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Pronunciamento do Senador Jonas Pinheiro em homenagem à Embrapa

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O Senador Jonas Pinheiro (PFL-MT) fez o seguinte pronunciamento em sessão de homenagem à Embrapa, no dia 19 de junho de 2002.

"Doutor Alberto Duque Portugal, Ilustríssimo Presidente da Embrapa, Autoridades Presentes, Senhoras e Senhores convidados, Senhor Senador Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,

Estamos hoje aqui reunidos para prestar uma homenagem especial à Embrapa, essa empresa brasileira tão conhecida e respeitada em todo o país e no exterior. A Embrapa, em 29 anos de existência, já escreveu uma história digna de louvores e é motivo de orgulho para nós brasileiros.

Na década de 70, o Brasil, impulsionado pelo Governo Federal, estava em franco processo de desenvolvimento. Criaram-se, à época, várias empresas públicas. Entre elas, foram criadas a Embrapa e a Embrater. A primeira, dedicada à pesquisa. A segunda, com a responsabilidade de levar até o produtor rural e sua família, novas tecnologias agrícolas e orientações nas áreas de saúde, de nutrição e de educação, cumprindo o trabalho de extensão rural. As duas se completavam.

Mais adiante, muitas dessas empresas foram reestruturadas ou até extintas. A Embrater foi, sumária e indefensavelmente extinta pelo Presidente Collor, que, numa atitude equivocada e impensada, cometeu esse erro lamentável, rompendo o liame criado pela política agrícola daquele tempo, e debilitando, em todo o país, o serviço de extensão rural, que tinha na Embrater o seu arrimo técnico e financeiro.

Contudo, a Embrapa pôde continuar. O obscurantismo do governo da época não a atingiu. Resistente, consolidou-se mais ainda no país, onde está presente em todas as regiões com um pólo de pesquisa concernente às peculiaridades locais e às necessidades do seu público prioritário – os produtores rurais. Falar em pesquisa agropecuária no Brasil é falar em Embrapa.

Nesse trabalho tão especial, a Embrapa conta com mais de dois mil pesquisadores com mestrado, doutorado e pós-doutorado: um número expressivo. São pesquisadores e técnicos que têm conseguido mostrar ao mundo científico a sua capacidade e o valor e a eficiência da pesquisa agropecuária brasileira.

Fossem só essas pesquisas, a Embrapa já teria feito muito pelo país, mas o seu desenvolvimento excepcional traz, no seu bojo, um retorno social de grande valor, quer seja pelos empregos que gera, quer seja pelos benefícios que a sociedade pode dele auferir. A sociedade em geral pode não saber muito bem como ela usufrui de todos esses ganhos, mas o produtor rural e os técnicos em agricultura, em pecuária, em biologia, em nutrição, em administração e em economia sabem-no de sobra. E o Governo também.

Apesar de todos esses feitos, duas coisas incomodam-me na Embrapa. O salário dos servidores e as suas condições de trabalho. Sei que não é culpa dos funcionários nem da diretoria. O governo diria que não é culpa dele também. São contingências da situação financeira do país, que o obriga a manter os salários baixos como forma de controlar os gastos públicos.

É de se lamentar que, para isso, seja preciso manter salários defasados como estão atualmente os dos servidores da Embrapa. É preciso que o Governo trace prioridades intelectuais também. Essas pessoas têm de ser valorizadas e não será com loas e fogos de artifício que a Embrapa continuará caminhando nessa trilha invejável que ela traçou até aqui. Muito além disso, é preciso que seus cientistas, mas também todos os seus outros servidores, sejam reconhecidamente remunerados com um salário justo e real.

Falei também nas condições de trabalho. Há casos de real limitação financeira para a Embrapa e até de precariedade para que ela dê prosseguimento a seus projetos. Em diversas situações, alguns desses projetos não podem ser executados integralmente dados os cortes de recursos ou a sua não liberação oportuna. Projetos de pesquisa, pelas suas próprias características, não podem sofrer solução de continuidade, sob pena de comprometer todo o trabalho realizado até então. Principalmente as pesquisas agropecuárias, que, além disso, estão condicionadas aos ciclos da natureza. Essa situação deve merecer do Governo um trato mais adequado e definitivo. Da forma como está, a Embrapa, quase sempre, é forçada a trabalhar com material obsoleto, ou adaptado, com os quais ela não faz só pesquisas, mas milagres, às vezes.

Temos, então, de lutar para que o trabalho da Embrapa seja valorizado e incentivado. Esse incentivo e essa valorização passam obrigatoriamente pelas dotações que lhe forem destinadas no Orçamento Geral da União, que o Governo propõe e o Congresso Nacional revisa e aprova. Passam também pelo fiel cumprimento do orçamento aprovado e ainda pela liberação oportuna dos recursos.

Sem querer lhes tomar mais o tempo, desejo felicitar, na pessoa do Doutor Alberto Duque Portugal, presidente da Embrapa, e na de seus diretores, felicitar, repito, a todos os servidores dessa valiosa empresa, tanto os pesquisadores quanto os técnicos e os de assessoria; os de apoio e os administrativos. E quero deixar aqui, juntamente com as minhas congratulações, meus votos de continuado e brilhante trabalho, e de luta por dias melhores, para que o Brasil continue recebendo a grande contribuição científica dessa empresa, e dela continue a se orgulhar.

Se a Embrapa recebe hoje aqui toda essa homenagem a que, sem dúvida, faz jus, isso significa que ela tem desta Casa, bem como do Congresso Nacional, todo o apoio de que precisar, pois nos julgamos devedores desse compromisso com essa empresa se quisermos valorizar a pesquisa agropecuária, resguardar os nossos recursos naturais e o meio ambiente, fortalecer a nossa agropecuária e o nosso homem do campo.

Muito obrigado."  

Tema: A Embrapa 

Mais informações sobre o tema
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