01/06/01 |

Índios querem conciliar tecnologia e conhecimento tradicional

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A restrição de espaço territorial fez com que os povos indígenas despertassem para a urgência de otimizar o uso da terra e de suas riquezas antes que fosse impossível manter a sobrevivência da própria aldeia. A necessidade os levou a conciliar técnicas modernas da atividade agropecuária e o conhecimento tradicional, fato que tem trazido ganhos na variedade de alimentos e produtividade.

Há seis anos, lideranças de quase todas as etnias do Acre se reúnem em Rio Branco para trocar experiências entre si e com entidades públicas e organizações não-governamentais. Com o apoio de entidades como a Comissão Pró-Índio (CPI), 38 lideranças visitaram os campos experimentais da Embrapa Acre (Rio Branco/ACS) no final de junho. O grupo se interessou pela produção de mudas enxertadas de citrus, destilação de óleos essenciais e sistemas agroflorestais.

O motivo é simples. Com mudas enxertadas, a aldeia consegue plantas mais produtivas, resistentes e tolerantes a pragas e doenças com a metade do tempo gasto no cultivo de nativas. Um pé de laranja enxertada com limão cravo gera frutos em três ou quatro anos. Do contrário, chega a levar até oito anos sem a certeza da qualidade do produto.

O interesse no processo de extração de óleos vegetais justifica-se pela disponibilidade destes recursos na floresta, como copaíba e andiroba, que podem se tornar estratégicos na geração de benefícios para a aldeia.

Já com sistemas agroflorestais, otimiza-se o uso da área de roçado, consorciando num mesmo espaço diferentes tipos de cultura como cupuaçu, pupunha, açaí e abacaxi. Tudo depende da exigência de cada espécie em relação a luz, sombreamento, água, tempo de produção e colheita. Estas variáveis devem ser estudas pela comunidade, que conta com o apoio de técnicos ligados a instituições como CPI, Embrapa Acre e Seater-GP.

"Nosso povo já teve muita terra e muita caça. Não estamos passando fome, mas precisamos conservar o que ainda temos para não faltar", afirmou Josimar Kashinawa. Outras unidades da Embrapa desenvolvem projetos de apoio a comunidades indígenas no Brasil, cujos resultados têm sido diversificação dos roçados, melhoria da dieta alimentar, manejo adequado de plantas medicinais e maior permanência dos homens na comunidade.

Jornalista: Soraya Pereira da Silva Embrapa Acre Telefone: (68) 224-3932 E-mail: soraya@cpafac.embrapa.br  

Tema: Ecossistema\Trópico Úmido 

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