O Valor Bruto da Produção (VPB) da agropecuária no primeiro quadrimestre de 2002 obteve um crescimento de 9,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A agricultura apresenta uma taxa mais expressiva (13,4%) enquanto o VPB dos produtos da pecuária cresceram 3,4%. Segundo dados da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), o leite foi o único produto da pecuária brasileira a apresentar queda no faturamento bruto nos primeiros quatro meses deste ano. O VPB caiu de R$ 6,7 bilhões, em 2001, para R$ 6,3 bilhões.

Em 2001, foram produzidos 20,85 bilhões de litros de leite. A expectativa para 2002 é que a produção chegue a 21,242 bilhões de litros. Apesar deste crescimento, o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite Duarte Vilela, diz que a queda do VPB ocorre devido à redução dos preços praticados ao produtor. "O pecuarista de leite é o elo mais fraco da cadeia produtiva e tem sido penalizado com a atual política de preços do setor", diz Vilela. Para tentar atenuar este problema, assembléias legislativas de vários Estados do País organizaram Comissões Parlamentares de Inquérito, averiguando aspectos da produção, distribuição e comercialização do produto.

Vilela acredita que o preço do leite só irá se estabilizar em patamares mais adequados ao produtor caso o Governo Federal incorpore o leite na Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM), com o Estado liberando recursos (Empréstimo do Governo Federal/EGF) para o setor. Outra forma de garantir a estabilidade dos preços é aumentando o consumo interno (o consumo de leite no Brasil está abaixo dos índices preconizados pela Organização Mundial de Saúde) e incentivando a exportação. "O Governo Federal pode ser decisivo no aumento do consumo, introduzindo o leite em políticas sociais como a merenda escolar", afirma Vilela. Para atingir o mercado externo, várias indústrias estão formando uma trainding que pretende exportar o equivalente a um bilhão de litros de leite e derivados no próximos anos.