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Pesquisa desenvolve girassol colorido adaptado ao Brasil

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O amarelo já não é a cor exclusiva do girassol. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, desenvolveu variedades de girassol colorido que estarão em exposição no Ciência para a Vida. As sementes estarão disponíveis no segundo semestre deste ano. Por meio de cruzamento genético tradicional, foi possível criar nove tonalidades diferentes para a flor: vinho, rosa, rosa claro, amarelo limão de centro claro, amarelo limão de centro escuro, mesclado, ferrugem e em forma de raio de sol. O projeto levou 5 anos para ser desenvolvido, num custo total aproximado de R$ 111 mil.

A nova planta é resultado do Programa de Girassol Ornamental, da Embrapa Soja (Londrina-PR), na busca de alternativas econômica para utilização de girassol: jardinagem e confecção de arranjos florais. Hoje o girassol é utilizado na produção de óleo, para alimentação de pássaros e como silagem animal. Baseando-se em análises da demanda pelo produto e também na capacidade da Embrapa de produzir e comercializar sementes do girassol colorido, estima-se que no primeiro ano haverá uma movimentação de 3.367 milhões em toda a cadeia produtiva (produtor de semente, no caso, a Embrapa; distribuidor e seus pontos de venda; floriculturas; produtor rural e consumidor final).

A tecnologia visa beneficiar principalmente pequenos agricultores e também por produtores que praticam agricultura familiar. A tecnologia não exige grandes investimentos, pois a tecnologia foi adaptada para cultivo em céu aberto. Os girassóis possuem grande adaptação às condições de clima e solo brasileiro, podendo ser plantados pelos agricultores de todas as regiões do Brasil. Em um hectare de girassol, é possível produzir até 100 mil plantas de girassol. Levando-se em consideração que esses girassóis serão plantados na forma de canteiro e que poderão ocorrer perdas de plantas, trabalha-se com uma estimativa de produção de 40 mil plantas por hectare. Se o agricultor vender cada flor a R$ 0,45 e tiver um custo de produção de 50% desse valor, ele terá um rendimento líquido estimado de R$ 8 mil por hectare. Atualmente os preços praticados no mercado de flores do girassol comum (amarelo de centro escuro) variam de R$0,70 a R$ 1,00 a flor.

Com o girassol colorido, abre-se a oportunidade de diversificação do mercado de flores, o que vai possibilitar a abertura de novas vagas no mercado de trabalho e até mesmo fortalecer a mão de obra já existente dentro do sistema. A grande vantagem dessa tecnologia é que os produtores poderão utilizar a mão de obra familiar para produzir o girassol colorido.

Apesar de já ser disponível nos Estados Unidos e Europa, o girassol colorido não era adaptado às condições de clima e solo brasileiros. Com o girassol colorido, a Embrapa está introduzindo novas opções de flores (nove cores diferentes), o que diversifica o mercado no Brasil. Com isso, o País deixa de importar sementes, antes não só disponíveis na Europa e nos EUA. Vale ressaltar que, com essa tecnologia, o Brasil pode abrir novos mercados para exportação de sementes e de flores ornamentais.

"Com essa pesquisa, conseguimos desenvolver variedades de girassol colorido, adaptado especialmente às condições brasileiras, tanto que essas flores poderão ser cultivadas em qualquer região do País, inclusive, por pequenos produtores", diz o pesquisador Marcelo Fernandes Oliveira, que trabalha com a cultura. Segundo ele, a pesquisa possibilitou alterações na arquitetura da planta. As flores, por exemplo, são menores que o girassol tradicional. O girassol colorido, que é específico para a composição de ramalhetes, é unicapitulado, ou seja, possui apenas uma flor por planta. As flores podem durar até 10 dias no vaso com água. Os girassóis coloridos também podem ser multicapitulados, espécie de arbusto baixo com várias flores na mesma planta. Esse tipo de flor é mais indicado para o cultivo em jardins. As flores multicapituladas podem durar no jardim até 25 dias.

Flores ganham mercado

Atualmente, aproximadamente 100 mil hectares são destinados ao cultivo de girassol tradicional (amarelo), com uma produtividade de aproximadamente 1.600 por hectare. Nos últimos cinco anos, o mercado mundial de flores cresceu bastante e atualmente movimenta US$ 4,7 bilhões, e há estimativas de que, nos próximos anos, o mercado internacional de flores cresça cerca de 20%.

A Holanda, que fornece flores para a Europa e Estados Unidos, responde por 53% desse total. Cada europeu consome, em média, U$130 de flores por ano. No Brasil, a realidade é bem diferente, pois o consumo anual per capita é de US$8,50. "O baixo consumo de flores é uma questão cultural e econômica, porque não somos educados para comprar flores e o poder aquisitivo do brasileiro não permite investimentos nesse item", avalia o extensionista da Emater-PR, Gervásio Vieira. "Mesmo assim, é um mercado em expansão, no qual o Brasil tem possibilidades de ampliar sua oferta".

A produção de flores e plantas ornamentais no Brasil é realizada em aproximadamente 4500 hectares, incluindo 700 hectares de cultivo em estufas. O setor envolve cinco mil produtores e quatro mil lojistas, grande parte concentrados no interior de São Paulo. O Paraná, por exemplo, importa de São Paulo 95% das flores consumidas no estado.

A partir dessa constatação, a Emater-PR iniciou um estudo para conhecer o potencial dessa atividade no estado. Posteriormente, foi elaborado um Programa de Produção e Comercialização de Flores e Plantas Ornamentais, que contempla a organização e treinamento para os produtores, preparação de técnicos em floricultura, construção de central de comercialização, entre outros projetos. "Pretendemos tornar a produção de flores e plantas ornamentais, no norte do Paraná, uma opção viável economicamente via conquista do mercado regional e posteriomente, de novos mercados", avalia Vieira.

O evento Ciência para a Vida, mais do que uma exposição, será uma mostra de conhecimento científico e tecnológico apropriada para o grande público, revelando como o produto da pesquisa está integrado ao consumo e ao cotidiano da população e como a ciência está ajudando a melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro.

Estarão reunidos em um só local as mais recentes tecnologias agropecuárias desenvolvidas pelas 40 Unidades da Embrapa, pelas universidades, instituições de pesquisa estaduais, empresas públicas e privadas, indústrias, laboratórios, organismos governamentais e internacionais, além de órgãos representativos da cadeia do agronegócio.

III Exposição de Tecnologia Agropecuária - Ciência para a Vida De 25 de abril a 2 de maio Local - Sede da Embrapa (Parque Estação Biológica s/nº - Final da Av. W3 Norte) Horário de visitação - de 10 às 22 horas

Jornalistas: Elisângela Santos (MTB-19.500) e Lebna Landgraf (MTb -2903) Assessoria de Comunicação Social Fone: (61) 448 4039 E-mail: elis@sede.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Soja 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/