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Balanço da safra de soja é apresentado em Reunião de Pesquisa

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Durante a XXIV Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, que ocorreu de 13 a 15 a agosto, em São Pedro, SP, foram apresentados pontos positivos e negativos sobre a evolução da safra de soja em todos os estados produtores. Da safra 2000/2001 para a última safra, a área plantada subiu de 13 para 14,5 milhões de hectares. A produção da soja brasileira saltou de 37 para 41 milhões de toneladas.

Segundo o presidente da Reunião, Gil Câmara, professor da Usp/Esalq, vários fatores contribuíram para o incremento da área e da produtividade de soja no Brasil. "Entre os pontos positivos, destaco o aumento da área cultivada em sistema de plantio direto, a ampliação no número de tecnologias disponíveis, o incremento no sistema de transferência de tecnologias, principalmente nas regiões tradicionais, e a melhoria na capacidade gerencial dos produtores", considera Câmara.

De acordo com a avaliação do professor, um dos problemas da última safra foi a falta de água em dois momentos críticos: "no início da semeadura atrasando esta e do meio para o final do ciclo, prejudicando a granação das vagens. A falta de chuva nesse período afetou ainda a qualidade das sementes", diz.Câmara afirma que outro problema foi a dificuldade de formação de palha durante a safrinha, o que prejudicou a formação de cobertura necessária para o estabelecimento adequado do plantio direto.

Quanto aos problemas biológicos, mais uma vez as doenças de final de ciclo, os nematóides e a podridão vermelha da raiz foram os mais comuns. O destaque foi o surgimento da ferrugem asiática da soja e do vírus da necrose da haste, temas de palestras durante o evento. Além disso, a negligência no manejo integrado de pragas favoreceu, em algumas regiões, o crescimento nos níveis de danos causados pelos percevejos sugadores.

Especificamente, nas regiões Centro-Oeste e Norte do País foi apontado como ponto negativo a deficiência de locais adequados para armazenamento da safra."Por esse motivo o produtor teve que vender a safra antecipadamente, nem sempre com o melhor preço".

Paraná - No Paraná a área cultivada e a produção de soja aumentaram em 17,3% e 9,8%, respectivamente. Mesmo havendo diminuição de 6,4% na produtividade da cultura, o rendimento foi maior que a média histórica. O extensionista da Emater-PR, Fernando Adegas, apontou como problema da última safra, as dificuldades climáticas e a diminuição da área de milho no verão, importante para o sistema de rotação de culturas.

São Paulo - Em São Paulo, a infraestrutura foi favorável para o escoamento de grãos, mas também foram positivos: a crescente adoção de tratamento de sementes e do plantio direto. No entanto, a correção inadequada do solo e a menor utilização de inoculação afetaram negativamente a safra.

Mato Grosso - No Mato Grosso, a área plantada aumentou em quase 20%, atingindo os 3.800 milhões de hectares. A produtividade foi de 3 mil Kg/ha, mantendo a posição do estado de maior produtor de soja. Segundo Camilo Plácido Vieira, da Embrapa, a disponibilidade de tecnologias, a boa demanda do mercado por soja e a organização do complexo produtivo no estado são peças chaves do sucesso da soja no estado. "O que ainda dificulta a safra é o custo Brasil (custo portuário, carga tributária, entre outros), mesmo assim existe possibilidade de expansão da área com soja", estima.

Rondônia - Apesar da alta produtividade da soja no estado e da facilidade de escoamento pelo corredor de exportação que leva ao Porto de Itacoatiara, a última safra de Rondônia teve como características negativas a inexistência de local para armazenamento da safra e a baixa industrialização do produto.

Goiás - Na safra 2001/2002 de Goiás foi positiva na disponibilidade de cultivares resistentes ao cancro da haste e às raças 1 e 3 de nematóide de cisto, assim como na boa infra-estrutura das rodovias e estradas rurais. Por outro lado, detectou-se a não utilização do manejo integrado de pragas, o que levou o produtor a aplicar mais inseticidas no controle de lagartas e percevejos das vagens.

Minas Gerais - Em Minas Gerais, o extensionista da Emater-MG, José Rodrigues Vieira disse que houve redução de perdas durante a colheita, de 72 kg/ha para 60 kg/ha. A disponibilidade de linhas de crédito para investimento e a facilidade de escoamento da produção foram apontados como positivos. "Por outro lado, observamos consumo excessivo de herbicidas no sistema de semeadura direta e aumento de resistência de ervas daninhas a herbicidas no processo de plantio", considerou

Mato Grosso do Sul - No Mato Grosso do Sul, destacou-se como pontos fortes da última safra a utilização do pacote tecnológico, bem como a facilidade de escoamento e de armazenamento da safra. "As empresas de pesquisa têm contribuído muito para a melhoria nos índices de produtividade, através de linhas específicas de pesquisa", explica o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Euclides Maranho.

O pesquisador aponta como negativa a baixa capacidade de industrialização da soja, porque a maior parte da produção do estado foi exportada em grãos. "Além disso, a indústria instalada realiza apenas o refino do óleo e a produção de subprodutos é feita em outros estados", avalia.

Distrito Federal - Segundo Plínio Itamar de Melo, a última safra de soja foi bastante positiva no distrito federal , tendo um aumento de 43% na produção e na produtividade, apesar da ocorrência de algumas doenças.

Bahia - Na Bahia, houve queda na produtividade, devido a problemas climáticos. Na última safra, os produtores utilizaram mais racionalmente as máquinas e os implementos agrícolas. Além disso, foi positivo o plantio em curvas de nível e o aumento no plantio de algodão, alternativa para rotação de culturas. "No entanto, alguns pontos dificultaram a safra, como o escoamento da produção, o crédito era limitado e o valor para investimento elevado", disse Ana Cláudia Barneche de Oliviera, da Embrapa Soja.

MA, PI e TO - No Maranhão, Piauí, Tocantins houve facilidade de financiamento para correção do solo e custeio da safra, assim como aumento de crédito e de limite de financiamento para armazenagem da safra. Entre os pontos negativos, observou-se infraestrutura de transporte inadequada e alto custo de produção, assim como plantio direto manejado incorretamente e falta de rotação de culturas.

Roraima - Em Roraima, o clima não afetou a safra, no entanto, os maiores problemas foram a baixa nodulação da soja, a qualidade variável do calcário e problemas na comercialização.

Lebna Landgraf (MTb 2903) Embrapa Soja Telefone: (43) 371-6061 E-mail: lebna@cnpso.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Soja 

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