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Workshop reúne especialistas em melhoramento genético

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Nesta quinta-feira, dia 9 de agosto, estarão reunidos em Curitiba (PR) os mais importantes pesquisadores em melhoramento genético florestal do país. Eles participarão do workshop "Melhoramento de espécies florestais e palmáceas no Brasil", promovido pela Embrapa Florestas, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento.

O Brasil hoje é considerado um dos líderes em melhoramento genético florestal, sendo referência mundial nas espécies Eucalyptus e Pinus, responsáveis por grande parte dos reflorestamentos no país. As florestas plantadas ocupam hoje cerca de 6 milhões de ha, concentradas principalmente nas regiões sul e sudeste. Segundo a Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), o Brasil possui 4, 8 milhões de hectares reflorestados com pinus e eucalipto, sendo 1, 8 milhão ha com Pinus e 3 milhões ha com Eucalipto. Ainda segundo a SBS, o setor florestal é responsável por 4% do PIB nacional e gera 2 milhões de empregos diretos e indiretos.

Os plantios florestais de rápido crescimento vêm contribuindo para reduzir o déficit de madeira em todo o mundo, e também no Brasil. O consumo de madeira no país é estimado em 300 milhões de metros cúbicos por ano. Desse total, apenas 75 milhões de metros cúbicos são supridos por plantios florestais. O saldo (74%) ainda provém de florestas nativas. É neste ponto que reside o maior desafio do melhoramento genético florestal: melhorar a qualidade e produtividade dos plantios florestais para que se tire a pressão sobre as florestas nativas.

O evento é uma parceria com a Universidade Federal do Paraná/FUPEF, Universidade Federal de Viçosa, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) e conta com o apoio da Fundação Araucária.

Data: 09/08/01 Local: Auditório da Escola de Florestas – Rua Lothário Meissner, 3400 – Jd. Botânico Horário: 8h30 às 18h

Programação do evento

As palestras vão enfocar os seguintes aspectos: - Análise do mercado e necessidades do setor; - Germoplasma: descrição e caracterização com dados produtivos e qualitativos; - Objetivos do melhoramento; - Caracteres (dados sobre o controle genético e inter-relações); - Necessidades de pesquisa; - Tendências futuras.

1. A propriedade intelectual das obtenções do melhorista florestal – Paulo Galvão – Embrapa Florestas Toda a sociedade se volta hoje para as questões de proteção intelectual, ou seja, de proteção das criações e descobertas, resultantes da inteligência e talento humanos. Esta é uma forma de garantir os direitos de propriedade e também a cobrança de royalties. O setor florestal está preocupado com esta questão e procura novas formas de patentear suas descobertas e melhorias de processo. No Brasil a legislação está amparada em acordos internacionais que resultam em leis, como a Lei de Proteção de Cultivares. Esta lei permite proteger os direitos sobre inovações arbóreas.

2. Projeto Genoma do Eucalyptus – Dário Grattapaglia – PUC/DF O Brasil hoje é o líder mundial em áreas plantadas de eucalipto e em produtividade florestal. As árvores daqui crescem como em lugar nenhum do mundo. O país possui a mais alta tecnologia em silvicultura e, além disso, também possui tecnologia de ponta na área de genética quantitativa e molecular. O Projeto, previsto para acontecer durante cinco anos, vai seqüenciar o DNA do eucalipto, fazer um mapeamento genético e trabalhos de mensuração de características da madeira (tipo de madeira, teor de lignina, celulose, tipo de celulose etc.). O objetivo final é conseguir produzir árvores de uma forma mais eficiente, ou seja, conseguir produzir mais madeira por área plantada, além de madeiras com características físico/químicas muito especiais para produtos como papel, carvão, madeira sólida. Esta produção poderá ser feita de uma maneira direcionada, utilizando a integração das técnicas convencionais de melhoramento genético clássico, com as técnicas avançadas, ou seja, genômicas, através dos marcadores moleculares. Este trabalho é pioneiro em todo o mundo.

3. Melhoramento de espécies florestais na Embrapa – Jarbas Shimizu – Embrapa Florestas Nesta palestra será apresentado o trabalho realizado pelas unidades da Embrapa em melhoramento genético florestal, com ênfase no trabalho da Embrapa Florestas. Serão apresentados os trabalhos das Redes Experimentais de Eucalipto e Pinus.

4. The relevance of site analysis for tree breeding in South Africa – janusz Zwolinski – University of Natal – África do Sul Junto com o Brasil, a África do Sul é um dos maiores produtores de eucalipto e possui as duas das maiores indústrias de celulose de eucalipto no mundo. Apesar de ser um país pequeno, se comparado ao Brasil, e possuir variações ambientais grandes (diferentes tipos de solo, temperatura e altitude), a África do Sul conseguiu adaptar 12 espécies diferentes de eucalipto aos vários sítios existentes e possui, hoje, 1,5 milhão de ha de reflorestamentos.

5. Melhoramento para produtividade e qualidade de celulose de fibra curta – Teotônio Francisco de Assis – Klabin Riocell O eucalipto produz celulose de fibra curta, utilizada para fabricação de papéis mais finos, como papel para escritório, impressão, entre outros. Para atender as demandas da indústria, realiza-se pesquisas de melhoramento para produzir árvores que cresçam mais rapidamente e que apresentem uma boa qualidade de madeira. O objetivo é concorrer no mercado europeu, o qual requer celulose de alta qualidade, hoje produzida principalmente na Espanha e Portugal.

6. Melhoramento para produtividade e qualidade de celulose de fibra longa – Ivone Fier – Klabin O pinus produz celulose de fibra longa, utilizada para fabricação de papéis mais resistentes, como embalagens e papelão. O grande desafio é introduzir espécies tropicais, que apresentam crescimento maior, para concorrer em qualidade e quantidade com a celulose fabricada nos Estados Unidos.

7. Melhoramento para produção de energia (carvão vegetal) – Helder Bolognani Andrade – Mannesmann Quando as grandes siderúrgicas se instalaram em Minas Gerais, eram utilizadas árvores do cerrado para produção de energia. Com a introdução do eucalipto, a energia passou a ser produzida com as árvores destes plantios. A melhoria das espécies utilizadas para produção de energia colabora para a redução da pressão nas florestas nativas.

8. Melhoramento para madeira serrada de Eucalyptus – José Nivaldo Garcia – ESALQ A madeira de eucalipto sempre sofreu preconceito por parte de serrarias e movelarias, por ser uma madeira que racha e ter um difícil sistema de processamento. Com o melhoramento genético estes problemas tendem a acabar e o eucalipto será mais uma alternativa de produção. Além de apresentar maior remuneração por m3, em relação à produção de celulose, algumas empresas também exportam tábuas de eucalipto para os Estados Unidos.

9. Melhoramento para produção de madeira serrada e chapas de Pinus, palitos e lápis – Édson Seizo Mori – Unesp/Botucatu O pinus já se consolidou como madeira para serraria e movelaria. Os grandes desafios continuam a ser a melhoria constante da qualidade e produtividade, além de analisar quais são as tendências do mercado.

10. Melhoramento para produção de madeira serrada em regiões tropicais úmidas – Osmar Aguiar – Embrapa Amazônia Oriental A região amazônica sempre foi fonte de madeiras nobres como o mogno e a castanheira. Mas a sua exploração é feita de maneira extrativista, sem a análise de um sistema de produção. O objetivo do melhoramento genético nestas regiões é possibilitar um manejo sustentável destas espécies bem como o melhoramento para produção.

11. Melhoramento para produção de tanino – Admir Moura e Antônio Higa – UFPR O tanino é a substância mais utilizada em todo o mundo para curtir o couro para confecção de sapatos, bolsas, entre outros. Brasil, África do Sul e China são os grandes produtores mundiais, sendo que no Brasil a produção se concentra no Rio Grande do Sul, através de reflorestamentos com Acácia Negra. O melhoramento genético visa a sustentabilidade desta produção bem como o aumento de produtividade da casca, de onde se retira o tanino, e da madeira, que atualmente é toda exportada para o Japão para a fabricação de celulose.

12. Melhoramento para produção de resina – Reinaldo Romanelli – IFSP A espécie Pinus elliottii é a principal produtora de resina no país, sendo utilizada por empresas de produção de verniz, tintas, terebentina entre outros produtos. A resina é retirada e, quando não é mais produzida, a árvore pode ser utilizada para celulose.

13. Melhoramento para produção de óleo essencial – Ismael Eleotério Pires – UFV Algumas espécies de eucalipto são utilizadas para produção de óleos que atendem às indústrias de perfumaria, produtos para pele e produtos medicinais.

14. Melhoramento para produção do chá-mate e chimarrão – José Alfredo Sturion – Embrapa Florestas O sistema da erva-mate é reposnável pela sustentabilidade de 150 mil propriedades rurais e gera cerca de R$ 180 milhões anuais. Muitos produtores utilizam sementes de ervais nativos ou implantados sem critérios de seleção. O objetivo é identificar árvores que produzam sementes melhoradas geneticamente para melhorar a qualidade e produtividade dos ervais.

15. Melhoramento de palmáceas – Antônio N. Kalil Filho – Embrapa Florestas Sete espécies de palmáceas são utilizadas em larga escala no Brasil. Entre elas estão as espécies produtoras de palmito que, por suas características, vêm sofrendo pressão extrativista. Pesquisas têm apontado novos caminhos nesta área, como a produção de palmito de pupunha, que permite o cultivo a pleno sol e a produção sustentável do palmito. Os desafios são produzir com qualidade, em quantidade, sem agredir o meio ambiente.

16. Melhoramento de espécies alternativas para o Centro-oeste: Seringueira – Paulo Gonçalves – IAC A seringueira sempre foi explorada na região amazônica de forma extrativista e não deu certo a tentativa de implantação de povoamentos nesta região, por causa da presença de doenças que atacavam as árvores plantadas. Com isso, o Brasil perdeu espaço no mercado mundial de látex para países como Malásia, Tailândia, Vietnã e Indonésia. Atualmente, o Brasil possui 180 mil ha com seringueira, enquanto a Indonésia, por exemplo, possui 3,5 milhões de ha implantados. Através do melhoramento genético pretende-se expandir a área de cultivo com seringueira, que hoje já ocupa a região Centro-oeste e também o oeste de São Paulo. Quando acaba a produção de látex de uma árvore, sua madeira também pode ser utilizada para movelaria.

17. Melhoramento de espécies alternativas para o Centro-oeste: Teca – Reginaldo Brito da Costa – UCDB A teca possui uma madeira nobre, utilizada principalmente para construção naval. No mercado internacional, seu valor pode chegar ao mesmo do mogno. No Estado do Mato Grosso já existem 20 mil ha implantados e existe uma necessidade urgente de introduzir material melhorado para atingir produtividade e qualidade compatíveis aos de outros países.

18. Melhoramento florestal face às mudanças climáticas – Rosana Higa e Antônio Higa (Embrapa Florestas / UFPR-FUPEF) Com as mudanças climáticas causadas pelo efeito estufa, as espécies florestais precisam se adaptar às novas condições. A adaptação natural não acompanha a rapidez do efeito estufa e o melhoramento genético pode ser uma alternativa para minimizar estes danos.

Jornalista: Katia Pichelli – MTb 3594 Embrapa Florestas Fones: (41) 666-1313 / 9969-9871 E-mail: katia@cnpf.embrapa.br  

Tema: A Embrapa\Transferência de Tecnologia 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/