A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foi anunciada como a primeira entidade certificadora do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). O anúncio foi feito pelo ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes, em solenidade realizada em Brasília, no dia 9 de janeiro.

Durante o evento, em que foi assinada a Instrução Normativa instituindo o Sisbov, Pratini de Moraes falou da importância da rastreabilidade para a conquista de novos mercados e para a oferta de produtos de melhor qualidade para os consumidores.

A entidade certificadora terá, em um banco de dados, todas as informações de cada animal das propriedades rurais de criação de bovinos e bubalinos cadastrados. Além disso, nesse banco constarão as informações relativas às movimentações dos animais até sua chegada ao frigorífico. O credenciamento de entidades certificadoras ficará sob a responsabilidade da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A identificação individual de cada animal deverá ser acompanhada de informações sobre a propriedade de origem, o mês do nascimento ou data de ingresso na propriedade, o sexo do animal, o sistema de criação e alimentação, o registro de movimentações e dados sanitários, como vacinações, tratamentos e programas sanitários.

O rastreamento é um instrumento útil para a certificação da carne brasileira. Esse processo surgiu a partir da necessidade de monitorar o produto carne em toda a cadeia produtiva, desde o produtor até a mesa do consumidor. O ressurgimento e o aparecimento de novas doenças, além da segurança alimentar, foram agentes motivadores para a implementação do Sisbov no país.

Com a certificação da carne, não só o consumidor terá benefícios. De acordo com Pratini de Moraes, o produto diferenciado fará com que os produtores tenham um maior retorno econômico, com agregação de valor. O ministro acrescentou também que a meta é a participação de todos os criatórios produtores de bovinos e bubalinos do país até 2007. Até o mês de junho de 2002, estarão obrigados a se adequar às normas apenas os criatórios voltados à produção para o comércio internacional com os países integrantes da União Européia.

Ferramentas do rastreamento - A Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS), uma das 41 unidades da Embrapa, vem pesquisando há 5 anos mecanismos de identificação do gado, softwares e outras ferramentas que facilitem a vida do produtor dentro de sua proposta de rastreamento. Ela lançou recentemente um chip que propicia a identificação eletrônica. O chip é um dispositivo eletrônico (transponder) estimulado por ondas eletromagnéticas. A informação que o chip carrega (número) é captada por uma antena, que pode ser instalada no mangueiro, onde passa o gado, e vai alimentar um programa de computador (software) que faz o gerenciamento do rebanho. Este sinal é captado também por leitoras manuais similares àquelas encontradas nos supermercados para conferir códigos de barras. Elas armazenam as informações coletadas e as descarregam no computador do escritório da fazenda.

O gado pode passar no brete a uma velocidade de até 40 Km/h que, ainda assim, o sinal do chip é captado pela antena. A Embrapa já possui mais de 2.500 animais com chip. Para os animais adultos, foi desenvolvido um transponder para ser depositado no seu rúmen. Os bezerros recém-nascidos, por sua vez, carregam um chip na prega umbilical. "Mais confiável que a identificação pelo chip eletrônico, só mesmo a identificação pelo DNA do animal, mas, embora já existam cientistas pesquisando isso, ainda serão necessários alguns anos de pesquisa para que essa tecnologia seja difundida no campo", informa o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Kepler Euclides Filho, que é também coordenador do Programa Embrapa Carne de Qualidade.

Mais recentemente, a Embrapa anunciou o desenvolvimento de outra ferramenta eletrônica para o rastreamento: o "teclado do peão". É um painel com dispositivos eletrônicos que facilitará a troca de funções ao se executar várias atividades simultâneas com um mesmo lote de gado no mangueiro – se desmama, engorda, tipo de alimentação, de manejo sanitário, para diferenciar o sexo animal etc. O painel ganhou esse apelido por tornar fácil o trato de animais rastreados e o manuseio das ferramentas do rastreamento eletrônico para todos os trabalhadores do setor produtivo. O objetivo desse aparato está na confiabilidade das informações e na eficiência ao longo de todas as etapas da produção animal. Além dos animais do rebanho da Embrapa, uma fazenda paranaense já possui animais identificados com o chip eletrônico.

Assessoria de Comunicação Social da Embrapa Jornalista Alexandre Campos – MTb 4753/14/76/DF Fone – 61-448-4247 - silveira@sede.embrapa.br Jornalista Thea Tavares - Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS) Fone: (67) 368-2023 – thea@cnpgc.embrapa.br