Produtores do RS enfrentam problemas com doença da soja
Produtores do RS enfrentam problemas com doença da soja
Agricultores de vários municípios do Rio Grande do Sul, que semearam lavouras de soja no início de novembro de 2000, têm observado a morte de plântulas (planta em início de desenvolvimento) logo após a emergência, o que vem causando falhas nas fileiras, levando ao replantio de parte ou mesmo de toda a lavoura. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, identificou o problema em amostras de plântulas dos municípios de Passo Fundo, Cruz Alta, Fortaleza dos Valos, São Gabriel, Ernestina e Catuípe.
"Trata-se da doença conhecida como tombamento, causado tanto pelos fungos Pitium ou Fitóftora. Essa doença pode ser encontrada em todas as regiões produtoras de soja do mundo e somente em laboratório é possível diferenciar o agente causal", destaca a pesquisadora da área de fitopatologia da Embrapa Trigo, Leila Maria Costamilan. Esses fungos são habitantes normais do solo e podem sobreviver por muitos anos em restos de plantas de soja ou em solo e possuem grande número de hospedeiros, como o milho, o que dificulta o controle pela rotação de culturas.
O problema ocorreu em lavouras com excesso de umidade no período entre semeadura e emergência. "Nessas condições, esses fungos podem ocasionar o apodrecimento tanto de sementes, em pré-emergência, como de raízes, de cotilédones e de hipocótilo em plântulas em pós-emergência", acrescenta a pesquisadora. Antes da germinação, pode ocorrer apodrecimento mole de sementes. Se a infecção ocorrer logo após a germinação, as sementes podem não emergir, apresentando a radícula curta e apodrecida, flácida e marrom. As plântulas que conseguirem emergir do solo podem, também, apresentar apodrecimento flácido, de cor marrom, na extremidade da raiz principal. "Em estádios mais avançados, o apodrecimento pode atingir apenas a extremidade da raiz principal, ocasionando o desenvolvimento de várias raízes secundárias superficiais, podendo gerar plantas mais fracas e menos resistentes a períodos de déficit hídrico", complementa Leila Costamilan.
Ela adverte que o manejo da doença não é fácil. No caso de Pitium, não existem cultivares de soja resistentes. Para Fitóftora, são resistentes Ocepar 14, FT-Abyara e BRS 66. Outro problema é que, em caso de replantio, os sintomas podem voltar a ocorrer se as condições climáticas, principalmente excesso de chuvas, continuarem favoráveis ao desenvolvimento do tombamento.
Mas a pesquisadora acredita que esse não será um problema rotineiro, em função de que no Rio Grande do Sul é comum a ocorrência de períodos de déficit hídrico, os chamados veranicos, em novembro e em dezembro, quando se concentra a semeadura de soja. "Porém, em monocultura, principalmente no sistema plantio direto, e em condições de excesso de precipitação pluvial, convém o agricultor e a assistência técnica ficarem atentos para a ocorrência dos sintomas", finaliza.
Jornalista: Magali Savoldi (MTb 8829/RS) Embrapa Trigo - Telefone: (54) 311-3444 E-mail: magali@cnpt.embrapa.br
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