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Centro de pesquisa informa sobre métodos de controle de inseto

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Um besouro de cor preta, medindo de 4 a 6 cm de comprimento e 1,5 a 1,8 cm de largura ameaça de forma muito séria os coqueirais instalados em 6 mil ha do Submédio do Vale do São Francisco. O alerta é do pesquisador José Adalberto Alencar, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para quem é preciso agilizar a mobilização dos produtores, técnicos e agentes de defesa fitossanitária no combate àquele inseto que foi detectado na região apenas no primeiro trimestre de 2002.

O besouro, conhecido como broca-do-olho do coqueiro. causa danos que podem evoluir com muita rapidez da redução de produtividade para a morte das plantas. Esse inseto, de maneira geral, ataca penetrando o meristema do coqueiro, que é um tecido localizado no centro da parte apical da planta em produção. O ataque compromete o desenvolvimento do coqueiro e pode levá-lo à morte.

Mais grave ainda é quando o besouro transmite um nematóide (Bursaphilencus cocophilus) para a planta que causa a doença conhecida como anel-vermelho-do-coqueiro. O sintoma dessa doença é o contínuo amarelecimento das folhas. Mas como outros problemas fitossanitários e nutricionais também se manifestam dessa forma, a presença do nematóide pode ficar camuflada. A orientação técnica para identificá-lo é fazer um corte transversal em parte do caule (estipe) do coqueiro: a doença é anunciada pela existência de um anel de cor vermelha em todo o perímetro do corte. Segundo o pesquisador da Embrapa Semi-Árido, Adalberto Alencar, se for confirmada a doença, a única opção do produtor que quer manter a sanidade do pomar é cortar a planta infectada e queimá-la.

Momento ideal para agir

A broca-do-olho-do-coqueiro está presente em todas as áreas de produção dessa fruta no país. A única exceção até pouco tempo era o Polo de Juazeiro/Petrolina. Aqui, no entanto, as condições climáticas, especialmente a baixa umidade relativa do ar e a escassez de alternativas de plantas hospedeiras são fatores desfavoráveis à multiplicação do inseto na região. São, portanto, importantes aliados dos produtores de coco e dos agentes de defesa fitossanitária que precisam agir com rapidez. Adalberto Alencar não tem dúvida em apontar essa praga como a de maior importância econômica na cultura do coqueiro.

No Submédio São Francisco estima-se que a praga já esteja disseminada por todos ou quase todos os perímetros irrigados. É certo, porém, que a população do inseto encontra-se em nível ainda baixo, se comparado com os altos índices de infestação presentes em coqueirais cultivados na região litorânea do Brasil. Para Adalberto Alencar, se houver, agora, um grande trabalho de conscientização dos produtores acerca da praga e da adoção imediata das formas de controle, o inseto poderá vir a ser erradicado ou suprimido já no início da sua ocorrência.

Pouquíssimos produtores têm conhecimento sobre essa praga. Se já observaram a infestação nos seus coqueirais, tratam-na como algo corriqueiro, sem imaginar o risco que corre as plantas nas suas propriedades, muito menos as perdas financeiras, garante ele. Há, contudo, métodos de controle do besouro que precisam ser demonstradas e informadas aos produtores. São basicamente dois métodos de controle: o cultural e aquele feito pelo comportamento da praga com o uso de armadilhas.

Armadilhas com substâncias atrativas

O controle cultural consiste na eliminação e queima de palmeiras nativas com sintomas da doença do anel vermelho nas proximidades das áreas de cultivo comercial de coco. Recomenda-se, também, a queima de plantas de coco que não estejam fazendo parte do stand de plantas em produção na área cultivada. Essas plantas, explica o pesquisador, são a principal fonte de disseminação do inseto. Da mesma forma, atuam como hospedeiros alternativos do nematóide causador do anel-vermelho.

Adalberto recomenda que as plantas da área de cultivo comercial onde tenham sido detectados os sintomas do anel-vermelho sejam erradicadas. Outro cuidado importante que o produtor de coco deverá considerar no manejo da broca-do-olho-do-coqueiro é quanto ao corte e retirada de folhas, pois, estas deverão estar secas ou bem amadurecidas, visto que o corte de folhas verdes proporciona maior liberação de substâncias atrativas ao inseto.

O controle pelo comportamento é feito com o uso de uma armadilha confeccionada com um balde de plástico com tampa reta ou levemente côncava e capacidade para 50 e até 100 litros. Na tampa do balde devem ser abertos 3 ou 4 furos de aproximadamente 6 cm de diâmetro equidistantes entre si. Em cada furo coloca-se um funil: a extremidade mais aberta é presa nas bordas do furo. No interior do balde devem ser colocados 30 a 40 toletes de cana-de-açúcar amassados, para maior rapidez no processo de fermentação da cana. Ainda sob a tampa do balde deve ser pendurado o feromônio de agregação Bio Rhynchophorus. Esta substância sintetizada é atrativa para o inseto e é comercializada no mercado.

Mobilização coletiva

O feromônio colocado individualmente apresenta baixa capacidade de atração do inseto. Associado à cana-de-açúcar, porém, ocorre um aumento significativo na captura da broca do olho. Os baldes deverão ser colocados nas fileiras da bordadura da área. É recomendado pelo menos uma armadilha para cada dois hectares plantados. De 15 em 15 dias os toletes de cana devem ser trocados, enquanto o feromônio permanece por até 45 dias. Os insetos coletados devem ser retirados do balde e mortos manualmente.

A utilização de armadilhas para captura do inseto deve ser uma iniciativa coletiva de todos os produtores de coco da região. Para Adalberto Alencar, de nada adiantará apenas uma parte, ou mesmo uma grande parte dos produtores adotarem as medidas de controle. As propriedades que deixarem de usá-las serão o refúgio do besouro e fonte de disseminação da praga para áreas vizinhas.

A Embrapa Semi-Árido, preocupada com as conseqüências danosas que a broca-do-olho-do-coqueiro poderá acarretar aos coqueirais do Submédio do Vale do São Francisco, convoca todos os produtores para colocarem armadilhas de captura desse inseto, assim como se coloca a disposição de todos os produtores para orientar no que for possível.

Mais informações: José Adalberto Alencar - Embrapa Semi-Árido tel: 87 3862 1711 r 219 Endereço eletrônico: alencar@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Lourenço Ribeiro Neto Embrapa Semi-Árido tel: 87 3862 1711 r 234 Endereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Matérias Primas\Côco 

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