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Amazontech: Embrapa apresenta primeiro híbrido do tipo 'Prata' resistente à Sigatoca-negra

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"Pacovan Ken". Esse é o nome do mais novo híbrido do tipo 'Prata' resistente à Sigatoca Negra, que será apresentado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, durante a Amazontech, evento a ser realizado entre os dias 20 e 25 de novembro, em Boa Vista (RR). Durante a Amazontech, diversos segmentos da sociedade poderão participar de cursos, rodadas de negócio e de projetos e conhecer novas tecnologias voltadas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal.

A grande novidade é que esse é o primeiro híbrido do tipo Prata resistente ao mal da Sigatoca-negra. A nova variedade de banana foi gerada a partir da cultivar pacovan e homenageia o cientista Kenneth Shepherd, pesquisador que iniciou o programa de melhoramento genético de banana na Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA) e foi o responsável pela obtenção desse híbrido. As mudas começaram a ser produzidas em larga escala para combater a doença, que leva à redução da produtividade e também do tamanho do fruto.

"O híbrido Pacovan Ken apresentou o menor número de dias do plantio à colheita do primeiro ciclo, valor este praticamente igual ao observado na 'Prata Comum' e inferior ao da 'Pacovan' e 'Prata Anã'. No entanto, o seu segundo ciclo foi superior ao da 'Pacovan' e 'Prata Comum'. A 'Prata Anã' apresentou o maior período de tempo para completar o segundo ciclo", destaca o pesquisador.

Sebastião revela que o único fator indesejável no Pacovan Ken é o seu porte, ligeiramente superior ao da 'Pacovan' e aproximadamente igual ao da ´Prata Comum´. "Apesar do elevado porte, o híbrido apresentou um dos maiores diâmetros de pseudocaule no primeiro e segundo ciclos, valores estes semelhantes aos da 'Prata Anã', mas superiores aos da 'Pacovan' e 'Prata Comum'", diz o pesquisador.

Em relação ao peso do cacho, principal característica que expressa a produtividade da bananeira, verificou-se que o híbrido Pacovan Ken se destacou no primeiro e segundo ciclos, apresentando médias de 16,9 kg e 29,6 kg, respectivamente, portanto superior a todos os outros genótipos testados pela pesquisa. "Embora no primeiro ciclo o híbrido tenha apresentado juntamente com a 'Pacovan' os menores números de pencas e frutos por cacho, no segundo ciclo, o Pacovan Ken apresentou maior número de pencas do que a 'Pacovan' e número de frutos por cacho superior ao desta cultivar e ao da 'Prata Comum'. Os frutos do Pacovan Ken são maiores e mais pesados do que os de todas as outras cultivares", informa Sebastião.

Histórico - A sigatoca-negra foi detectada há mais de dois anos em alguns bananais do Amazonas, nas regiões de Tabatinga e Benjamim Constant. "Ela é causada por um fungo e sua presença no bananal pode ocasionar perdas de até 100 por cento da produção", diz Zilton José Maciel Cordeiro, da equipe de pesquisadores responsáveis pelo projeto de pesquisa que desenvolveu as variedades resistentes à Sigatoca.

O receio se justifica, explica Zilton Cordeiro, outro pesquisador da Embrapa especialista na doença, porque a transmissão da Sigatoca-negra é aérea. "O vento naturalmente transporta o fungo", diz. Ele se refere ao fungo Mycosphaerella fijiensis, que causa a doença. Depois de infestar as folhas, impede o desenvolvimento dos frutos. Para uma cultura de importância econômica e social como a banana, o resultado pode ser desastroso. O tamanho da fruta e seu vigor determinam a aceitação nos mercados. E são justamente essas duas qualidades as mais afetadas pela praga.

Como explica o especialista, é da folha que vem a energia para produzir. No caso da bananeira, são necessárias 15 ou 16 folhas para que a planta acumule boas reservas e os frutos cresçam bem. Mas se o fungo as ataca, deixa manchas negras que as debilitarão, provocando uma morte rápida das folhas. Uma bananeira que tenha sido infectada, não terá mais que cinco folhas.

Sem a quantidade de folhas suficiente para que a bananeira vegete normalmente, os frutos ficarão raquíticos. Isso acontece porque a planta não tem mais condições de armazenar energia, fazendo com que os cachos encham só pela metade. Num crescimento normal, a fruta se arredonda à medida que os cachos enchem. Com a invasão do fungo, os frutos ficarão cheios de quinas. Além disso, as bananas podem amadurecer ou amarelar ainda no campo, mesmo que os frutos estejam mal formados. "Não se paga bons preços no mercado por frutos assim", conclui Cordeiro. Por isso, nas áreas em que a doença já foi detectada, continuam sendo testados outros híbridos resistentes à Sigatoca-negra.

Juntamente com técnicos da Embrapa Acre, em Rio Branco, e da Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus, a equipe de Cruz das Almas vem passando aos produtores alguns princípios básicos para ter uma plantação mais sadia: o primeiro passo é eliminar as folhas doentes. Outra dica é cultivar as bananeiras em áreas sombreadas. Ou seja, em consórcio com plantas mais altas que lhe façam sombra. Não há garantia de que a doença não se apresentará, mas a contaminação pode ser menos severa porque o fungo se desenvolve melhor em boas condições de umidade. "Nas plantas sombreadas reduz-se a concentração de orvalho", comenta o pesquisador. É verdade que, neste caso, o crescimento da planta será mais lento e ela demorará mais para produzir, mas é uma situação menos incômoda do que a infestação, garante Zilton.

Embrapa na Amazontech Jornalista Dalmo Oliveira Embrapa Mandioca e Fruticultura Telefone: (75) 621.2120 - Ramal 215 www.cnpmf.embrapa.br Contatos na Amazontech: Jornalistas Soraya Pereira da Silva, Daniela Colares e Alexandre Campos Telefone – 95-9112-4791  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

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