Implicações éticas e de biossegurança e o cenário dos organismos geneticamente modificados (OGMs) no mercado mundial é a discussão que vai permear a mesa redonda Possíveis Impactos Econômicos, Ecológicos e Sociais dos Novos OGMS tema de destaque na programação de hoje, dia 6, do II Congresso Brasileiro de Soja, promovido pela Embrapa, em Foz do Iguaçu, PR, de 3 a 6 de junho. Além da mesa redonda, a conferência de encerramento do Congresso vai abordar quais são os Novos OGMs no futuro da Agricultura, tema que vai ser debatido pelo professor da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, Maarten J. Chrispeels.

Segundo ele, a comunidade científica mundial vem fazendo pesquisas com as plantas sentinelas, capazes de sinalizar problemas, como, por exemplo, quando ocorre algum tipo de estresse no ambiente por falta de água, deficiência de nitrogênio, ou incidência de doenças. Além disso, outras pesquisas em andamento estão relacionadas ao desenvolvimento de cultivares tolerantes a herbicidas, resistentes a insetos, e até mesmo com alto teor de ácido oléico, o que poderá garantir melhor qualidade nutricional ao óleo de soja. "Esse óleo apresenta características parecidas com as do óleo de oliva", exemplifica.

Chrispeels destaca também as pesquisas avançadas que pretendem inativar uma proteína da soja capaz de provocar alergias. Hoje 5% das crianças e 2% dos adultos apresentam alergias a essa proteína. "Também existem vários estudos tentando introduzir anticorpos em leite de mamíferos, que poderão funcionar como vacina para várias doenças, mas muitas dessas pesquisas são mantidas em sigilo até por competição comercial", justifica.

Para o pesquisador a produção mundial de grãos precisa dobrar até 2050 para atender a demanda da população e para isso ele vislumbra dois caminhos: a utilização dos OGMs e de tecnologias agrícolas capazes de manter a sustentabilidade do planeta. "A humanidade não pode prescindir da biotecnologia, mas ela não vai resolver todos problemas, por isso defendo a utilização de práticas agrícolas de proteção ambiental, manejo adequado das culturas, assim como definição de políticas agrícolas internacionais", enfatiza.

Público aprova temas paralelos

Os participantes do II CBSoja aprovaram a realização de eventos paralelos para tratar de temas específicos das áreas de doenças de soja, transferência de tecnologia e alimentação animal. As discussões reuniram um bom público, possibilitando o debate e interação entre palestrantes e congressistas. "A parte prática foi muito palpável, pois mostrou como se faz e os resultados obtidos. Esse tipo de evento possibilita "um link" direto com a realidade", afirma a técnica do Ibama, Sonja Righette, ao sair do debate "Transferência de tecnologia para produção de soja: conquistas e desafios".

Os participantes conheceram experiências de diferentes cooperativas na transferência de tecnologias. Foram mostrados exemplos da importância de grandes eventos técnicos, conhecidos também por shows tecnológicos, o modelo de transferência de tecnologia de produção orgânica, o papel das estações experimentais privadas e destacado o novo papel do agrônomo na transferência de tecnologia, segundo o modelo Treino&Visita, entre outros assuntos.

Para o produtor Frank Manossi, que tem propriedade na Bolívia, o tema Ferrugem da Soja foi o grande destaque do Congresso. "Havia poucas informações sobre a doença o que causava confusão no diagnóstico. As palestras mostraram como ocorre a disseminação e apresentaram as perspectivas de desenvolvimento de cultivares tolerantes", avalia. As palestras sobre ferrugem da soja foram as que tiveram maior número de público.

A soja na alimentação animal foi outro destaque. Foram abordados a utilização do grão e de seus subprodutos na alimentação de suínos e de gado de corte, o uso do farelo, da casca e da soja, como forragem para alimentação de animais. A soja na dieta de bezerros e vacas em lactação também foi destaque.

Assessoria do II Congresso Brasileiro de Soja Jornalista: Lebna Landgraf (MTb 2903) e Carina Gomes (43) 9995-7817 Telefone: (45) 522-2312/ 573-4269 E-mail: lebna@cnpso.embrapa.br