01/05/02 |

México busca experiência brasileira contra doença dos citros

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A citricultura mexicana começa a enfrentar um problema que, no Brasil, causou grandes prejuízos há mais de meio século. Conhecida como Tristeza dos Citros, a doença pode inviabilizar o cultivo nos pomares comerciais que utilizam a laranja azeda como porta-enxerto.

A doença é causada pelo vírus da tristeza dos citros (citrus tristeza vírus - CTV), uma das espécies do gênero closterovírus. "A combinação laranja doce/laranja azeda é suscetível ao vírus, sendo que na década de 30 a Tristeza provocou a perda de aproximadamente 9 milhões de plantas cítricas no Brasil", diz Hermes Peixoto Santos Filhos, fitopatologista da Embrapa Mandioca e Fruticultura, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A contaminação da planta acontece geralmente através de um inseto, conhecido no Brasil como pulgão preto (Toxoptera citricidus Kirk). "Os sintomas mais comuns são folhas descoloridas, bronzeadas, quebradiças, amarelecimento da nervura principal, ou amarelecimento total das folhas velhas, declínio rápido da planta, seca dos galhos a partir das extremidades, necrose dos tubos crivados da laranja Azeda, podridão das radicelas e morte da planta em alguns casos", explica Peixoto.

No México, 90% dos porta-enxertos são de laranja Azeda. Segundo Sebastian Acosta Nuñez, do Instituto Nacional de Pesquisas Florestais, Agrícolas e Pecuárias, o país possui, hoje, cerca de 110 milhões de árvores cítricas. "A substituição por porta-enxertos resistentes deverá se dar à medida que novos pomares forem sendo implantados", diz o pesquisador mexicano, que prevê a substituição nos próximos anos de 40 milhões de laranjeiras.

Nuñes compôs uma missão de técnicos e produtores de sete pessoas, da província de Tamaulipas, que visitou as principais regiões citrícolas brasileiras no início do mês. O grupo esteve no centro de pesquisa da Embrapa na Bahia, onde manteve contato com especialistas na cultura. "Aqui no Brasil, para conviver com o problema tivemos que substituir os porta-enxertos e hoje a citricultura brasileira está toda montada em cavalos de limão Cravo", explica o pesquisador Orlando Sampaio Passos, responsável pela vinda da missão mexicana ao Brasil.

Além de identificar porta-enxertos resistentes à Tristeza, como o limão Cravo, a Embrapa Mandioca e Fruticultura desenvolveu uma espécie de vacina para combater o problema. "No caso da laranja pêra, limão galego e pomelos, utilizamos a preimunização, que consiste na inoculação prévia de um isolado pouco virulento do vírus em plantas sadias obtidas por microenxertia ou sementes nucelares de clones de interesse. Essa inoculação prévia, com uma estirpe do vírus menos agressiva, confere proteção à infecção por isolados mais virulentos em condições de campo", diz Hermes Peixoto.

No Brasil, dois clones de laranja pêra preimunizados são utilizados com sucesso no controle da doença: a laranja pêra CNPMF-D6, selecionado pela Embrapa para a citricultura do Norte e Nordeste do país; e a pêra preimunizada, selecionada pelo Instituto Agronômico de Campinas para a utilização na região centro-Sul. "Em 1987, o Estado de São Paulo, maior parque citrícola do Brasil, possuía mais de 50 milhões de plantas de laranja pêra preimunizadas, atestando o sucesso do método", ressalta o pesquisador.

As primeiras manifestações da Tristeza no México foram registradas em Yucatan, uma das 23 províncias produtoras de citros do país, que possui cerca de 520 mil hectares plantados com a cultura. "Quase 90% da nossa produção destina-se ao consumo interno de frutos in natura. O restante vai para a indústria de suco", detalha o engenheiro agrônomo Juan Jose Rodrigues Flores, da Fundação Produce Tamaulipas, situada na região Noroeste do país.

Uma peculiaridade da citricultura mexicana é ser totalmente irrigada, seja pelo sistema de inundação, seja por gotejamento. Um pequeno percentual de exportação se destina basicamente a alguns países europeus, principalmente a Holanda. Nos períodos de melhor preço, a tonelada da fruta fresca pode ser comercializada por até US$110,00.

A safra mexicana se estende de outubro a junho, sendo que a variedade Valencia, laranja de mesa mais consumida, concentra sua produção apenas de março a junho. Cerca de 25 mil citricultores dividem o mercado mexicano, sendo que desses, 17 mil são de pequenos produtores com menos de 8 hectares. Os produtores de porte mais elevado dispõem, em média, de 60 hectares.

Dalmo Oliveira - MTb/PB N.º 0598 Telefone p/ contato: (75) 621.8037 Fax (75) 621.1118 Email: dalmo@cnpmf.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas 

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