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Novo tratamento controla inseto que destrói palma

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Em três anos, o ataque de um inseto conhecido como cochonilha de escama pode dizimar cerca de 50% de um palmal. É uma perda significativa para o pecuarista do semi-árido nordestino. A palma é a única planta forrageira que pode ser armazenada ao vivo, no campo, sem precisar ser cortado, sem perder seu valor nutritivo e sem parar de crescer. "É uma planta estratégica para os sistemas de produção pecuário na caatinga", explica o pesquisador Severino Gonzaga de Albuquerque, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, lembrando que os produtores devem ficar atentos à infestação do inseto nas suas áreas de cultivo.

Severino explica que é muito fácil detectar quando a cochonilha se instala num plantio de palma: no "pé" da planta aparecem pequenos pontos brancos. Com o tempo, se o inseto não for combatido adequadamente, esses pontos se transformam numa massa branca que se espalha por toda a palma, que acaba morrendo. Essa massa serve como proteção do inseto contra os raios solares. Segundo o pesquisador, a adoção de tratamentos químico e biológico são eficientes em mais de 80% no controle do inseto.

Tratamento - Na publicação "Cultivo da Palma Forrageira no sertão do São Francisco", lançada pela Embrapa Semi-Árido (Petrolina/PE), Severino explica a forma de controle químico, que ele próprio testou no Campo Experimental da Caatinga. Para o pesquisador, independente da infestação da praga ou não, o pecuarista deve manter o plantio da palma sempre no limpo. Desta forma, as plantas cultivadas ficam menos ressequidas e desidratadas.

Periodicamente a palma deve ser adubada com bastante estrume. A umidade e adubação asseguram maior resistência da planta à infestação da praga. No entanto, caso a cochonilha já tenha se instalado, Severino orienta ao produtor a não usar produtos químicos de forma generalizada e sem orientação técnica. Segundo ele, há insetos que são predadores da cochonilha e, portanto, é importante que sua população seja mantida em um nível adequado na área cultivada com palma para que o controle possa ser feito de forma biológica.

No controle químico, Severino recomenda três aplicações de óleo mineral a 1% (200 ml/20 litros) junto com sal de cozinha (1kg/20 litros). As aplicações devem ser feitas de forma intercalada a cada 15 dias. Outra maneira de tratar a infestação da praga é uma mistura de vários produtos conhecida como "querobão": para um pulverizador de 20 litros, são misturados a "golda" de 200 g de fumo de rolo, 200 g de sabão em barra e duas colheres de querosene. Na preparação desse produto, o fumo deve pernoitar de molho para formar a golda, enquanto o sabão deve ser passado no liqüidificador.

O pesquisador da Embrapa Semi-Árido diz que o tratamento tem de ser cumprido à risca. Não adianta o produtor fazer apenas parte do que prevê o tratamento, porque não obterá os resultados desejados e, o mais grave, estará estimulando uma maior resistência do inseto aos métodos e produtos de controle. A cochonilha é um inseto que se dissemina de maneira lenta, em especial porque a fêmea da espécie não possui asas. Nem por isso, afirma Severino, o pecuarista não deve descuidar do combate às primeiras manifestações de ataque ao palmal.

Na época seca, a disseminação da cochonilha é mais rápida. Dois fatores influenciam a maior incidência da praga. Um, é que, nesse período, a população de inimigos naturais diminui. E outro, é que a planta está sofrendo perda de umidade e nutrientes e isto a torna mais vulnerável ao ataque do inseto. Para Severino, os plantios de palma devem receber tratamento atencioso do produtor porque a sobrevivência dessa planta no semi-árido não é fácil. Ao contrário do que se acredita, explica ele, o ambiente do sertão nordestino é hostil à palma, principalmente com relação à temperatura mínima noturna. As condições ideais para desenvolvimento da planta são de temperaturas diárias variando de 15º C a 25º C, em média. Nas áreas secas da Região Nordeste, elas registram variações de 21º C a 31º C. Isto, afirma, não deve ser impecilho ao plantio de palma nas áreas secas da região. A palma, diz é uma planta que já mostrou qualidade como forrageira e viabilidade para enfrentar períodos críticos de estiagem, como as secas de 1993 e 1998-99.

Severino considera importante que os produtores saibam diferenciar a cochonilha de escama da cochonilha de carmim. Esta foi introduzida com a palma no Brasil junto com a palma: o objetivo era usá-la na indústria de corantes. Nesta época, a palma não tinha qualquer utilidade como forragem. Só com o declínio dessa indústria é que a palma passou a ser usada como planta ornamental e, no início do século XX, passou a ser usada como forragem para os animais. A cochonilha do carmim, que hoje está com grande infestação em palmais do município de Sertânia (PE), é um fenômeno novo na manifestação do inseto no semi-árido, embora não chegue a provocar a morte das palmas. Mas, diminui muito a sua produtividade. Portanto, é menos inofensiva que a cochonilha de escama, que leva à morte as plantas.

Jornalista: Marcelino Embrapa Semi-Árido Telefone: (81) 3862-1711 – r.234/235 E-mail: marcelrn@cpatsa.embrapa.br  

Tema: Ecossistema\Trópico Semi-Árido 

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