Novo vírus na soja pode prejudicar lavouras
Novo vírus na soja pode prejudicar lavouras
Na palestra de abertura da XXIV Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, que começou dia 13, em São Pedro, SP, o pesquisador Álvaro de Almeida, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, apresentou informações sobre um novo vírus na soja, denominado de necrose de haste. Na última safra, o problema afetou lavouras na região de Barreiras (BA), e no Sudoeste de Goiás.
A necrose da haste provoca a queima e o entortamento do broto e as plantas ficam deformadas e anãs, podendo haver confusão com os sintomas causados pelo vírus da queima do broto. Como o próprio nome diz, necrose da haste com queima do broto é a característica principal da doença. As folhas das plantas anãs ficam afiladas, como na queima do broto original, mas apresentam bolhas.
Segundo Almeida, o produtor deve estar atento para identificar corretamente o problema e conhecer o histórico da região quanto a ocorrência da doença. "O reconhecimento dos sintomas da doença ajuda na escolha da cultivar resistente, porque o controle químico do inseto transmissor, a mosca branca, é muito difícil", explica o pesquisador da Embrapa Soja (Londrina/PR).
A Embrapa Soja conduziu vários estudos para avaliar a reação da maioria das cultivares de soja recomendadas. A partir desse levantamento, foi possível indicar as cultivares resistentes ao vírus para várias regiões produtoras. A infecção de soja por esse vírus foi identificada pela primeira vez, em 1973, na África. Dez anos depois, um vírus similar foi detectado no Brasil, infectando o feijão. "No entanto, esse vírus não causava o mesmo dano à soja do que o encontrado em Goiás e na Bahia. Uma dúvida persiste, se o atual vírus é ou não oriundo de uma mutação do vírus do feijão", indaga o pesquisador.
Pertencente ao grupo de carlavírus, o vírus ataca a soja prejudicando seu crescimento e causando a morte da planta. A Embrapa Soja utilizou métodos moleculares com o DNA do vírus para diagnosticar a doença. De acordo com as características de cada cultivar de soja, o vírus pode induzir ao nanismo e à deformação foliar ou mesmo provocar a necrose da haste e até matar a planta. "Como tudo ainda é muito novo, não foi possível levantar números, mas sabemos que o ataque do vírus causa sérios prejuízos econômicos", diz o pesquisador.
O carlavírus é facilmente transmitido por mosca branca, inseto de ocorrência generalizada em lavouras de soja e outras espécies. A mosca branca voa a grandes distâncias e se multiplica com facilidade, o que pode ampliar a disseminação da doença. "Considero preocupante a presença desse vírus no Brasil, porque onde foi detectado causou sérios prejuízos nas lavouras", avalia Almeida.
Lebna Landgraf (MTb 2903) Embrapa Soja Telefone: (43) 371-6061/9994-2270 E-mail: lebna@cnpso.embrapa.br
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