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Em busca da Tommy quase perfeita

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Mais de 85% da manga exportada pelo Brasil é da variedade Tommy Atkins. De origem norte-americana, essa variedade teve boa adaptação ao ambiente semi-árido do Nordeste a ponto de alcançar produtividade de 40 t/ha, uma das mais elevadas em todo o planeta. O futuro, porém, acena com cenários que ameaçam a atual hegemonia dessa variedade nos circuitos de comercialização interno e externo, aos quais pesquisadores e produtores querem evitar. Na Embrapa Semi-Árido (Petrolina/PE), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada oa Ministério da Agricultura, Peucária e Abastecimento, está instalado o primeiro projeto de pesquisa para tornar a Tommy Atkins uma variedade quase perfeita aos olhos e sabor de um mercado em mudança.

Segundo o pesquisador João Gomes, da Embrapa Semi-Árido, a Tommy Atkins tem características que são essenciais em qualquer fruta: produtividade, resistência ao transporte e uma coloração avermelhada que lhe dá um aspecto visual muito bom. Sua exposição em locais de venda, como gôndolas de supermercados, é capaz de levar os consumidores a comê-la com os olhos e carregar seus carrinhos com alguns quilogramas da fruta, rica em vitaminas, principalmente a 'A', além de sais minerais.

Boa aparência não é tudo - Esses, porém, não são os critérios exclusivos que estimulam a qualidade da variedade. Para João Gomes, há exigências específicas no atual mercado externo que precisam ser atendidas. Na sua opinião, de nada adiantará a colheita de um fruto de boa aparência se, para obtê-lo, fez-se necessário medidas que comprometem a sua qualidade torna-o prejudi-cial à saúde do consumidor.

Os principais problemas enfrentados pela Tommy Atkins estão associados à sua suscetibilidade a doenças e distúrbios fisiológicos que deterioram a polpa. A mal formação floral, por exemplo, é uma doença que causa grandes prejuízos à produção de manga. O colapso interno, por sua vez, é um distúrbio de causa desconhecida que se manifesta desintegrando e descolorindo a polpa, que perde sua consistência natural e torna o fruto imprestável para o consumo parcial ou totalmente. E por fim o sabor dos frutos da Tommy que é considerado apenas como regular.

Antecipando o futuro - O projeto para melhorar a variedade reúne pesquisadores das áreas de recursos genéticos e melhoramento de plantas da Embrapa Semi-Árido. No Campo Experimental de Mandacaru, eles instalaram um plantio com cerca de 700 mudas de mangueira, obtidas a partir de sementes resultantes do cruzamento da Tommy Atkins com outras variedades, tanto brasileiras quanto aquelas introduzidas ou estrangeiras. Outros cruzamentos serão realizados e novas mudas serão implantadas ao longo deste projeto.

Atualmente, cerca de 80% dos 13.500 ha de pomares comerciais de manga no Pólo de Irrigação de Juazeiro/Petrolina são cultivados com Tommy. No entanto, existem tendências de consumo aos quais a Tommy Atkins não satisfaz e que, no futuro, poderá vir a reduzir sua aceitação no mercado e à perda de competitividade do agronegócio brasileiro de manga, garante o pesquisador João Gomes da Costa, da Embrapa Semi-Árido.

O que os pesquisadores da Embrapa Semi-Árido querem atingir com o plantio inicial destas 700 mudas é o desenvolvimento de uma variedade de Tommy Atkins melhorada que mantenha suas qualidades atuais (produtividade, coloração, resistência ao manuseio e ao transporte) associada a outros atributos que os mercados já sinalizam desejar num período de tempo não muito longo. Para João Gomes, o objetivo é antecipar o futuro e começar já a criação de uma 'Tommy quase perfeita'.

Método Pioneiro - Neste trabalho será utilizado as técnicas clássicas do melhoramento genético associadas aquelas mais modernas como as pertencentes a biologia molecular. Com essas técnicas os pesquisadores envolvidos procurarão associar precisão com redução de custos no alcance do objetivo final.

O pesquisador porém, evita falar em prazo para estar com a Tommy quase sem de-feito. Ele apenas diz que o trabalho está apenas começando e realizando uma pesquisa necessária para a região. Novos tipos de manga como as desenvolvidas no México (Ataulfo), África do Sul (Heidi), Israel e Austrália poderão abrir novos mercados, aumentando a competitividade e criando dificuldades para os negócios com a Tommy no mercado internacio-nal, onde gera divisas da ordem de 35 milhões de dólares para o Brasil. Antecipar-se a esse cenário, criando uma nova variedade de 'Tommy' vai contribuir para a manga brasileira continuar competitiva no mercado internacional de frutas, em médio prazo.

Mais informações:

João Gomes - Pesquisador, Embrapa Semi-Árido - tel. 87 3862 1711 Endereço eletrônico: jgomes@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro Embrapa Semi-Árido tel. 87 3852 1711 Endereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br

 

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

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