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Teclado do peão será mais um aliado na rastreabilidade da carne bovina

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Munido do contrato de parceria para a produção do chip eletrônico em escala comercial e da proposta de um programa de computador (software) para o gerenciamento de rebanho bovino identificado eletronicamente, o pesquisador da Pedro Paulo Pires, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, viaja pelos Estados Unidos até o dia 23 de novembro. Na pauta destas visitas, a várias empresas americanas, está o desenvolvimento de uma idéia que vem sendo definida como "teclado do peão".

O "teclado do peão" é um painel com diferentes dispositivos eletrônicos, confeccionado para facilitar a captação das informações do rastreamento de bovinos na propriedade. O painel executará as mudanças de função, quando, no mangueiro, o gado estiver sendo submetido a várias atividades ao mesmo tempo, como vacinação, pesagem, entre outras, e houver a necessidade de identificar separadamente os lotes por manejo ou tratamento. O computador não precisa necessariamente ser levado ao campo, mas apenas os aparelhos que fazem a leitura e o armazenamento dos dados de identificação do animal.

Aquela tradicional cena do gado preso no brete, sendo vacinado, e de um lado alguém "cantando" o número marcado na orelha ou brinco, um outro personagem procurando seu tratamento, anotando a pesagem numa prancheta e um terceiro distribuindo-os em lotes separados, que exige concentração e lembra o ritual de um bingo de quermesse, vai contar com uma 'mãozinha' da tecnologia: será facilitada pela rápida identificação do animal - por meio do chip -, pela ação do "teclado do peão", agilizando as mudanças de função, e pela eficácia de um software que faça o gerenciamento completo de nutrição, saúde, reprodução, análise de custo-benefício em cada etapa, análise de resultados em si da produção, entre outras ações.

O trabalho é muito fácil, no campo e no escritório. Quando o peão aponta uma função programada no painel, esse dado fica armazenado na estação portátil. No escritório, o software, ao receber as informações, é imediatamente preparado para executar determinada tarefa e, no monitor do computador, abre uma tela apropriada para processar as informações. Em um dia de campo, realizado em 20 de outubro, em Campo Grande, MS, a Embrapa Gado de Corte demonstrou a praticidade do trabalho no mangueiro com o uso destas ferramentas tecnológicas.

"A diferença entre o que já existe no mercado internacional para executar o gerenciamento do rebanho e este material, que obedece às recomendações da Embrapa, é basicamente a adequação à realidade brasileira e seus sistemas produtivos tropicais", informa o pesquisador Pedro Paulo Pires. O software será modelado com as características ditadas pelos profissionais da Embrapa.

Nos campos norte-americanos, a Internet já é uma realidade há muito. Nos Estados Unidos, o fazendeiro possui um canal da rede e toda a parte executável do gerenciamento é processada em uma central. "No Brasil, 6% das propriedades rurais possuem linha telefônica; Bem menos que isso possui acesso à Internet", lembra Pires.

Made in Brazil - O contrato que está em fase de fechamento entre a Embrapa e a parceira norte-americana prevê o pagamento de royalties ao Brasil na comercialização dos chips. O governo uruguaio também está interessado na tecnologia e já fez levantamento de custos junto a empresas para a possibilidade de aquisição de 2,8 milhões de chips eletrônicos. Bem como o Brasil, todos os fornecedores de carne para a Europa estão "correndo" para pôr em prática uma política eficaz de "rastreabilidade" dos seus rebanhos, uma vez que essa é uma exigência da União Européia aos países do bloco e aos seus demais fornecedores de carne.

"A Embrapa tem dispositivo de identificação para uma proposta de fazer essa rastreabilidade se concretizar e, por conseqüência, tornar a empresa agropecuária muito mais competitiva, o que passa por se tratar a fazenda como uma empresa de fato", afirma o chefe adjunto de Comunicação e Negócios da Embrapa Gado de Corte, Tênisson Waldow de Souza.

O investimento para implantação do sistema de identificação da Embrapa e gerenciamento eletrônico de bovinos de corte está orçado, hoje, em torno de R$ 5 mil para aquisição de equipamentos e mais o valor dos chips - entre US$ 2.5 e US$ 3.0 a unidade. "É um investimento com retorno garantido, se considerarmos o incremento nas exportações pela produção de um alimento seguramente saudável, o salto na qualidade e a agregação de valor ao produto", diz Tênisson. "Com o chip, o couro não é prejudicado pelas marcas de ferro quente e a tecnologia em si evita fraudes: nos animais adultos, para tirar-lhe o chip, será necessário abrir o estômago do bovino; nos bezerros, cujo transponder é inserido na prega umbilical, qualquer forma de fraude causaria uma cicatriz, o que evidenciaria o possível delito", afirma o pesquisador Pedro Paulo Pires.

A equipe técnica da Embrapa Gado de Corte lembra que qualquer software para gerenciamento de rebanho poderá ser utilizado junto com o chip eletrônico, ou seja, a partir dessa identificação. O que a empresa está negociando é poder fazer todo o manejo do rebanho - com todos seus registros, cálculos e análises - em um só programa.

Rastreabilidade - Apesar de não constar de dicionários brasileiros de Língua Portuguesa, o termo "rastreabilidade" já é muito popular no cotidiano da pecuária de corte, no ambiente acadêmico, nos centros de pesquisa e nos contratos e transações comerciais de importação e exportação de carne. Ele vem do inglês "traceability" que remete à capacidade ou habilidade de rastrear, seguir pistas, vestígios, rastros. Já rastreamento, é a ação em si de monitorar, de acompanhar e fazer controle de algo ou informação.

Apesar de serem palavras diferentes, a base de um rastreamento ou de uma política de rastreabilidade é a mesma: a identificação do animal. A Embrapa Gado de Corte, que desenvolveu a tecnologia de identificação eletrônica de bovinos com o uso de um chip, é uma das 40 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa. _____________________________________________________________ Saiba Mais: A palavra "rastreabilidade" está registrada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, 1998 - Bloch Editores. Essa publicação não é um dicionário, não traz conceito, apenas registra o uso de vocábulos. Em outro sentido, o termo é popular no mundo das finanças e tem espaço no Dicionário de Administração e Finanças, de Paulo Sandroni, Ed. Best Seller - Pág. 439, SP: "Processo mediante o qual a gerência de uma empresa pode saber quem são os funcionários responsáveis por cada etapa de produção de um bem ou serviço; À medida em que o objetivo da qualidade se torna cada vez mais importante para as empresas, o conceito de rastreabilidade tende a se generalizar como processo administrativo indispensável". (Fonte: Serviço de Telegramática - PM de Curitiba).

Jornalista: Thea Tavares (MTb 3207) Embrapa Gado de Corte Telefone: (67) 368-2023 E-mail: thea@cnpgc.embrapa.br Visite nossa Sala de Imprensa: http://www.cnpgc.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Pecuária e Pastagens\Gado de Corte\Carne 

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