Agricultores da principal região produtora de abacaxi de Sergipe, polarizada pelos municípios de Aquidabã e Graccho Cardoso, no semi-árido do Estado, estão conseguindo diminuir significativamente a incidência da fusariose com a adoção de recomendações técnicas dadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Nos últimos anos, os produtores tiveram perdas consideráveis de produção, comprometendo a lucratividade da cultura, principalmente por causa da fusariose, doença que tem-se revelado bastante prejudicial à cultura na região, chegando a causar, em algumas áreas de plantio, perdas entre 70% e 100% dos frutos produzidos, que se tornam imprestáveis para a comercialização.

Para melhorar a eficiência dos sistemas de produção de abacaxi, a Secretaria da Agricultura de Sergipe e a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário do Estado de Sergipe (Emdagro), em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA), iniciaram há dois anos um trabalho de pesquisa participativa com os pequenos produtores da região. "Uma das etapas mais importantes do trabalho tem sido a condução de unidades de observação e validação de tecnologias, que têm o controle da fusariose como o foco principal", diz o pesquisador Luiz Francisco da Silva Souza. O trabalho de pesquisa tem o financiamento do Programa Pró-Sertão.

"Na avaliação dos primeiros resultados, no final de 2001, verificamos que as perdas de frutos, devido à incidência de fusariose, variaram entre 18% e 22%, percentuais que precisam ainda ser reduzidos, mas que já refletem um significativo avanço no controle da doença na região", detalha o pesquisador José Renato Santos Cabral.

O produtor Cleôncio Joaquim Aragão diz que depois que passou a conduzir o seu plantio, seguindo as orientações passadas pelos técnicos da Embrapa, a incidência de fusariose nos frutos ficou em torno de 5%. "Com isso, consegui, na área colhida, uma receita bruta que foi o dobro do custo de produção, num ciclo de 16 meses entre o plantio e a colheita", detalha Aragão, que também é técnico agrícola e agente de desenvolvimento comunitário.

Os trabalhos tiveram continuidade com a instalação, no mês passado, de mais três novas unidades de pesquisa participativa, visando avaliar o efeito de diferentes densidades de plantio, resposta à adubação e o comportamento de híbridos resistentes à fusariose.

Esse modelo de pesquisa tem a vantagem de envolver os produtores da região, técnicos da Emdagro e do Pró-Sertão e pesquisadores da Embrapa, dando maior agilidade ao processo de adoção das inovações. Em junho, mais um treinamento teórico-prático será oferecido para os produtores. A abacaxicultura tem sido uma alternativa para a agricultura regional, tradicionalmente voltada para os cultivos da mandioca, milho e feijão. "Estes primeiros dados indicam que resultados bem expressivos podem ser esperados dessa parceria entre o Governo do Estado de Sergipe e a Embrapa, em favor dos abacaxicultores sergipanos", analisa Luiz Francisco.

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