Apesar de alguns produtores do Paraná já terem iniciado o cultivo da safra 2001/2002 de soja, mais de 80% dos 240 mil sojicultores brasileiros começam a instalar a cultura no final de outubro e novembro. Na última safra, a produção brasileira foi de 37 milhões de toneladas, numa área de 13 milhões de hectares. A perspectiva para a próxima safra é que tanto a área quanto a produção da oleaginosa sejam incrementados em 9%.

O pesquisador Lineu Domit, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, lembra que uma boa lavoura começa pelo planejamento, seguida da instalação da cultura e do manejo de pragas, plantas daninhas e doenças. "Os agricultores já compraram todos os insumos (adubo, sementes e outros) necessários e agora se preparam para a instalação da lavoura", diz.

A regulagem das máquinas é um dos pontos importantes para assegurar distribuição de sementes e adubos na profundidade que favoreça a germinação. "A revisão dos bicos, utilizados nos pulverizadores, que fazem aplicação de herbicidas, por exemplo, deve ser avaliada com cautela". Depois é imprescindível fazer a semeadura em condições climáticas ideais, evitando o plantio em solo seco (no pó). "É bom lembrar que o agricultor tem que conhecer bem as características da cultivar quanto à melhor época de plantio e quanto à quantidade ideal de sementes a ser usada por hectare. Isso possibilita estabeler uma população ideal de plantas", explica o pesquisador.

Domit afirma que o tratamento de sementes com fungicidas é uma tecnologia que assegura boa emergência das plantas, estabelecimento da população uniforme da lavoura e diminui a introdução de doenças pelas sementes. Em várias regiões em que ocorrem veranicos, o tratamento de sementes pode evitar o aparecimento de doenças fúngicas que deterioram as sementes, comprometendo o poder de germinação e a emergência das plantas. "O tratamento de sementes é fundamental principalmente em condições climáticas adversas e se a semente adquirida pelo produtor não tiver qualidade para germinação", afirma.

Dados de pesquisa mostram que, na maioria das vezes, a inoculação de sementes com a bactéria rizóbio, que promove a fixação biológica do nitrogênio do ar, aumenta as produtividades da soja. "O produtor deve atentar para a quantidade indicada e para os produtos recomendados pela pesquisa", alerta.

Segundo Domit, a inoculação é uma tecnologia indispensável em áreas novas para que seja estabelecida uma população ideal de bactérias no solo. "Em áreas de primeiro cultivo, recomenda-se inclusive aumentar as quantidade de inoculantes. Só com uma grande quantidade de bactérias será possível formar nódulos para suprir o nitrogênio necessário para a soja".

Adubação - O Molibdenio e o Cobalto são micronutrientes essenciais que trazem aumento médio 6,5% nas produtividades de soja. Após 15 dias da germinação, o agricultor deve acompanhar a lavoura e observar os sintomas de toxidez ou deficiência de nutrientes, que podem se agravar 30 dias depois da germinação. O produtor deve estar atento quanto a aplicação de Molibdenio e Cobalto nas sementes, seguindo rigorosamente as indicações da pesquisa, no que se refere a quantidade e formas de aplicação

O pesquisador da Embrapa Soja, Áureo Lantmann, diz que o tratamento de sementes com micronutrientes à base de cobalto pode provocar amarelecimento da soja devido ao excesso de ferro, se forem utilizadas dosagens não recomendadas. "Não há muito com que se preocupar porque normalmente o sintoma desaparece, mas em casos extremos existe a indicação de replantio da safra", alerta Lantmann.

Segundo ele, o produtor preocupado com o monitoramento da lavoura deve fazer a análise foliar. Durante a floração da soja, é importante coletar amostras das folhas de áreas de maior e menor desenvolvimento. "A análise das amostras vai permitir se identificar o excesso e a escassez de nutrientes. Só assim será possível identificar quais os nutrientes que poderão comprometer a produtividade da soja", afirma.

Hoje a grande maioria dos sojicultores utiliza o sistema de plantio direto, que exige dessecação de plantas daninhas ou cobertura verde. No caso das plantas daninhas, é importante vistoriar a área para avaliar a quantidade e o estágio de crescimento das plantas, assim como sua distribuição na área. "Esse diagnóstico permite definir os herbicidas dessecantes e suas dosagens ideais", explica o extensionista da Emater-PR, Fernando Adegas.

Na opinião de Adegas, a aplicação dos produtos deve ser feita em plantas daninhas que não apresentem situação de estresse, principalmente relacionadas à seca, o que pode minimizar a ação dos dessecantes. "Após a aplicação de alguns desses produtos, é preciso respeitar um intervalo de tempo para iniciar o plantio".

Jornalista: Lebna Landgraf (MTb – 2903) Embrapa Soja Fone: (43) 371- 6061 E-mail: lebna@cnpso.embrapa.br