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Mato Grosso do Sul vai sediar Centro Tecnológico de Couro

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O Palácio Popular da Cultura (Auditório Tertuliano Amarila), em Campo Grande (MS), será palco nesta terça-feira, dia 21 de agosto, a partir das 9 horas, da solenidade que marcará a instalação do Centro Tecnológico de Couro de Mato Grosso do Sul (CTC-MS). Representantes de 11 instituições, entre entidades de classe, universidades, centros de pesquisa e de capacitação, bem como da administração pública, assinam a criação de associação – estrutura jurídica – para gerenciar o CTC-MS. No mês de setembro, será a vez do lançamento da pedra fundamental do Centro em terreno pertencente à Embrapa Gado de Corte (BR 262 – Km. 4 – saída para Aquidauana).

O CTC-MS funcionará como um grande laboratório especializado para pesquisas com esse subproduto animal e para a elaboração de práticas de capacitação do setor coureiro (uma estrutura modelo). Ele deve capacitar recursos humanos para trabalhos em frigoríficos, curtumes, indústrias de calçados, de artefatos em geral e também sobre tratamento de efluentes (resíduos químicos) de curtumes. Faz parte do projeto de criação do Centro, também, a difusão e transferência de tecnologias sobre o produto. A proposta do CTC-MS contempla trabalhos que envolvam não só pesquisas e beneficiamento de couro bovino, mas também de peles de várias espécies animais, como jacarés, peixes, cervos, capivaras, ovinos, aves, entre outras.

Inicialmente, a partir de setembro, deverão acontecer três seminários técnicos sobre couros e peles, reunindo pesquisadores de 7 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, e 4 consultores de instituições parceiras, como a Universidade de São Carlos-SP, a Universidade de Viçosa-MG (UFV) e de centros paulistas de pesquisa de couro existentes em Franca e Jacareí. Os seminários devem orientar as linhas de pesquisa do CTC-MS, que objetivam melhorar a qualidade de couros e peles animais produzidos no Brasil.

Segundo especialistas da Embrapa Gado de Corte, o Brasil deixa de ganhar na balança comercial cerca de 900 milhões de dólares ao ano por não investir na melhoria do couro produzido aqui e que é comercializado lá fora. Esse valor é obtido pela comparação da exportação brasileira com a dos Estados Unidos. 85% do couro exportado pelos Estados Unidos é avaliado como sendo do Tipo 1 (de alta qualidade). De acordo com dados de especialistas, o Brasil não exporta couro Tipo 1 e 60% do volume produzido e que sai do País é de materiais de média e baixa qualidades. O melhor couro nacional soma apenas 8% de todo o produto exportado (Tipo 2).

Em quantidade, a produção brasileira de peles animais não fica muito atrás da americana: aqui, são produzidos anualmente 32 milhões de couros e peles, contra os 36 milhões de animais abatidos nos Estados Unidos, que resultam em 20 milhões de couros exportados de boa qualidade. Ao se computar a expectativa de geração de 200 mil empregos diretos no beneficiamento do couro brasileiro, técnicos calculam que o prejuízo nacional chegue à casa dos 2 bilhões de dólares anuais. Outra conta: no mercado internacional, uma unidade de couro bovino cru vale 25 dólares; do wet blue (semi-acabado e que corresponde ao grosso da exportação brasileira) vale 40 dólares e do couro acabado, 80 dólares. O destino do couro nacional é a produção de calçados e artefatos em geral.

Para Edson Espíndola, representante oficial da Embrapa no Fórum Nacional da Competitividade da Cadeia Produtiva do Couro e Calçados, "não há, no Brasil, nenhum sistema normativo implantado de classificação de couros e peles. Para provocar essas mudanças no cenário econômico nacional, é necessário, antes de qualquer coisa, adaptar ou criar um sistema de classificação da matéria-prima, seguido de um programa de incentivo ao produtor". Paralelamente à criação do CTC-MS, deverá ser organizado um grupo de trabalho para definir as normas de classificação de couros e peles. "Com todos os problemas sanitários enfrentados recentemente pelo rebanho europeu, amplia-se para o Brasil um potencial mercado exportador. Não podemos perder essa oportunidade de responder à demanda do mercado internacional, valorizando nosso produto", reforça Espíndola.

O representante da Embrapa Gado de Corte lembra, ainda, que há um grande incentivo por parte da indústria automobilística dos Estados Unidos, Europa e Ásia para a produção de estofamentos de veículos forrados com couro bovino. "O mesmo acontece com a indústria moveleira e aeroespacial", conclui espíndola.

Entre os problemas que mais afetam a qualidade do couro bovino estão os descuidos com a saúde do rebanho (infestação de carrapatos, berne e cicatrizes de sarnas), as marcas a ferro incandescente, especialmente em regiões nobres, e os ferimentos provocados por riscos de arame, galhos, parafusos e cicatrizes diversas. As pesquisas dão conta de que 60% dos defeitos no couro bovino são provenientes da falta de cuidados com o animal na fazenda. Esfolas mal feitas nos frigoríficos também prejudicam a qualidade do produto que chega aos curtumes.

Jornalista: Thea Tavares Embrapa Gado de Corte Telefone: (67) 368-2023 Visite nossa Sala de Imprensa: http://www.cnpgc.embrapa.br E-mail: thea@cnpgc.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Pecuária e Pastagens\Gado de Corte 

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