Bebedouro e professor titular da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp, campus de Jaboticabal, SP.

Jornalista Eliana Lima - MTb 22047 Embrapa Meio Ambiente Tel.: (19) 3867.8708 Email: elima@cnpma.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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