01/03/01 |

Produtores do DF conhecerão Sistema Santa Fé

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Na próxima sexta-feira, dia 9 de março, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, estarão apresentando em dia de campo o sistema Santa Fé para agricultores e pecuaristas do Distrito Federal. A apresentação é inédita e acontecerá na fazenda Nossa Senhora de Fátima, no PAD-DF (saída para Unaí), a partir das oito horas da manhã. Placas estarão sinalizando o local a partir da entrada do PAD-DF.

A tecnologia é voltada para produção de grãos e formação de pastagem ou de silagem para a entressafra de modo simultâneo na mesma área cultivada. O Santa Fé permite ao produtor consorciar milho, sorgo ou soja com braquiárias. O resultado é que, além do grão, o agropecuarista irá dispor de capim de alta qualidade e em grande quantidade, seja para oferecer ao gado na seca (inverno), seja para obter palhada para o plantio direto (PD). O Sistema é dirigido para a região do cerrado brasileiro e recomendado para solos com acidez corrigida e de média a alta fertilidade.

De acordo com o pesquisador João Kluthcouski, da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás/GO), o Santa Fé, em comparação ao plantio solteiro, possui custo extra de implantação de R$10 por hectare para o agricultor. Montante referente a aquisição de semente da forrageira (cerca de R$2 o quilo), levando-se em conta que são necessários cinco quilos de semente por hectare com VC (valor cultural ou de germinação) de 30%. As demais operações (aplicação de defensivos, adubação, semeadura e colheita) não exigem acréscimos de investimentos. Isso porque a braquiária é plantada com a cultura ao mesmo tempo, beneficiando-se das atividades corriqueiras de cultivo.

É recomendável que os pecuaristas adquiriram maquinário (plantadeira, colheitadeira etc) ou arrendam implementos agrícolas. Convém também dominar a técnica de plantio. João Kluthcouski afirma que o estabelecimento do Santa Fé deve ocorrer na safra de verão em PD, preferencialmente, ou no sistema convencional (arar, gradear etc). Ele explica que a semeadura é feita de maneira que as sementes da forrageira, misturadas ao adubo, fiquem pouco (três a quatro centímetros) abaixo das sementes da cultura. Existem recomendações específicas de regulagem da plantadora para profundidade de plantio e espaçamento entrelinhas que variam segundo o consórcio e os tipos de solo.

Uma vez concluída a semeadura, é preciso acompanhar a lavoura. Como as plantas vão crescer juntas, o pesquisador Tarcísio Cobucci diz que, no caso da soja, é aconselhável aplicar subdoses de herbicidas (apenas 25% da dosagem normal) para "segurar" o capim após sua emergência. Isso irá impedi-lo de competir com a cultura na fase inicial de desenvolvimento. Outro detalhe destacado pelos pesquisadores é que a adubação nitrogenada de cobertura (exceto na soja) deve ser antecipada para cerca de 10 dias após a emergência da cultura. Isso dará um "empurrão" para que ela se estabeleça mais depressa e impeça o avanço da braquiária.

João Kluthcouski adverte que, na hora da colheita, um cuidado tem de ser tomado. A operação não pode ser feita tardiamente. Isso porque o capim tende a crescer mais rapidamente com o amadurecimento da cultura. Considera-se ainda a possibilidade de uso de dessecante para "queimar" a parte aérea da forrageira e melhorar o rendimento da colheita, quando o consórcio for com a soja.

Estudos sobre o Santa Fé indicam que o capim não alterou significativamente a produtividade. Em média, as quedas de rendimento para milho e sorgo foram inferiores a 2% e a 3%, respectivamente. Já o mesmo não pode ser dito sobre a soja. Houve uma redução média de 21%. Essa constatação reafirma a recomendação de se aplicar subdoses de herbicidas para inibir o crescimento da braquiária. Com esse tratamento, pode-se minimizar a perda para menos de 10%.

Passada a colheita, aconselha-se vedar a área entre 30 a 60 dias, tempo suficiente para a rebrota. Depois é só colocar o gado em pastejo direto ou fazer silagem para o período da entressafra. Quem quiser acelerar o processo de crescimento do capim pode ainda aplicar 30 quilos de nitrogênio por hectare, afirma João Kluthcouski. No caso dos adeptos ao PD, a braquiária, após dessecada, fornecerá cobertura morta de alta qualidade para plantio na safra de inverno, explorando-se culturas sob irrigação, ou no verão seguinte. Para isso, Tarcísio Cobucci orienta que a utilização de herbicida deverá ser feita em torno de 10 dias (forrageira com até 40 cm de altura) a 25 dias (altura superior a 60 cm) antes da semeadura.

Santa Fé no sistema produtivo

Devido à versatilidade com que consorcia grãos e braquiárias, o Santa Fé possibilita vários esquemas de manejo, conforme às diferentes necessidades do produtor. O agropecuarista Ricardo Merola, por exemplo, trabalha em uma área total de 3.800 hectares em Santa Helena de Goiás (GO). Ele cultiva lavouras comerciais e também lida com a recria de mais de nove mil animais, confinando-os no inverno. Em recente entrevista à revista DBO Rural, Merola faz um cálculo comparativo para mostrar a vantagem do Santa Fé. Segundo ele, um agricultor convencional, tecnificado, produzindo milho, tem receita bruta de R$1.200 por hectare (120 sacos a R$10 cada).

Já o produtor que utiliza o Santa Fé pode contar com no mínimo 120 toneladas por hectare de massa verde (capim e milho) anualmente. Esse volume é suficiente para confinar 60 bois durante 100 dias, consumindo 20 kg de massa verde por dia e apresentando ganho diário de 1,1 kg por cabeça. Com um rendimento de 52%, é possível produzir 57 kg de carne por cabeça durante o confinamento. Com a arroba a R$40 (R$2,66 o kg), sua receita será de R$152 por boi. Multiplicando esse valor por 60, chega-se à receita bruta de R$9.120 por hectare. Na dedução, levando em conta o custo de R$1 por cabeça ao dia (incluindo despesas operacionais), os 110 dias de confinamento saem por R$ 110 por cabeça. Como trata-se de 60 bois, número de animais que se consegue alimentar com um hectare, chega-se a R$ 6.600 por hectare. Logo, a receita líquida por hectare é de R$ 2.520.

SAIBA MAIS
O Santa Fé possibilita o fim do "boi sanfona", que engorda nas águas e emagrece na seca. A cada entressafra no cerrado são estimadas perdas em torno de US$ 1 bilhão com a morte e emagrecimento de bovinos. (Mais detalhes com o pesquisador João Kluthcouski)
No sistema plantio direto, milho e braquiária, colhidos para silagem, renderam até 155 toneladas de volumoso por hectare. Milho (45t/ha), capim 1º corte (45t/ha), 2º corte (30t/ha) e 3º corte (35t/ha). (Mais detalhes com o pesquisador João Kluthcouski)
No Santa Fé, a braquiária funciona como cultura anual não interferindo no cronograma do produtor. Após seu aproveitamento, ela é dessecada, visando novamente o plantio em consórcio com grãos na safra seguinte. Com isso, o agropecuarista terá sempre capim nutritivo para oferecer ao gado na seca. (Mais detalhes com o pesquisador João Kluthcouski)
O Santa Fé é encarado como uma forma de exploração ecológica. Exige menos defensivos agrícolas, pois o capim quebra o ciclo de pragas, doenças e plantas daninhas. Dados de Santa Helena de Goiás (GO) mostram que a palhada de braquiária (cobertura morta) conteve fungos de solo que atacam o feijoeiro no cultivo irrigado (inverno). Houve redução no aparecimento de podridões radiculares e incidência zero de mofo-branco. A utilização de subdoses de herbicidas para "segurar" a braquiária em consórcio com a cultura também agride menos ao meio ambiente. No caso do plantio solteiro de milho, sorgo ou soja, o produtor usaria doses inteiras para matar as plantas daninhas, ou seja, gastaria mais dinheiro.
Um dos problemas do PD em solos tropicais é a rápida decomposição da palhada (cobertura morta), devido à intensa atividade biológica. O consórcio de braquiária com culturas resulta em palhadas mais duradouras, de modo que até três meses depois da dessecação e plantio ainda é possível encontrar o solo plenamente protegido. (Mais detalhes com o pesquisador Homero Aidar)
Conscientização: o pecuarista brasileiro é um péssimo agricultor, enquanto que o agricultor pode ser um bom pecuarista. Esta frase, corrente nos meios rurais, expressa o desleixo que muitos pecuaristas têm com o plantio da pastagem do gado. O Santa Fé exige do pecuarista uma mudança de comportamento.
Origem: o Santa Fé vem sendo desenvolvido há três anos (safras 98/99 e 00/01) em áreas experimentais de Santa Helena de Goiás (GO), Luziânia (GO), Mimoso (BA), Campo Novo do Parecis (MT), Primavera do Leste (MT), Montividio (GO) e microregião do Distrito Federal. Participam da empreitada as unidades da Embrapa: Arroz e Feijão, Cerrados e Milho e Sorgo. O Sistema leva o mesmo nome da fazenda-sede, onde o trabalho foi iniciado.
Programação de Dias de Campo com o Sistema Santa Fé
- 1a Quinzena de fevereiro, Santo Antônio de Goiás (GO). - 2a Quinzena de fevereiro, Santa Helena de Goiás (GO); Produtor: Ricardo Merola. - 2a Quinzena de fevereiro, Montividio (GO); Produtor: Andreas Petters. - 1a Quinzena de março, COPADF (DF). - 1a Quinzena de março, São João da Aliança (GO). - 2a Quinzena de março, Paraíso (MT); Produtor: Mário Morofusi. - 2a Quinzena de março, Primavera do Leste (MT).

Jornalista: Rodrigo Peixoto (MTb 1.077/GO) Embrapa Arroz e Feijão Fone: (62) 533-2108 E-mail: rpbarros@cnpaf.embrapa.br  

Tema: A Embrapa\Transferência de Tecnologia 
SAIBA MAIS
O Santa Fé possibilita o fim do "boi sanfona", que engorda nas águas e emagrece na seca. A cada entressafra no cerrado são estimadas perdas em torno de US$ 1 bilhão com a morte e emagrecimento de bovinos. (Mais detalhes com o pesquisador João Kluthcouski) No sistema plantio direto, milho e braquiária, colhidos para silagem, renderam até 155 toneladas de volumoso por hectare. Milho (45t/ha), capim 1º corte (45t/ha), 2º corte (30t/ha) e 3º corte (35t/ha). (Mais detalhes com o pesquisador João Kluthcouski)No Santa Fé, a braquiária funciona como cultura anual não interferindo no cronograma do produtor. Após seu aproveitamento, ela é dessecada, visando novamente o plantio em consórcio com grãos na safra seguinte. Com isso, o agropecuarista terá sempre capim nutritivo para oferecer ao gado na seca. (Mais detalhes com o pesquisador João Kluthcouski)O Santa Fé é encarado como uma forma de exploração ecológica. Exige menos defensivos agrícolas, pois o capim quebra o ciclo de pragas, doenças e plantas daninhas. Dados de Santa Helena de Goiás (GO) mostram que a palhada de braquiária (cobertura morta) conteve fungos de solo que atacam o feijoeiro no cultivo irrigado (inverno). Houve redução no aparecimento de podridões radiculares e incidência zero de mofo-branco. A utilização de subdoses de herbicidas para "segurar" a braquiária em consórcio com a cultura também agride menos ao meio ambiente. No caso do plantio solteiro de milho, sorgo ou soja, o produtor usaria doses inteiras para matar as plantas daninhas, ou seja, gastaria mais dinheiro. Um dos problemas do PD em solos tropicais é a rápida decomposição da palhada (cobertura morta), devido à intensa atividade biológica. O consórcio de braquiária com culturas resulta em palhadas mais duradouras, de modo que até três meses depois da dessecação e plantio ainda é possível encontrar o solo plenamente protegido. (Mais detalhes com o pesquisador Homero Aidar) Conscientização: o pecuarista brasileiro é um péssimo agricultor, enquanto que o agricultor pode ser um bom pecuarista. Esta frase, corrente nos meios rurais, expressa o desleixo que muitos pecuaristas têm com o plantio da pastagem do gado. O Santa Fé exige do pecuarista uma mudança de comportamento.Origem: o Santa Fé vem sendo desenvolvido há três anos (safras 98/99 e 00/01) em áreas experimentais de Santa Helena de Goiás (GO), Luziânia (GO), Mimoso (BA), Campo Novo do Parecis (MT), Primavera do Leste (MT), Montividio (GO) e microregião do Distrito Federal. Participam da empreitada as unidades da Embrapa: Arroz e Feijão, Cerrados e Milho e Sorgo. O Sistema leva o mesmo nome da fazenda-sede, onde o trabalho foi iniciado.
Programação de Dias de Campo com o Sistema Santa Fé
- 1a Quinzena de fevereiro, Santo Antônio de Goiás (GO). - 2a Quinzena de fevereiro, Santa Helena de Goiás (GO); Produtor: Ricardo Merola. - 2a Quinzena de fevereiro, Montividio (GO); Produtor: Andreas Petters. - 1a Quinzena de março, COPADF (DF). - 1a Quinzena de março, São João da Aliança (GO). - 2a Quinzena de março, Paraíso (MT); Produtor: Mário Morofusi. - 2a Quinzena de março, Primavera do Leste (MT).

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/