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Embrapa apresenta tecnologia para aproveitamento de cenouras com baixo valor de mercado

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estará apresentando, durante a III Exposição de Tecnologia Agropecuária - Ciência para a Vida, uma tecnologia de torneamento de cenouras. O método de processamento permite às agroindústrias brasileiras a produção de minicenouras, semelhantes às baby carrot importadas (cenourete), e um novo formato de cenoura, em bolinhas (catetinho). O novo processo, dividido em etapas, consiste na classificação, corte, torneamento, acabamento, sanitização, embalamento e armazenamento do produto final, a minicenoura. Todo o passo-a-passo será disponibilizado no evento, que será aberto à visitação do público entre os dias 25 de abril e 2 de maio.

Até hoje, nenhum país da América Latina possuía a tecnologia de produção de baby carrot em escala comercial. Estados Unidos, Europa e Austrália dominavam o mercado. Por este motivo, um pacote de um quilo de minicenoura importada pode ser encontrado no mercado brasileiro por até R$ 17. A única agroindústria brasileira a produzir minicenouras (com tecnologia e matéria-prima importadas) cobra R$ 6 o quilo. Este tipo de produto era muito apreciado pelo consumidor brasileiro até 1998, quando havia a paridade entre Real e Dólar. Naquele ano, a importação de cenouras processadas ficou em um milhão de toneladas. No ano de 2000, com o Dólar em alta, as importações baixaram para 200 mil toneladas. Com a nova tecnologia, já disponível aos interessados em entrar no mercado de minimamente processados, será possível haver maior competitividade e conseqüente redução de preços. O custo de produção entre R$ 5 e 7 o quilo é a garantia de altas margens de lucro.

A pesquisa, que durou dois anos e R$ 100 mil, consistiu na adaptação de um equipamento nacional para a confecção das cenouras processadas. A expectativa do pesquisador João Bosco, um dos líderes da pesquisa, é que uma máquina de menor custo permitirá às agroindústrias familiares, de pequeno e médio porte, a aquisição do equipamento. Ao utilizar como matéria-prima raízes com baixa cotação de mercado, potencialmente todos os produtores podem ser beneficiados particularmente aqueles das principais regiões produtoras, como São Gotardo (Minas Gerais) e Irecê (Bahia), que ocupam uma área de 12 mil e 5 mil hectares, respectivamente.

O mercado é promissor. Estimativas apontam 75 mil toneladas de cenoura que podem ser processadas, gerando cerca de 25 mil toneladas de cenourete e catetinho, no valor aproximado de R$ 150 milhões. Nos Estados Unidos, cerca de 90% da comercialização da cenoura é feita de forma processada. E, com a tecnologia, há um potencial de exportação do Brasil para América Latina e Caribe.

Equipamento faz reciclagem de água - O processo consiste no torneamento de pedaços de raiz, pelo atrito com uma superfície áspera, num equipamento comercializado atualmente como descascador de batata. O equipamento possui um sistema de reciclagem de água, que permite uma economia de até 75%. Além disto, o torneador de cenouras tem um consumo de energia elétrica baixo, de menos que 0,25 KWatts/hora, bem menos que um ferro de passar roupas (1,2 KWatts/hora).

A matéria-prima para o processamento mínimo da minicenoura deve ser raízes finas tipo 1A, com diâmetro variando até 3 cm. Este tipo de raiz, que representa 10% do total de raízes de cenoura produzidas no país, normalmente é vendido abaixo do preço de mercado pelo produtor, e, às vezes, sequer é colhido, pois o consumidor não costuma adquirir raízes com esse diâmetro. O processo abre um novo mercado também para o produtor, que pode vender as raízes 1A às agroindústrias.

O material descartado durante o processo de produção da minicenoura pode ser reaproveitado. Pedaços de raízes com mais de três centímetros ou muito pequenos, que não servem para minicenoura, podem ser processados na forma de cubos, palitos, rodelas ou ralados. O subproduto originado do torneamento pode ainda ser desidratado e utilizado como ingrediente para ração animal.

A cultivar de cenoura Alvorada, desenvolvida pela Embrapa Hortaliças (Brasília), é a mais recomendada para a produção de minicenouras, por possuir coloração uniforme de raiz e baixa incidência de ombro verde. A Alvorada também beneficia o consumidor, já que este vai comer uma cenoura com 35% a mais de pró-vitamina A que as outras cultivares nacionais.

O evento Ciência para a Vida, mais do que uma exposição, será uma mostra de conhecimento científico e tecnológico apropriada para o grande público, revelando como o produto da pesquisa está integrado ao consumo e ao cotidiano da população e como a ciência está ajudando a melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro.

Estarão reunidos em um só local as mais recentes tecnologias agropecuárias desenvolvidas pelas 40 Unidades da Embrapa, pelas universidades, instituições de pesquisa estaduais, empresas públicas e privadas, indústrias, laboratórios, organismos governamentais e internacionais, além de órgãos representativos da cadeia do agronegócio.

III Exposição de Tecnologia Agropecuária - Ciência para a Vida De 25 de abril a 2 de maio Local - Sede da Embrapa (Parque Estação Biológica s/nº - Final da Av. W3 Norte) Horário de visitação - de 10 às 22 horas

Jornalista Elisângela Santos (MTb 19.500) Assessoria de Comunicação Social da Embrapa Tel: (61) 448 4039/ 4113 e-mail: elis@sede.embrapa.br Brasília, 23 de abril de 2002  

Tema: A Embrapa\Eventos 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/