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Produtores do Amazonas receberão 250 mil mudas clonadas de guaraná

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Produtores rurais de três cidades do Amazonas (Maués, Boa Vista do Ramos e Urucará) começarão a receber, a partir de abril, 250 mil mudas clonadas de guaraná, por meio de uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento e do Abastecimento, o Governo do Estado e o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam). A idéia é concentrar recursos para desenvolver a cultura na região e trazer ao Amazonas o status de maior produtor nacional da fruta.

O Idam ficará responsável pela seleção dos agricultores interessados em dispor do material genético que vem sendo produzido no campo experimental da Embrapa Amazônia Ocidental, localizado em Maués (a 267 quilômetros de Manaus). "Nesta nova fase, o Idam vai selecionar, distribuir as mudas e fazer o acompanhamento técnico", garante o secretário estadual de Interior e presidente do Idam, José Melo. Segundo ele, a Agência de Financiamento do Estado (Afeam), vai triplicar a sua capacidade de financiamento da produção estadual – em 2000 foram aplicados R$ 83 milhões.

Para atender o aumento da demanda, que começou a crescer no final do ano passado, quando foram lançados 10 novos clones, a Embrapa está ampliando os viveiros de guaraná no campo experimental. Até o final de 2002 a Empresa vai dobrar a produção atual de 90 mil para 210 mil mudas anuais. A meta da Embrapa é testar os novos materiais também em toda a região Norte, na Bahia e no Mato Grosso, onde há interesse pelos clones.

Mercado - O Brasil é ainda o único produtor comercial de guaraná do mundo. Estima-se que a produção nacional esteja em torno de 3.600 toneladas por ano - a produção do Amazonas é de aproximadamente 1.300 toneladas. Atualmente, quase toda a produção, cerca de 70%, é consumida no mercado interno pelas indústrias de refrigerantes e de sucos.

A demanda tende a crescer, uma vez que as grandes fábricas de concentrados, como a Ambev e a Pepsi Cola, planejam exportar o guaraná Antarctica para 175 países. Para atender às próprias necessidades, os fabricantes estão cultivando, em suas propriedades, clones selecionados. No município de Maués estão as grandes plantações de guaraná da Ambev (com 1.020 hectares plantados – 60% da produção estadual), enquanto Presidente Figueiredo (a 107 quilômetros de Manaus) detêm as plantações da Coca-Cola (com 650 hectares) e do grupo Santa Cláudia (com 80 hectares). Os municípios produtores de guaraná têm maior população rural do que urbana.

De acordo com os pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental, os novos clones podem contribuir para o desenvolvimento da cultura, com aumento da quantidade e da qualidade da produção estadual do guaraná, considerado de grande importância econômica e social na região. Para o pesquisador da Embrapa André Atroch, a estratégia é colocar no mercado novas opções aos produtores, que poderão escolher o grupo de clones que melhor servir à sua plantação. Além de serem resistentes à antracnose - doença que ataca as folhas e que está causando perdas totais de produção - a principal vantagem dos novos clones é a alta produtividade: mais de 1,5 quilo de sementes por planta contra uma média regional de 200 gramas por planta. Três dos clones lançados apresentam ramos curtos, o que permite obter uma maior densidade de plantas por hectare.

Outra vantagem dos novos clones, obtidos pelo método de estaquia (reprodução assexuada) é o tempo de formação da muda clonada, que é de 7 meses, enquanto que a muda tradicional, por semente, demora 12 meses para ficar pronta e ir ao campo. A produtividade é 10 vezes maior do que as plantas tradicionais e os clones possuem precocidade para o início da produção, em média, de 2 anos, contra 4 anos das plantas tradicionais. Com os clones, a produção comercial estabiliza-se após três anos do plantio – o que demora mais de cinco anos no caso das plantas tradicionais. A sobrevivência dos clones no campo também é maior: após um ano de plantio, supera 90%, enquanto que nas plantas provenientes de sementes geralmente está abaixo de 80%.

Jornalista: Maria José Tupinambá (114-DRT/AM) Embrapa Amazônia Ocidental Telefone: (92) 622-1100  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

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