A mandioca é a cultura mais importante em sete dos 13 municípios da região do Rio Gavião, no sudoeste da Bahia. Em outros cinco municípios ela só perde em importância econômica para a cana-de-açúcar. A região foi escolhida há quatro anos para implantação de um projeto de desenvolvimento social pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), da Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia (Seplantec). Batizado de Pró-Gavião, o projeto recebeu nos últimos quatro anos investimentos de cerca de R$ 36 milhões e hoje exibe resultados animadores.

Um deles é o significativo aumento de produtividade nos plantios de mandioca da região, depois da adoção, pelos agricultores, de novas técnicas de cultivo difundidas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O rendimento de raízes, que não chegava a dez toneladas por hectare na região, pulou para cerca de 13 toneladas por hectare. "Em Anagé, por exemplo, com o manejo adequado da cultura, alcançamos 13,7 toneladas por hectare", comemora o pesquisador Jayme Cerqueira, que coordena o trabalho da Embrapa no Pró-Gavião.

O projeto, previsto para sete anos, tem como meta beneficiar cerca de 15 mil famílias das zonas rurais dos municípios de Anagé, Belo Campo, Caraíbas, Condeúbas, Cordeiros, Guageru, Jacaraci, Presidente Jânio Quadros, Licínio de Almeida, Maetinga, Mortugaba, Piripá e Tremedal. A região tem ainda um forte potencial para a criação de caprinos e ovinos, mas tem uma séria limitação de abastecimento de água, por causa da seca que castiga a região entre os meses de abril e outubro.

Com o aumento da produtividade da mandioca, a cultura já começa a ser utilizada também para a composição da alimentação animal. Uma das alternativas foi a implantação de uma unidade de produção de raspa de mandioca no distrito de Vila Mariana, em Caraíbas. Para transferir conhecimentos sobre a cultura da mandioca, a Embrapa implantou 73 Campos de Aprendizagem Tecnológica (CAT) na região de Rio Gavião. Outros 69 desses campos foram instalados para capacitar os agricultores no manejo de plantas forrageiras. Duzentas comunidades estão envolvidas nos 13 municípios, cada uma composta por uma média de 30 famílias.

No âmbito da infra-estrutura, o projeto já construiu 99 barragens com capacidade de armazenamento variando de 50 a 200 mil metros cúbicos, que serão utilizadas para piscicultura, irrigação, criação de animais e para o consumo doméstico das comunidades circunvizinhas. Segundo os dados da CAR, as barragens beneficiam hoje 9.001 famílias, contribuindo para reter o êxodo rural secular da região. O Pró-Gavião já deu assistência rural a 3.100 unidades de agricultura familiar. Só para mandioca, o projeto liberou crédito para a implantação de 306,2 hectares.

O Governo da Bahia escolheu a região do Rio Gavião para implantar o projeto, que é co-financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), porque ali estão oito dos 100 municípios mais pobres da Bahia. Um outro dado social complicador na região é o avançado do processo de minifundialização da terra. Os minifúndios do Rio Gavião formam a maioria das propriedades rurais da região, dada a tradição histórica de divisão de terras entre os próprios agricultores familiares. O projeto só atinge famílias com até 100 hectares, e com uma renda anual de até US$ 2.500.

Dalmo Oliveira - MTb/PB N.º 0598 Embrapa Mandioca e Fruticultura Telefone: (75) 621.8087 Fax (75) 621.1118 Email: dalmo@cnpmf.embrapa.br