A escassez de água no semi-árido nordestino é uma situação típica de desperdício. A revelação está sendo feita pelo pesquisador Everaldo Rocha Porto, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Everaldo é presidente da Comissão Organizadora do 3º Simpósio Brasileiro sobre Captação de Água de Chuva no Semi-Árido que vai acontecer na cidade de Campina Grande (PB), de 21 a 23 de novembro. O tema do evento é "A Captação de Água de Chuva e Cultivos Apropriados ao Semi-Árido".

Nas áreas secas do Nordeste as precipitações pluviométricas somam 700 bilhões de m³. É um "manancial extraordinário" dos quais não mais que 10% são aproveitados no consumo ou na produção agropecuária. Para o pesquisador, o uso eficiente da água na agricultura e o cultivo de espécies tolerantes aos estresse hídrico são dois sérios problemas a serem solucionados por governos, ong's e técnicos nesse milênio.

Os recursos hídricos, afirma, estão se reduzindo drasticamente. Do final da Segunda Guerra Mundial aos dias de hoje, o planeta reduziu em 62% suas fontes de água potável. Na América do Sul, o índice foi de 75%. É um processo de devastação que, segundo especialistas em recursos hídricos, acena para uma crise de conseqüências mais graves para a humanidade que a deflagrada pela crise do petróleo, na década de 70.

Segundo o pesquisador, que trabalha na Embrapa Semi-Árido (Petrolina/PE), a escassez de água ou a sua má distribuição é um problema grave. As pequenas comunidades, as grandes cidades e, até mesmo, os países mais ricos estão preocupados com a disponibilidade de água potável para os próximos anos. Na sua opinião, a chuva é o recurso hídrico viável mais diretamente acessível nos dias atuais. As formas de captação, armazenamento e aproveitamento dessa fonte de água precisam ser aprimoradas, inclusive nos seus aspectos políticos, culturais e sócio-econômicos.

A escolha de Campina Grande para sediar o simpósio, explica Everaldo, deve-se à sua importância econômica e social no Nordeste, pela sua crescente agroindustrialização e o desenvolvimento de uma agricultura altamente competitiva. O 3º Simpósio é organizado pelas unidades da Embrapa. Algodão e Semi-Árido, as universidades federais da Paraíba (UFPB) e Pernambuco (UFPE), a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA) e a Associação Internacional de Sistemas de Captação de Água de Chuva (IRCSA).

Maiores informações: Everaldo Rocha Porto, pesquisador e Coordenador do 3º Simpósio Brasileiro de Captação de Água de Chuva no Semi-Árido, pelo telefone (87) 3861-2076.

Programação do 3º Simpósio 21/11 ·10h30 - Cultivos Apropriados para o Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido Brasileiro - Eleusio Curvelo Freire/Napoleão Esberard de Macedo Beltrão (Embrapa Algodão) 22/11 ·9h - Captação de Água de Chuva para Uso Doméstico e Produção de Alimentos: a Experiência da China - João Gnadlinger (Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada) ·Projeto 1 Milhão de Cisternas (P1MC) - Eveline Nogueira Augusto (Secretária Executiva do P1MC)

22/11 ·10h30 - O Gerenciamento Sustentável das Águas Pluviais nas Concentrações Urbanas - Jack Sickerman (3P Technik) ·A Captação de Água de Chuva e o Paisagismo Urbano - Manfred Kohler/Marco Schimidt (Universidade de Ciências Aplicadas Berlim/Universidade Técnica de Berlim)

23/11 ·9h - Políticas para Convivência com a Escassez de Água no Semi-Árido Brasileiro Wellington Dias (Deputado Federal do Piauí), Antônio Félix Domingues (Superintendência de Conservação e Cobrança - Agência Nacional das Águas) ·10h30 - Alternativas para Armazenamento Subterrâneo de Água de Chuva: Barragem Subterrânea; Recarga de Aqüífero; Conceito Base Zero; Potencial Hídrico de Aluviões - José Almir Cirilo (UFPE), Janiro Costa Rego (UFPB), José Arthur Padilha (Consultor MDA-INCRA/IICA) e Abelardo A. Assunção Montenegro (UFRPE)

Jornalista: Marcelino Lourenço Ribeiro Neto Embrapa Semi-Árido Telefone: (81) 862-1711 E-mail: marcelrn@cpatsa.embrapa.br