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Clones da Embrapa ampliam produção de guaraná no Amazonas

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, por meio de seu programa de melhoramento genético do guaranazeiro, está lançando e recomendando para plantio no Estado do Amazonas, 10 novos clones de guaraná.

De acordo com as pesquisas, estes clones poderão contribuir para o desenvolvimento da cultura, com aumento da quantidade e da qualidade da produção estadual desse fruto, considerado de grande importância econômica e social na região. Conforme o pesquisador de Genética e Melhoramento de Guaraná da Embrapa, André Atroch, a estratégia é colocar no mercado novas opções aos produtores, que podem escolher o grupo de clones que melhor servir para sua plantação.

Além de serem resistentes à antracnose, doença que ataca as folhas e flores do guaranazeiro, a principal vantagem dos novos clones é a alta produtividade: mais de 1,5 quilo de sementes por planta contra uma média regional de 200 gramas por planta. Três dos clones que serão lançados apresentam ramos curtos, o que permite obter uma maior densidade de plantas por hectare. Os 10 novos clones somados aos dois lançados pela Embrapa no ano passado, irão garantir a diversidade genética da cultura no Amazonas, impedindo o avanço da antracnose, que está causando perdas totais de produção.

Outras vantagens destes novos clones, obtidos pelo método de estaquia (reprodução sexuada), são: o tempo de formação da muda clonada é de 7 meses, enquanto que, a muda tradicional, por semente, demora 12 meses para ficar pronta e ir ao campo; possuem tolerância à doença antracnose. Por outro lado, as plantas tradicionais são severamente atacadas por esta doença, que causa perdas de até 100% da produção.

A produtividade é de 10 vezes maior do que as plantas tradicionais; os clones possuem precocidade para o início da produção, em média, de 2 anos, contra 4 anos das plantas tradicionais; a produção comercial estabiliza-se após 3 anos do plantio no caso dos clones, e em 5 anos nas plantas tradicionais e a sobrevivência dos clones no campo, após um ano de plantio, supera 90% e, nas plantas provenientes de sementes, geralmente está abaixo de 80%.

Uma fruta amazônica

O Brasil é ainda o único produtor comercial de guaraná do mundo. Estima-se que a produção nacional esteja em torno de 3.600 toneladas por ano. A produção do Amazonas é de aproximadamente 1.300 toneladas. Municípios produtores de guaraná têm maior população rural do que urbana, exemplo disso se verifica em Maués e Urucará. O primeiro, é o maior produtor, com aproximadamente 60% da produção estadual.

Atualmente, quase toda a produção, cerca de 70%, é consumida no mercado interno pelas indústrias de refrigerantes e de sucos. A demanda tende-se a crescer, visto que as grandes fábricas de concentrados, tais como Ambev e Pepsi Cola, planejam exportar o guaraná Antarctica para 175 países. Para atender às próprias necessidades, os fabricantes estão cultivando em fazendas próprias a cultura com clones selecionados. No município de Maués estão as grandes plantações da Ambev com 1020 hectares plantados. Enquanto Presidente Figueiredo (a 107 quilômetros de Manaus) detêm as plantações da Coca-Cola com 650 hectares e do grupo Santa Cláudia, com 80 hectares.

Conforme o pesquisador Manoel Cravo, especialista em solos e nutrição de plantas da Embrapa, a produtividade ainda é baixa no Amazonas devido à baixa qualidade das mudas plantadas; idade avançada dos plantios; alta variabilidade genética; incidência de pragas e à falta de aplicação de tratos culturais. Para amenizar essa problemática, a Embrapa vem realizando pesquisas com a cultura desde a década de 70. Já domina a técnica de clonagem gerando plantas mais produtivas, com baixos impactos ambientais e baixos custos. É a única empresa do mundo a pesquisar o guaraná e vem repassando as informações aos agricultores através das atividades desenvolvidas ao longo do ano, tais como cursos, dias de campo e exposições.

Mais informações: Jornalista: Maria José Tupinambá (MTb 114/DRT-AM) Embrapa Amazônia Ocidental Fone/fax - (92) 622-2012 ramal 261 E-mail: maria@cpaa.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Matérias Primas 

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