Produtores de banana do tipo 'Terra', mais conhecida como "plátano", estão enfrentando um sério problema na região polarizada pelo município baiano de Wenceslau Guimarães. É o ataque da broca da bananeira, um inseto que se instala no rizoma das plantas, podendo causar a perda total da produção. Para tentar resolver a situação, a Embrapa Mandioca e Fruticultura está repassando técnicas de controle da praga através do uso de armadilhas biológicas. Os pesquisadores estão ensinando aos agricultores o uso de feromônios, uma essência que atrai os insetos.

Umas dessas ações ocorreu no final de abril, quando a empresa promoveu, juntamente com a prefeitura local, um dia-de-campo específico para o cultivo da bananeira 'Terra', destinado a cerca de 60 produtores. A Embrapa instalou experimentos de "plátano" no distrito de Pedra do Sino para detectar as causas de uma anomalia conhecida na região como "Amarelão". "Esse problema começou a aparecer em 1997. A planta começa a morrer logo após a emissão do pendão", conta Joilson Costa Souza, presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais daquele distrito.

A região é a maior produtora desse tipo de banana na Bahia, que começou a ganhar espaço há cerca de 15 anos, quando os cacauicultores foram obrigados a realizar uma diversificação de culturas, principalmente por causa da crise instalada pela vassoura-de-bruxa nas roças de cacau. "A banana 'Terra' ocupa cerca de 150 hectares no município e foi escolhida pelos plantadores de cacau, principalmente pelo seu rendimento e pelo alto retorno que proporciona", comenta o pesquisador Marcelo Bezerra, da equipe multidisciplinar da Embrapa que está dando assistência aos produtores da região.

Os agricultores contam que, com a atuação da Embrapa Mandioca e Fruticultura na área, o poder público municipal passou a dar mais atenção às associações de pequenos produtores, cedendo tratores e dando apoio técnico e logístico, a exemplo do programa de qualificação de mão-de-obra, voltado para diversas culturas, principalmente banana.

Equilíbrio ambiental - A interação com os pesquisadores fez modificar também a relação dos agricultores com o ambiente. Instalados em meio a uma exuberante região de resquício de Mata Atlântica, os cultivos de "plátano" passaram a ocupar gradativamente áreas degradadas, onde a floresta havia sido derrubada para a extração de madeira e, posteriormente, para o cultivo do cacau. "Antigamente o pessoal derrubava a mata para plantar banana, mas agora já se tem consciência que pode plantar nas terras degradadas, que produz do mesmo jeito", conta Joilson.

Os agricultores descobriram que o cultivo da banana pode colaborar na recuperação das terras exploradas pela cacauicultura. "Com a banana, o solo passa a receber um grande volume de matéria vegetal, que se incorpora novamente à terra, recompondo as características favoráveis a um plantio mais intensivo", esclarece Bezerra.

Mais rentável, o cultivo da banana 'Terra' tem oferecido, na região, uma renda bruta de cerca de R$ 5 mil por hectare plantado. No Baixo Sul, a maioria dos agricultores que explora a bananicultura possui apenas um hectare plantado com "plátano". "Esse cultivo exige do agricultor uma maior atenção e tratos culturais mais exigentes, como o uso do escoramento das plantas, por causa do peso elevado dos cachos", ressalta o pesquisador. Na região, o escoramento costuma ser feito com bambu, que é trazido para os pomares de uma distância mínima de nove quilômetros.

A banana 'Terra' de Wenceslau Guimarães tem mercado certo, tanto na Bahia, quanto para outros Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Dentro do Estado, os principais pontos de escoamento do produto são os municípios de Brejões, Jaguaquara, Jequié, Vitória da Conquista, Itiruçu, Feira de Santana e Salvador.

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